“Estou por um fio. Não sei quanto tempo mais vou suportar. Estou por um fio para estourar as amarras que me unem a qualquer coisa que seja “real”. Procuro fingir que está tudo bem, mas dou voltas em torno de mim mesma e percebo que há espelhos refletindo a farsa.
Sinto a pele derretendo e se curvando. Não há brilho no olhar. Só dores musculares e mentais e emocionais.
A continuidade do ser não se mantém, escorre… lambuza-se nas desculpas malfeitas que eu mesma dou para não chegar perto da verdade.
Preciso conseguir uma fresta na pedra que se transformou o meu coração. Uma fresta de luz, mesmo que minúscula, mas uma que possa ser transformada em passagem de fuga.
Desacredito de quase todos. Ninguém mais é confiável. A palavra é usada para enganar e tem duração nenhuma. O que se diz não se escreve. O que se diz não se grava. O que se diz é impulso, é a língua da cobra sibilando lenta e premeditada.
Estou por um fio. O último. O derradeiro. Tentarei segurá-lo para usá-lo como pena de caneta… escrever… tecer um texto que possa virar ponte e me tirar daqui.”
Assim começou o dia… de repente me lembrei de que eu posso usar as palavras para me elevar. E foi isso o que fiz. Elevei-me com a caneta na mão e os lápis coloridos no entorno, pintando mandalas coloridas e revitalizadoras.
O ato de escrita criativa e de pintura de mandalas pode ser curador, pois as ferramentas que podem penetrar o impenetrável, destravar os parafusos enferrujados da alma e, com um pouco de paciência, ser o princípio de um novo recomeço.
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Vamos comigo escrever e pintar? Façamos desse combinado silencioso a fórmula mágica para sair do escuro da incerteza para a luminosidade do recomeço?
Eis meu convite…