Autoconhecimento

Será que o medo da morte nos faz viver melhor?

medo da morte
Escrito por Luis Lemos
Não sei o porquê, mas quando eu era mais jovem tinha a nítida impressão de que morreria aos 40 anos de idade. Quando eu completei 39 anos, comecei a agir como se tivesse, de fato, apenas mais um ano de vida. Passei, então, a prestar mais atenção nas coisas e nas pessoas. Comecei a ficar mais próximo dos meus familiares, das pessoas que amava, especialmente do meu filho e da minha esposa. Foi um período rico de conhecimento interior.

medo da morteEu sempre gostei de escrever, mais nesse tempo, com a sensação de que a minha vida estava chegando ao fim, passei a escrever compulsivamente. Adotei como lema a seguinte máxima: “nenhum dia sem escrever uma única palavra”. Para ser honesto, vem daí parte deste texto!

Na medida em que fui distanciando dessa sensação mesquinha, comecei a observar que a vida é um suceder de novas tarefas. A vida não acaba quando achamos que ela acaba. A vida só acaba mesmo quando perdemos a vontade de viver e a capacidade de sonhar. Já se passaram sete anos dessa ideia e, ao longo desses anos, aprendi que o ser humano só morre mesmo quando perde a humildade e a vontade de aprender novas coisas.

Hoje, eu tenho a plena consciência de que não se alcança nunca uma meta, seja ela qual for, porque cada ponto de chegada nada mais é do que um trampolim de lançamento para novas metas. Assim, quando você deseja muito uma coisa, tenha certeza, nem sempre você está certo. O bonito, o bom e o maravilho é sempre o novo, o surpreendente, o imprevisto, o incompreensível, o incognoscível, o mistério…

Dessa forma, este texto quer contribuir na reflexão sobre a importância de se viver a vida plenamente, para que cada pessoa possa deixar coexistir em si mesmo a atividade e o desempenho, segundo a própria personalidade e a situação em que se vive, para que cada indivíduo encontre a sua estratégia e a estrada em que deve caminhar, sem perder, enfim, a esperança de ser uma pessoa melhor. Acredite, um olhar para dentro de si mesmo, às vezes, nunca incomoda! 

Portanto a vida não acaba aos 40, aos 50, aos 60 ou aos 90 anos, a existência é um suceder de novas tarefas vitais.
 Também não acaba quando se descobre uma doença terminal, quando se perde uma pessoa querida, o valor da vida depende do prazer de viver, das emoções positivas que se tira daquilo que se faz ou não se faz, pelo relacionamento sincero com os outros ou pela forma como encaramos os problemas e as pessoas que nos circundam. Viver é muito mais do que sofrer, viver é amar!

Segundo a psicologia do desenvolvimento, a velhice geralmente é considerada como um período de renúncia às experiências agradáveis, uma fase de “espera”, na qual não acontece nada de importante. Ou seja, é um período de “retenção”, não de mudanças. Na velhice, a memória é acionada e as experiências do passado afloram com naturalidade. É o período próprio do amor, do amor doado e do amor vital.

medo da morte

A velhice é um período rico de convivência familiar e social,
  também é um período onde o ancião pode “realizar” coisas úteis e interessantes, podem ainda se “envolver”, enriquecendo as experiências anteriores. O objetivo não é retornar à juventude, como muitos fazem, mas continuar a “crescer” para ser sempre mais humano, mais maduro, do ponto de vista psicológico, com a coragem de sentir sensações verdadeiras e provar sentimentos, de sentir as mãos e a mente que trabalham por um projeto, seja ele familiar, social ou político.

A vida deve ser vivida mais naturalmente por quem já chegou aos 50 anos, por exemplo, do que pelos jovens. Por essa razão, todo ser humano deve sentir-se livre do estresse do dia a dia e das responsabilidades, não por acomodação, mas para inventar um novo estilo, mais interiorizado, mais personalizado, a fim de descobrir em si mesmo recursos novos ainda escondidos, capacidades até então desconhecidas. Enfim, é preciso viver a vida, em qualquer idade, sempre na esperança de dias melhores, de momentos melhores, de experiências melhores…


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Sobre o autor

Luis Lemos

Luís Lemos é filósofo, professor, autor, entre outras obras, de “Jesus e Ajuricaba na Terra das Amazonas – Histórias do Universo Amazônico” e “Filhos da Quarentena – A esperança de viver novamente”.

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