Comportamento Medicina Natural

Ipê-roxo contra o Câncer de Próstata?

Escrito por Eu Sem Fronteiras

Ipê-roxo para tratar câncer de próstata? A natureza é sábia, já diziam os mais velhos. Ela é a fonte de inspiração para qualquer necessidade. No Brasil, a natureza é uma verdadeira aliada quando se trata de recursos para o desenvolvimento de medicamentos e tratamentos de doenças, em especial o câncer. É na biodiversidade que pode estar a resposta para a cura de diversos males.

No centro de estudos que investigam o tratamento do câncer, está o ipê-roxo. De nome científico Handroanthus impetiginosus – popularmente conhecida como pau d’arco –, essa árvore é originária da Mata Atlântica brasileira, nativa de alguns estados das regiões Norte, Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste. Também está presente em outros países da América do Sul, na América Central e na América do Norte (mais precisamente no México). O ipê-roxo é famoso por seu uso como madeira de lei e por suas propriedades no tratamento de doenças.

Galho com dois buquês de flores de ipê roxo.
Imagem de João Lima por Pixabay

Um aliado contra o câncer

Há décadas, a sabedoria popular se utiliza das propriedades do ipê-roxo – como em banhos com chás das folhas e cascas, garrafadas, para tratamento de gripe, inflamações, cistite, verminoses, entre outras afecções. Entretanto faz poucos anos que se iniciaram estudos científicos sobre o uso dessa planta para o tratamento de alguns tipos de câncer, entre eles o de próstata.

Fruto de uma parceria entre a Universidade Federal do Ceará (UFC) e a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), foi realizada uma pesquisa acerca de um composto orgânico natural isolado presente no ipê, chamado lapachol. O lapachol pode ser convertido em beta-lapachona, que é o foco do interesse dos pesquisadores, graças ao seu poder de mortandade sobre as células cancerígenas. E os pesquisadores dessas duas universidades criaram uma substância análoga à beta-lapachona para o tratamento do câncer de próstata.

A célula cancerígena comete suicídio

A beta-lapachona promove um processo chamado apoptose – uma espécie de morte programada das células. Esse “suicídio celular”, que acontece naturalmente no organismo, tem por objetivo garantir a manutenção de órgãos e tecidos, evitando que células defeituosas ou desnecessárias prejudiquem o seu funcionamento. Falhas nesse processo desencadeiam o desenvolvimento de doenças autoimunes ou tumores (ou seja, o câncer pode ser resultado de uma falha na apoptose).

A morte por meio da apoptose é menos agressiva do que a necrose celular (em que as células morrem por lesão). Além dessa vantagem, o lapachol é capaz de inibir angiogênese (ou seja, a formação de vasos sanguíneos). É o que afirma outra pesquisa, que vem sendo realizada pelo Departamento de Química da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) desde 2012 – também sobre o uso do ipê-roxo no tratamento do câncer de próstata, mama e pulmão. Essa ação sobre a angiogênese é importantíssima, já que o tumor utiliza os vasos para se alimentar e espalhar as células cancerígenas pelo corpo, o que resulta em metástase. Uma pequena quantidade do composto é suficiente para interromper esse processo.

Imagem de uma árvore de ipê roxo. Vários galhos floridos compõem a imagem e em um deles um passarinho sentado.
Imagem de Nathalia Cristina G Ribeiro Nathy por Pixabay

Um adendo: o câncer de próstata

O câncer de próstata é o tipo mais frequente entre os homens, depois do câncer de pele, segundo dados do Ministério da Saúde. É a segunda causa de morte por câncer entre homens no Brasil.

Além da extrema relevância das pesquisas, é imprescindível que os homens façam os exames periodicamente. A maioria dos médicos recomenda fazer isso a partir dos 50 anos. Em casos de história familiar de câncer de próstata antes dos 60 anos, entretanto, a recomendação é para começar aos 45 anos.

Quais são os sintomas?

O câncer de próstata tem uma evolução silenciosa em estágio inicial. É comum não apresentar sintomas, ou quando há, eles são bem parecidos com os do crescimento benigno da próstata. Mas vale ficar atento aos seguintes sinais e sintomas: sensação de bexiga cheia; dificuldade de iniciar a passagem da urina ou de interromper o ato de urinar; urinar em gotas ou jatos sucessivos; dificuldades para urinar ou manter o jato de urina; necessidade de urinar mais vezes; dor nos joelhos, na parte baixa das costas, nos testículos ou abaixo deles; dor ao ejacular, urinar. Sintomas muito raros: sangramento na urina ou na ejaculação.

Alguns desses também são sinais de prostatite (inflamação na próstata, geralmente de causa bacteriana) ou de hiperplasia benigna da próstata (aumento benigno do tamanho da próstata, que decorre naturalmente do avanço da idade).

Imagem da flor do ipê roxo.
Imagem de Everaldo A. de Brito Everaldo Brito por Pixabay

Como identificar a doença?

Há dois tipos de exames para investigar os sintomas e verificar a presença ou não da doença:

– Toque retal – em que são avaliados tamanho, forma e textura da próstata.

– PSA – exame de sangue que mede a quantidade do antígeno prostático específico (sigla em inglês PSA), que é uma proteína produzida pela próstata. Altos níveis dessa proteína podem sugerir câncer ou doenças benignas.

É superimportante realizar regularmente os exames e cuidar da saúde. Praticar atividades físicas, adotar uma dieta balanceada, evitar ou reduzir o consumo de bebidas alcoólicas e não fumar são iniciativas que ajudam a prevenir o câncer de próstata.

Novembro Azul e a conscientização

Muitos homens, por puro preconceito ou ignorância, se recusam a realizar um exame tão importante quanto o toque retal. Nessas horas, é preciso pensar na saúde, na sua vida e na de seus familiares e pessoas que gostam e precisam de você.

Por essa razão, existe o Novembro Azul, campanha realizada por várias entidades (empresas, ONGs, governo) dirigida especialmente aos homens, para que se conscientizem acerca das doenças que podem afetá-los. A campanha tem foco na prevenção e no diagnóstico precoce do câncer de próstata.

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Toda pesquisa é necessária, apesar de muitas terem sido interrompidas por falta de verbas. Mas os estudos precisam continuar, e o ipê-roxo, graças ao lapachol e à beta-lapachona, tem uma contribuição extremamente significativa para a ciência. Cada vez mais se comprova que as florestas são um verdadeiro berçário dos remédios do futuro. A cura, definitivamente, está na natureza.

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