Doutrina Espírita Espiritualidade

18 de Abril: Dia Nacional do Espiritismo – Reflexões acerca da Doutrina

Mãos se unindo com raio de luz no meio refletindo

Quando o pedagogo Hippolyte León Denizard Rivail, nome de nascimento do conhecido Allan Kardec, decodificou a Doutrina Espírita, na França do século XIX, ele jamais poderia supor que o Espiritismo alcançaria tantos lares e adeptos. Apresentando-se como uma religião que traria conforto e explicação às nossas dúvidas sobre o além-morte, a fé espírita nos faz crer que o desencarne é somente uma passagem para outra(s) esfera(s), que a vida continua, mas de outra forma (espiritual, sem matéria). Também que colheremos aquilo que plantamos anteriormente (atuação da lei de ação e reação). Ou seja, o modo como nos relacionamos com nossos semelhantes – ou mesmo desconhecidos que cruzam nosso caminho – o bem ou o mal que praticamos, desencadearão um rol de experiências positivas ou negativas que carregaremos conosco após a morte. Tudo é aprendizado. É como se estivéssemos subindo em uma espiral de luz rumo à evolução plena, cada um em um nível; uns subirão mais rápido, outros mais devagar, outros, ainda, estacionarão em determinada posição da plataforma por algum tempo. O que nos conforta é saber que não involuímos, que tudo já aprendido fica armazenado em nosso espírito e vai conosco como bagagem para as vidas futuras.

Muitos poderiam julgar que não existem vidas anteriores porque não nos lembramos delas, mas isso é um equívoco. O benefício do esquecimento do passado nos foi dado por Deus, para podermos seguir em frente com nossas tarefas na presente encarnação. Imagine se recordássemos de cada desavença, de cada inimigo ou de cada pessoa que magoamos? Seria um martírio viver! O véu do esquecimento é uma bênção concedida para que não sintamos raiva ou culpa pelos erros do passado. Sempre é possível recomeçar. Quando dormimos, nosso espírito viaja para outra dimensão, onde encontramos amigos espirituais. Aí é possível, de acordo com nosso merecimento, obtermos conselhos para melhor proceder em nossa evolução.

Com o desencarne, o invólucro material, que é o corpo físico, perece e nos abandona, mas seguem conosco nosso espírito e nosso perispírito, que é o laço que une o espírito ao corpo. O perispírito é composto por eletricidade, fluido magnético e alguma matéria inerte, conforme explana o Livro dos Espíritos, obra organizada e publicada pela primeira vez por Kardec em 1857 (é importante frisar que Allan Kardec compilou mensagens recebidas por espíritos ao redor de todo o Globo Terrestre, em suas cinco obras consideradas básicas: O Livro dos Espíritos, O Livro dos Médiuns, O Evangelho Segundo o Espiritismo, o Céu e o Inferno e A Gênese). Kardec não era médium, mas foi o importante decodificador que possibilitou que a Doutrina dos espíritos fosse revelada e conhecida. Ainda sobre o perispírito, a primeira obra de Kardec diz: “Assim como o germe de um fruto é envolvido pelo perisperma, da mesma forma o espírito propriamente dito está revestido de um envoltório que, por comparação, pode-se chamar de perispírito”.

Pessoas voando com céu e sol ao fundo
Foto de Isabella Mariana no Pexels

O progresso dos espíritos se dá pelas sucessivas encarnações. O objetivo da reencarnação, segundo O Livro dos Espíritos, é o aprimoramento progressivo da humanidade. Os espíritos são únicos, pertencendo a diferentes classes que o Espiritismo explana. Cabe-nos saber que cada ser humano encarnado traz consigo suas aprendizagens e leva consigo todos os ensinamentos que obteve. Tem-se espíritos superiores, puros, quase perfeitos, assim como aqueles que experienciam ódio, ciúme, inveja, orgulho, que se deliciam com o mal. Mas mesmo um espírito que não pratica o bem pode galgar posição melhor na espiral da evolução, praticando bons atos em vidas futuras, ou seja, instruindo-se moral e intelectualmente com as constantes oportunidades de reviver. “Aprender a lição” é para todos e esse é o objetivo: errar, aprender com os erros, acertar e evoluir, tendo a perfeição do mestre Jesus como foco.

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Há ainda de se comentar sobre a pluralidade dos mundos espíritas. “Há muitas moradas na casa de meu Pai”, está dito no Evangelho. A casa do Pai é o Universo; as diferentes moradas são os mundos que circulam no espaço infinito. A Terra está classificada como um mundo de provas e de expiações, um Planeta intermediário onde há mistura do bem com o mal (predominando o sofrimento). Já foi a Terra um mundo primitivo, onde os seres agem por instinto e há basicamente luta por sobrevivência, mas está ela rumando a se tornar um Planeta de Regeneração, onde prevalecerá o bem. Há ainda os mundos felizes ou ditosos, onde as relações entre os povos são sempre amistosas. Seria um sonho a Terra se tornar um deles? Este é o destino de todos os mundos, a unificação em luz e plenitude de paz. Claro, levará muitos séculos para que isso ocorra, pois ainda nos deixamos levar pelo egoísmo. Mas iremos presenciar a bem-aventurança do nosso Planeta.

Em suma, comemorar o Dia Nacional do Espiritismo é saber que ele traz muitas respostas para dúvidas dantes aprisionadoras. Ora, se a morte não é o fim, então faz sentido agir corretamente, praticar o bem, ser solidário e correto, para sempre subir a espiral e não estagnar. Estudar a Doutrina é alimentar a fonte viva de Deus dentro de nós.

Referências:

KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo. Trad. de Guillon Ribeiro da 3. ed. francesa rev., corrig. e modif. pelo autor em 1866. 124. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004.

______. O Livro dos Espíritos: princípios da Doutrina Espírita. Trad. de Guillon Ribeiro. 86. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005.

Sobre o autor

Caroline Gonçalves Chaves

Caroline G. Chaves é licenciada em Pedagogia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e possui especialização em Psicopedagogia e Tecnologias da Informação e Comunicação - TICs (UFRGS) e em Educação Infantil: Perspectivas Contemporâneas (Unioeste-PR). Ademais, é graduanda em Licenciatura em Letras-Língua Inglesa (UFRGS) e professora municipal da Educação Infantil de Porto Alegre-RS.
Caroline também é escritora de livros infantis e infantojuvenis, tendo lançado "Dorminhoca" (2019) e "Inverno, Verão e Livros - A História de Martina e Miguel" (2023).

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