Autoconhecimento Comportamento

Será que eu existo porque penso ou penso porque existo?

Homem com ponto de interrogação na testa olhando
Escrito por Marisa Pretti

“Penso, logo existo” é uma frase icônica dita pelo filósofo francês René Descartes, que marcou a visão do movimento iluminista, colocando a razão humana como única forma de existência.

A liberdade de expressão nunca esteve tão escancarada, e ao mesmo tempo o dedo alheio continua apontado na minha e na sua cara por causa desse livre pensar.

As pessoas sentem-se encorajadas a opinar, seja na esfera política, religiosa, sociocultural, mas a intolerância continua separando cada um de nós em bolhas com rótulos, mesmo assim, podemos enxergar o outro em transparência como um semelhante em estágio diferente de evolução.

Jamais eu diria menor e também não arriscaria dizer melhor que o meu.

Eu que penso muito tenho grande dificuldade para não soltar a língua quando creio estar certa. Saio na frente do bando, levantando bandeirolas, dando piruetas, exultante como uma líder de torcida, cheia de razão.

E faço isso mais pelos que não têm voz do que por mim.

Algumas tantas vezes sou incentivada por pessoas que pensam como eu, mas por precaução preferem não se manifestar.

Limitam-se a dar saltinhos discretos e batem algumas palmas. Mas logo retrocedem quando são observadas na sua fala.

Então eu ouço os passos leves atrás de mim e percebo que sirvo de escudo para avançarem sem serem percebidos.

E lá vou eu novamente abrindo o jogo, mostrando minhas cartas sem blefar, porque acredito na livre expressão do ser.

Mão com cartas de baralho

Manfred Vogel – Unsplash

E em algumas situações, não nego, acabo me retraindo pelo mesmo receio de ser julgada.

Se você verbalizar sobre tudo o que pensa, esteja seguro da possibilidade de não receber os esperados aplausos. E seja forte para lidar com isso.

O pensamento livre na sua origem, depois de lançado à apreciação de todos, se submete à crítica alheia.

Somos bombardeados por pensamentos, nossos e coletivos.

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Pensamentos são disparados nas mídias sociais, viram verdades ou mentiras em textões ou frases rápidas de efeito.

São enxurradas de palavras ditas ou escritas, de fontes conhecidas, desconhecidas ou ocultas. As ocultas, provavelmente, pela covardia do próprio autor.

Como velozes mensageiros de luz ou lentas cortinas de fumaça, alcançam distâncias imensuráveis.

E eu livre pensante digo mais: voltam em ondas invisíveis até a fonte que as emite, em consonância com a intenção do sujeito, no ponto de partida.

É da lei universal: pensamento lançado, cuidado! O objetivo pode ser alcançado.

E ai de nós, inocentes, se em um momento de desatenção nos deixarmos atingir paralisados por esse emaranhado de ideias que não são nossas, por pensamentos de outros, caprichosamente formatados sem a preocupação dos efeitos que podem causar em cabeças menos pensantes.

Julgamentos, conselhos, dicas furadas, boas orientações, discursos de ódio e amor, somos bombardeados por uma legião de pensadores que travam batalhas sobre ideias e ideais.

Defendem posições como se delas dependesse a própria existência, mas nem sempre respeitam a diversidade de opiniões e o diferente.

Pensar e livremente se expressar é a garantia maior que temos do nosso valor humano.

Consta na Declaração Universal dos Direitos Humanos e está bem claro: é um direito pensar!

Menina apoiada na janela

Me diga lá, sinceramente: mesmo tendo direito, quantos pensamentos indignos já tivemos? Tortos e feios. Poucos não foram!

Os meus procuro tirar da cabeça mudando o foco de atenção.

E também aprendi uma coisa bem bacana com uma psicóloga, na época em que tive síndrome do pânico: escreva seus piores pensamentos, cada um em um pequeno papel, dobre-os e coloque-os no bolso da calça ou na bolsa.

Fiz. Coloquei na bolsa porque estava de saia. Ou coloquei no bolso porque estava sem bolsa? Enfim.

Parece bobo, ela me disse, mas veja agora onde eles estão, dobradinhos, guardados e não mais na sua cabeça.

Ainda uso essa técnica quando meu cérebro começa a liquidificar!

Fica ao livre arbítrio de cada um fazer uma faxina mental e também entender que pensamentos são pensamentos, não necessariamente serão fatos.

E para finalizar tanto #pensamentomeu olha lá na Declaração Universal dos Direitos Humanos, no artigo XVIII: “Todas as pessoas têm direito à liberdade de pensamento, consciência e religião”. O que é diferente da Liberdade de Expressão.

Agora que o meu pensamento foi lançado, você tem toda liberdade para colocar nos comentários o que pensa!

Abraços acessíveis!

Sobre o autor

Marisa Pretti

Amigo leitor...

Caro leitor...

Querido leitor...

Prefiro chamar você de Passageiro leitor.

Afinal, você está aqui de passagem como eu. Caminhando nesta Terra cheia de buracos e tanta água que haja braços fortes e pernas ligeiras para não se afogar.

Viver, a começar pelo ato de nascer, é para quem tem pacto fechado com a teimosia. O ar inflando os pulmões e o primeiro choro para que ninguém se engane: não estamos aqui só para sorrir, mas principalmente. Sim!

Sou mãe por vocação. Atriz por formação. Entusiasta por opção. Audiodescritora por paixão e profissão desde 2010.

Minha profissão, em uma breve descrição, se resume em traduzir imagens em palavras com o maior detalhamento possível para a pessoa com deficiência visual. Um recurso acessível também para idosos, disléxicos, pessoas com deficiência intelectual e para quem mais sentir necessidade dessa ferramenta assistiva. Simples e complicado assim. Trabalho com filmes, espetáculos de dança, teatro, vídeos, suportes empresariais, e o maior desafio foi levar acessibilidade visual ao Carnaval paulistano, desde 2017.

O mundo é visual, estímulos visuais são constantes! Por meio da audiodescrição qualquer produto pode ser traduzido em palavras.

Trabalhar com inclusão é estar atento ao outro, é ser um facilitador e igualar oportunidades.

Provavelmente foi esse gosto pelas letras encadeadas, mastigadas e saboreadas na língua como um demorado beijo que me trouxe até aqui.

Pretendo contribuir com minhas vivências e reflexões sem pretensão alguma, apenas para compartilhar alguns saberes. Uma leitura leve, um livre pensar, mas nem por isso descompromissado com a sua inteligência.

E porque creio na humanidade, na diversidade e na inclusão aceitei colaborar com o #EuSemFronteiras.

Abraços acessíveis!

OBRIGADA.

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