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Mãe: Imperfeita, um tanto louca e muito mais do que “do lar”

Escrito por Juliana Avella

Tenho 35 anos, sou mãe há pouco mais de 6 anos e sei que ainda tenho muito o que ver e viver deste mundão, mas posso afirmar um fato um tanto assustador da atualidade:

Nunca fomos tão julgadas, condenadas, estilizadas e até atacadas por sermos, simplesmente, mães.

A sociedade brasileira tem uma cobrança e uma avaliação do outro realmente fora do comum.

A sociedade brasileira tem uma cobrança e uma avaliação do outro realmente fora do comum.

Existem mães preocupadas em como a outra mãe trata seu filho, se a outra mãe trabalha fora ou fica em casa, se tem ou não babá, se faz ou não academia antes, durante ou depois da gravidez e claro, em como será o parto da outra mãe e assim, estará ali, a postos, preparada para condenar esta ou aquela escolha da sua parceira de “profissão maternal”.

Hoje em dia, valoriza-se o estereótipo da Mãe Natural e Perfeita, linda, sarada, que teve parto normal, preferencialmente domiciliar, que nunca largou mão do seu corpo, que cuida da casa, do marido, dos filhos, da empregada, amamenta seu rebento até, no mínimo, 2 anos e volta aos seus treinos e ao trabalho com enorme disposição.

EPA! Para o mundo que eu quero descer.

Aonde vamos parar com tamanhas ideologias e expectativas, minha gente? Já não basta toda a culpa que carregamos por instinto após nos tornarmos mães?

Olheiras, sono, irritabilidade, cansaço, dores nos seios rachados – sim, eu tive meus dois seios praticamente mutilados pelos meus dois bebês, mas não desisti e nem por isso fui capa de revista.

Sem contar no nosso espelho, claro, somos mulheres e nos preocupamos com ele, mas quando nos damos conta que estes espelhos se multiplicam nos olhares das amigas, das redes sociais, da mãe, da sogra, da vizinha, das revistas, dos sites, dos blogs… Ahhhhhh!!!

Funny family! Mother and her child daughter girl with a paper accessories. Beauty funny girl holding paper lips on stick. Beautiful young woman holding paper glasses on stick.

A valorização do ato de MATERNAR foi se perdendo ao longo dos anos, do dom de gerar uma vida, da particularidade das famílias, do respeito às suas escolhas e das condições em que cada um vive.

Sinto como que a rotina familiar das mães, desde o momento divino da gestação, tornou-se um reality show, uma querendo ser mais do que a outra e quando não consegue, que frustração…

As mamães de hoje em dia, claro que com muitas exceções, têm se preocupado muito mais em “ter um filho” do que em “ser mãe”.

Conceber uma vida vai muito além do que trazer ao mundo um bebê, deste ou daquele jeito, e se esforçar para que nada saia do controle, porque simplesmente não temos o controle.

MATERNAR É: acarinhar, nutrir e se entregar de corpo e alma.

Sou mãe de dois meninos, hoje com 6 e 3 anos. Ambos partos cesariana, pois minha médica, a qual confio muito desde os meus 15 anos, acreditou por muitas razões ser a melhor escolha para mim e meus bebês. Não sou MENOS MÃE por isso!

Como mencionei acima, tive problemas terríveis para amamentar, mas não me rendi a esta dor, busquei ajuda, fui em frente e superei, sem nunca ter dado leite artificial aos meus bebês, mas também não sou MAIS MÃE por isso!

Tenho amigas que enfrentaram uma dura depressão pós parto, sem conseguir sequer carregar seu bebê nos braços nos primeiros meses. Outras amigas que viveram o luto de descobrir um filho deficiente, quando deveriam estar celebrando a grande dádiva que recebera em suas mãos…

Amigas que não tiveram auxílio nem apoio de maridos e familiares. Além daquelas que perderam seus bebês dentro do ventre ou dias fora dele, mas nem por isso desistiram de recomeçar.

Aquelas também que conseguiram seu tão desejado parto normal, em casa ou no hospital, em um ritual mágico e seguro… Que seguem com suas babás, auxiliando com os cuidados de seus filhos e outras, que preferiram deixar de lado a carreira para cuidar pessoalmente de seu pequeno (a). Ou que tiveram que optar pela creche, seja por escolha, condição ou por não ter família por perto.

Muitas destas mães estão em forma, lindas e cheias de atitude, energia e vitalidade com seus empregos ou negócios de vento em poupa. Outras, ainda acima do peso, usam escondidas suas roupas de grávida, mas seguem sua a caminhada com muito orgulho e um amor inenarrável no peito.

Nenhuma delas é mais ou menos mãe! Ser mãe é real, não é uma novela previamente escrita com finais felizes. Estamos e sempre estaremos sujeitas ao inesperado e é aí que está algo para nos orgulharmos: ninguém como uma mãe é capaz de dar a volta por cima e lutar pela vida e pela felicidade de seu filho!

Neste Dia das Mães, eu proponho:

Menos rótulos e mais conteúdo!
Menos ferramentas e mais atitudes!
Menos fachada e mais mães por inteiro!
FELIZ DIA DAS MÃES!

Sobre o autor

Juliana Avella

Juliana Avella é Arte Educadora de formação, pela Universidade de Belas Artes de São Paulo, mas foi ser mãe do Cauã e do Enzo o que a transformou em uma pessoa apaixonada pela vida e pela arte de cozinhar e nutrir seus dois filhos.

Do desejo e da curiosidade de pesquisar o que seriam as melhores escolhas para a alimentação dos seus pequenos, nasceram o livro Papinha Sem Medo, com lançamento em Setembro de 2015, e o Blog NutriFilhos.com, em que, com o embasamento científico da Antroposofia e com a consultoria de profissionais de saúde, compartilha dicas, receitas e informações com outras mães, pais, cuidadores e todos aqueles interessados em alimentação infantil saudável e, acima de tudo, saborosa.

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