Comportamento Convivendo

Dia da Não-Violência

Ilustração em preto e branco do rosto de Mahatma Gandhi.
Escrito por Eu Sem Fronteiras

Em 2007, a Organização das Nações Unidas (ONU) determinou que 30 de janeiro seria uma data para celebrar o Dia da Não Violência. Essa comemoração é uma homenagem ao indiano Mahatma Gandhi, um conhecido pacifista que pregava a não violência em manifestações.

Para entender mais sobre o que significa a prática da não violência, é preciso conhecer a trajetória de Gandhi. Nascido em 1869 com o nome de Mohandas Gandhi, o líder recebeu a denominação Mahatma (que significa “grande alma”) por seus apoiadores. Trabalhou como advogado antes de se tornar um líder político.

O trabalho de Gandhi, pautado na desobediência civil das leis que considerava injustas, em greves de fome e na recusa de cooperar com autoridades, tinha como objetivo promover a independência da Índia em relação à Inglaterra, que tinha o território asiático como colônia.

Fotografia em preto e branco de Mahatma Gandhi, de óculos e roupas tradicionais brancas, sorrindo para a câmera.

Ainda que os protestos conquistassem seguidores e surpreendessem as autoridades, Gandhi também tinha inimigos. Foi um hindu radical de Nova Délhi que assassinou o líder, em 1948, enquanto Mahatma tentava apartar, sem violência, os conflitos entre hindus e muçulmanos.

A vida e a luta de Gandhi inspiram pessoas a adotar a não violência e a celebrá-la no dia 30 de janeiro. No entanto, é preciso considerar que existem outras formas de violência, que Mahatma Gandhi, inclusive, praticava.

A violência que não é física pode ser também verbal ou simbólica. Essas outras duas formas de agredir uma pessoa estão presentes em discursos de ódio contra as pessoas que são oprimidas pela sociedade, como negros, mulheres, lgbts, indígenas e pessoas com deficiência.

Fotografia em preto e branco de Mahatma Gandhi dentro de um veículo recebendo fãs e seguidores pela janela.

Enquanto Gandhi exercia a advocacia, passou 21 anos na África do Sul (de 1893 a 1914). Lá, ele declarava que pessoas negras eram selvagens. Usava o termo depreciativo “kaffir” para se referir a elas e afirmava que as pessoas brancas deveriam ser a raça predominante.

Quando foi preso, em 1908, incomodou-se com o fato de que as pessoas indianas ficavam presas com as pessoas negras, e não com as pessoas brancas. O racismo não era a única forma de violência que Gandhi propagava. A misoginia, definida como o ódio contra as mulheres, também fazia parte de seu repertório.

Para ele, as mulheres eram responsáveis por despertar os instintos masculinos, que eram incontroláveis. Sendo assim, uma mulher deveria evitar atrair a atenção de um homem se não quisesse ser agredida por ele. A sexualidade feminina, segundo Gandhi, era uma distorção da alma.

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Como se esse cenário não pudesse se agravar, ele optou por uma vida de celibatário, usando um método questionável. Ele obrigava meninas menores de idade a dormirem na mesma cama que ele, que ficava nu, para garantir que controlaria seu impulso e não as tocaria.

É preciso considerar que, na época em que Gandhi viveu, o machismo e o racismo já eram internalizados na sociedade e parte constituinte dela. Essas manifestações de ódio sequer eram entendidas como violência, como ainda hoje muitas vezes não o são.

Apesar disso, eleger uma data do ano para homenagear um homem que praticou violência simbólica e verbal contra pessoas negras e mulheres, ainda que tenha defendido conflitos pacíficos com as autoridades, pode soar contraditório.

No Dia da Não Violência, cabe a nós questionarmos as formas de violência presentes na sociedade e como elas permanecem existindo. É necessário repensar os comportamentos e os pensamentos agressivos que reproduzimos e que muitas vezes não envolvem o contato físico com outra pessoa.

O que seria, de fato, praticar a não violência?

Duas pessoas segurando um aro com o símbolo da paz feito de plantas e flores.

A seguir, preparamos algumas questões para você refletir sobre comportamentos respeitosos e pacíficos que você deve adotar no seu cotidiano:

1) Analise se você dissemina alguma forma de violência simbólica ou verbal

a) Você trata as pessoas que são diferentes de você como se elas fossem iguais?

b) Você acredita que algumas pessoas devem ser mais privilegiadas que outras?

c) Você acredita que todas as pessoas são capazes de desenvolverem as mesmas atividades, se tiverem o preparo adequado para tal?

Mulher com a palma da mão estendida na altura do rosto, em sinal de "pare".

2) Controle-se diante de uma situação de conflito, que pode causar violência física

a) A melhor forma de defender a sua posição é por meio da agressão?

b) A agressão pode resultar em algo positivo, se é uma atitude negativa?

c) Quais são as formas não agressivas de defender uma posição ou um ponto de vista?

3) Observe como as pessoas agem umas com as outras

a) Você já tentou impedir uma situação de violência?

b) Você se posiciona como alguém que apazigua conflitos?

c) Como você age perante uma situação de disseminação de ódio ou de violência?

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