A vida é curta, e logo vai acabar;
A morte vem rapidamente e não respeita ninguém,
A morte destrói tudo e não tem pena de ninguém.
Para a morte, estamos correndo, vamos nos abster de pecar.– Livro Vermelho de Montserrat, 1399
Neste artigo vamos conhecer alguns exemplos de tratados sobre a morte durante a Idade Média: os “Ars Moriendi“, as “Consolatio” e as “Danças Macabras”.
Ars Moriendi
Os textos eram ilustrados com imagens de demônios e suas tentações, contrapostos por outras imagens de anjos e suas virtudes.
Basicamente, o livro continha seis capítulos:
- o primeiro explica que a morte tem um lado bom e servia para consolar o moribundo que não há nada para se temer.
- o segundo traça as tentações que cercam a pessoa na hora da morte e como evitá-las. Essas tentações podiam ser: avareza, desespero, falta de fé, orgulho espiritual, impaciência.
- o terceiro capítulo lista uma série de questões que deveriam ser feitas ao doente, assim como as consolações possíveis a ele, advindas do amor de Cristo, que tudo redime.
- o quarto capítulo fala sobre a necessidade de imitar a vida de Cristo.
- o quinto capítulo é endereçado aos familiares e amigos, ensinando como deviam se portar à cabeceira do moribundo.
- o último capítulo traz as orações que devem ser recitadas aos enfermos.
Consolatio
As “Consolações” ou “Discurso de Consolo” é um discurso usado para acalmar os familiares de um falecido durante as cerimônias fúnebres. O primeiro discurso deste tipo que se tem notícia foi composto pelo filósofo grego Crantor de Solis, o qual restam apenas fragmentos. O gênero continuou através da Idade Média, chegando até a era moderna.
Na Idade Média a ideologia cristã ensinava que os sofrimento e a própria morte eram a punição para a queda de Adão, mas admitiam que as tribulações da vida poderiam servir de veículos de correção divina. A “arte do luto” durante o renascimento foi expressa em diversas cartas consoladoras manuscritas. A abertura convencional de uma Consolatio era: “Todos devem morrer; até o mais velho deve morrer; o mais jovem também deve morrer“.
Danse Macabre
Danse Macabre, por Michael Wolgemut
A “Dança Macabra” é uma alegoria artístico-literária do final da Idade Média sobre a universalidade da morte: não importa o estatuto de uma pessoa em vida, a dança da morte une a todos. Há representações de Danças macabras na literatura, pintura, escultura e música.
O tema consiste na representação personificada da Morte conduzindo uma fileira de indivíduos de todos os estratos sociais a dançar em direção aos próprios túmulos. Tipicamente nela estão representados as figuras de um Imperador, um Rei, um Papa, um monge, um jovem e uma bela mulher, todos sob a forma de esqueletos.
Acredita-se que representações artísticas de Danças macabras surgiram no século XIV, provavelmente na França e que estaria relacionada a peças teatrais que dramatizavam a ideia da Morte. Outros autores consideram a Espanha como possível lugar de origem, pois o tema do “Anjo da Morte” era comum ali por causa da influência mourisca e hebreia.
Estas representações foram produzidas sob o impacto da Peste Negra, a doença que assolou a Europa por volta de 1348, e que contribuiu para avivar nas pessoas a noção do quão frágeis e efêmeras eram as suas existências… e quão vãs eram as glórias da vida terrena material.
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