Autoconhecimento Convivendo

Resenha de Final de Ano 2019

Imagem manipulada de avião voando no céu, sobre o mar e durante o nascer do sol. Ele deixa uma especie de rastro que forma os números 2019..
Escrito por Márcia Leite

Mais uma vez chegando ao final de um ciclo. Desta vez não pretendo colocar promessas para o futuro, até porque o planejamento deve ser pessoal e modificado à medida que se mostre necessário, em períodos cada vez mais curtos, para que os resultados sejam melhores e com maior qualidade.

Gostaria de pontuar aqui algumas das minhas observações de comportamentos que mudaram (ou não) nestes últimos 300 e tantos dias.

As redes sociais têm levantado debates sobre os mais diversos assuntos, onde as pessoas discutem muitas vezes com muita ênfase, às vezes exageradamente agressivas. E quando estão cara a cara, nem se conversam, fingem que nem se conhecem. A coragem só aparece quando estão no teclado com a tela na frente.

Notebook com tela do Facebook aberta, e mão esquerda digitando no teclado. Ao lado, a não direita segura um smartphone.

Política continua incendiando debates, com polarizações que podem produzir cegueira diante dos reais acontecimentos. São muitas decisões e declarações absurdas que são veiculadas pelos internautas, e muitas vezes, a verdade permanece escondida na nuvem de fumaça que é produzida e espalhada para todos os lados. E a classificação de esquerdista e direitista é a mais utilizada pelas pessoas, que acreditam que somos uma sociedade unificada. Acreditaram nas benevolências falsamente oferecidas em troca de votos e de serviços de baixa qualidade e são capazes de entrar em luta corporal para defender seus argumentos. Infelizmente, enxergo uma única divisão no país: os privilegiados, que gozam de mordomias inimagináveis e ainda reclamam que recebem pouco; e os outros, que englobam os trabalhadores que receberam formação acadêmica com a possibilidade de receber bons salários, os que não puderam estudar muito, os que não tiveram esta oportunidade e os desempregados. O grupo dos “outros” segue batalhando muito para se manter dignamente, e apesar de seus esforços, é constantemente esfolado através de aumento de taxas, tarifas e impostos, contrapondo o que recebe em troca.

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Preconceito étnico também tem sido discutido com força. Muitos grupos têm conversado e questionado sobre atitudes discriminatórias, que ocorreram em diversas regiões do Brasil, com destaque em balas perdidas que atingiram inocentes; truculência dos agentes de segurança, que antes realmente zelavam pela integridade física da população, e hoje matam por sufocamento, vide o caso do supermercado e o garoto que foi morto com a ação filmada; ataques descarados registrados por câmeras, em que os agressores proferiram palavras desconcertantes e indignas. Questiona-se a falta de representatividade nos diversos setores da sociedade em pleno final da segunda década do século XXI. Foram tensos também os acontecimentos nas terras indígenas, com muitos assassinatos e emboscadas. O contínuo movimento imigratório de pessoas vindas da Venezuela seguiu ocorrendo, mas não houve tanto destaque, como no ano passado. Porém, com certeza, estas pessoas continuam sendo segregadas em nosso país ex-hospitaleiro.

Grupo de mulheres protestando. Uma delas segura um cartaz, e outra fala em um megafone.

A desigualdade de gênero entrou na conversa com bastante frequência. Mulheres têm reivindicado com mais veemência o direito de ocupar lugares de liderança, provando que são altamente competentes, e têm uma visão excelente no ramo de negócios. Importunação sexual vem sendo fortemente contestada e combatida por atos que se espalham pelo mundo, como o “Um Violador em seu Caminho”, que vem sendo cantado por mulheres, que pedem por liberdade de ir e vir, como, quando e com a roupa que quiser sem serem molestadas, e fim de práticas enraizadas desde há muito tempo, em que os homens “acham” que podem descarregar suas raivas diárias e necessidades “fisiopatológicas” nas mulheres, se escondendo no seio da família ou de outras instituições, ficando impunes por anos, até que uma vítima tenha coragem de denunciar. Ainda não vi aqui no Brasil…

Diferenças salariais e de postos de trabalho baseadas em etnia e gênero frequentam insistentemente as conversas e reportagens no mundo, e mesmo em países intitulados de Primeiro Mundo, seguem segregando por sexo e por cor de pele, sem levar em conta a tal da meritocracia, que não funciona até o momento.

A violência urbana tem tomado novas formas, com requinte de crueldade e sarcasmo. As populações mais pobres estão sofrendo ações de snippers, drones que atiram, helicópteros que distribuem balas a esmo, autoridades que comemoram feitos desproporcionais e indecentes, culto a torturadores, liberação do uso de armas de fogo com a desculpa de que o chamado “cidadão do bem” vai poder se defender do marginal que entrar em sua residência. Falsa a ilusão de que um simples revólver vai ser páreo para uma metralhadora … As áreas nobres são consideradas mais seguras, mas não é possível assegurar esta afirmação, visto que muitas cenas de violência também têm sido documentadas inclusive nestes locais.

O futebol estava bem mais tranquilo até a pouco tempo atrás, mas também chegaram às manchetes com gritos de macaco, bananas arremessadas, destruição de estádios por torcidas raivosas, punição por uso de anabolizantes, punição por reações de atletas que estavam sendo publicamente agredidos.

Foto em preto e branco de uma pessoa segurando uma arma com as duas mãos e o dedo indicador esquerdo no gatilho. O fundo da imagem é completamento preto.

Além de todos estes acontecimentos, ainda temos o povo que perdeu o senso de coletividade, que acha que só tem um carro na rua, que pode dirigir no meio da pista; que acha que só ele tem direito a assistir um show e ficar de pé na frente de todos os outros que estão sentados tentando ver o palco; que precisa de multa por não respeitar a vaga de cadeirante no estacionamento; que é cara de pau e se senta no banco de idosos no transporte público, fingindo estar dormindo. Dentre os privilegiados, temos o sorriso mais caro do país, temos o magistrado que reclama de o salário ser muito baixo e não dar para viver com a merreca que recebe; diversas decisões equivocadas por parte das autoridades.

Parece-me que passa ano vai ano, o povo tem regredido em seus pensamentos, tornando-se retrógrado e conservador, incluso sem ver que está agindo desta forma … Com tanta tecnologia, o cérebro está diminuindo suas funções em relação a vida em comunidade. Assustador… Negativo… Contestador…

Nada disso… Apenas um alerta para que as coisas se modifiquem, só depende das pessoas, que realmente querem o bem, não aquele falso bem que só traz vantagem para si próprio.

Sobre o autor

Márcia Leite

Graduada em Farmácia e atualmente estudante da área de Humanas, mostro interesse em diversos temas. Incomodada com questões sociais e que mexem com a convivência e a saúde das pessoas.