Comportamento

A angústia da juventude e o alto índice de suicídio entre os jovens

Menina adolescente sentada no chão, no escuro, abraçando seus joelhos.
123rf/Katarzyna Białasiewicz
Escrito por Fabiano de Abreu

“O jovem é desprovido da experiência e percepção do que é passageiro. E acredita que aquele momento ruim nunca vai acabar.”
A experiência é o alimento da sabedoria, é nossa refeição cotidiana para sabermos lidar com as situações e adversidades. Ao longo da vida, passamos por essas adversidades e percebemos que são apenas momentos passageiros.

Aprendemos a lidar com isso e aceitar que logo vai passar. Já o jovem não tem a experiência necessária e potencializa de uma maneira como se o momento nunca fosse acabar.

Quando um jovem toma a decisão de retirar a própria vida revela que estava no seu limite de desespero e fora da razão.

A juventude é um momento de transição em que o jovem está começando a viver a solidão, é o momento das descobertas e emancipação.

Mulher jovem chorando, com os olhos fechados e mechas de seu cabelo grudadas no rosto.
Pxfuel

É o momento da prova, no qual a necessidade de ter que ser adulto resulta em um forte desespero que o leva a silenciar suas insatisfações.

O silêncio diz que a ajuda dos pais, se o jovem os tiver, não está sendo suficiente.

Essa emancipação, esse experimento da solidão cria uma falsa ideia de poder, de achar que podem fazer tudo, que são imortais, fator que os levam a experimentar coisas que podem levá-los à morte, como drogas e bebidas, e se colocam em riscos de vida em geral.

A juventude é um momento de transição hormonal, sexual, social que mexem com o emocional.

Para mim, alguns dos problemas estão ligados à falta da riqueza afetiva. Também a essa competição que a globalização por meio da internet potencializou.

A falta de interação social verdadeira também é um forte motivador e impulsionador para que eles desistam da vida.

É uma angústia ser adolescente, pois não é fácil lidar, em silêncio, com todas as mudanças que a fase exige.

Essa adaptação natural que a juventude exige vem acompanhada da vergonha e da necessidade de aceitação que a vida adulta impõe.

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As responsabilidades e a exigência da maturidade os deixam apreensivos e muitos não conseguem lidar com tudo isso.

Os pais, querendo ajudar, acabam atrapalhando quando sentem a necessidade de fazer por eles o que eles deveriam fazer sozinhos.

Muitos pais acabam tratando os filhos como crianças e não conseguem dar autonomia para eles.

Fazer tudo pelos filhos e tê-los debaixo das suas asas é um dos maiores erros que podem cometer: satisfazer todas as vontades dos filhos na ilusão de que assim eles se sentirão mais felizes.

Quando os pais satisfazem todas as vontades dos filhos e mimam demais, acabam comprometendo a formação da identidade deles. Isso faz com eles se sintam perdidos e que não consigam encontrar seu verdadeiro lugar no mundo. Eles sentem que sempre terão que ser uma extensão dos pais.

O medo de perder os filhos pelos pais, resulta na perda da identidade do filho.

Numa sociedade de consumo, o filho passa a ser o consumo emocional dos pais. Ao contrário do produto, um filho não pode ser trocado por outro, e muitos pais tentam moldar a personalidade do filho, e essa falta de aceitação da sua personalidade pode ser um grave motivo para a insatisfação com a própria vida na adolescência.

Temos que ter a consciência de que nosso filho será o resultado dos nossos erros e acertos.

Como resolver o problema de comunicação em casa

Com a aceitação e o diálogo.

Saber conduzir o diálogo para desvendar os problemas do jovem é um bom caminho para evitar que eles entrem em surto emocional e cometam o suicídio.

Muitos pais, que já passaram por essa dor inestimável, tentaram de tudo antes que o final trágico acontecesse.

Conversavam, davam carinho e muita atenção, mas nada foi o suficiente.

Para um jovem insatisfeito com a própria vida é preciso que tentemos despertar neles um sentido de pertencimento, uma paixão por algo ou coisa que os façam valorizar a vida, e que os levem a sonhar com um futuro próspero e promissor.

A forte tristeza que toma conta de suas vidas precisa ser substituída por um ideal de vida. Eles devem se perguntar: Isso que eu faço com a minha vida é importante? Eu sou importante e, consequentemente, a minha vida é importante?

Um jovem que não experimenta a autonomia e não entende a sua posição no mundo, se sente perdido e desconectado de tudo e perde o prazer de viver, principalmente se ele é tolhido ou forçado a frequentar uma escola que não gosta, ou fazer um curso para agradar os pais, ou a seguir uma profissão que não o agrada.

Como fazer para ajudar esses jovens

A cada ano, cerca de 800.000 mortes por suicídio ocorrem no mundo, o que representa uma morte a cada 40 segundos. Entre os jovens (15 a 29 anos), é a segunda causa de morte globalmente, segundo estimativas da Organização Mundial da Saúde.

Para ajudá-los a encontrar um lugar no mundo e se sentirem úteis, os pais precisam entender que essa fase é muito importante para a formação de um adulto equilibrado emocionalmente e se transformar com eles.

Entender que não são mais crianças e sim jovens num momento de transição, e neste momento, como toda transformação, encontram dificuldades devido às adaptações.

Conhecer as motivações e os interesses do próprio filho são fatores fundamentais para uma passagem tranquila pela fase da adolescência.

Mostrar possibilidades atrativas, promover a inclusão em grupos de interesses comuns, são um jeito de torná-lo sociável e de colocá-lo em grupos que ele se sinta acolhido e amado.

Menina adolescente sentada no chão, apoiando seus braços em seus joelhos, e colocando uma de suas mãos em sua testa.
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E o principal, não tentar moldar a personalidade do jovem a seu bel-prazer. Ou seja, não tentar fazer do filho um experimento para as suas realizações pessoais, pelo contrário, ajudá-lo a encontrar os seus verdadeiros dons, e mostrar para ele como poderá ser útil para a sociedade e como a sua vida será importante para outras pessoas.

Agindo assim, ele terá mais chances de se tornar emocionalmente forte para lidar com as adversidades da vida adulta e conseguir enfrentar os desafios do dia a dia.

É preciso

• Ouvir atentamente e ficar calmo.

• Entender os sentimentos dele (empatia).

• Dar mensagens não verbais de aceitação e respeito.

• Expressar respeito pelas opiniões e valores dele.

• Conversar honestamente e com autenticidade.

• Mostrar sua preocupação, cuidado e afeição.

• Focar os sentimentos dele sem pressionar.

• Respeitar o seu espaço e suas ideias.

• Ficar chocado ou muito emocionado.

• Doar a ele tempo de qualidade, fazendo o que ele gosta, não o que você quer. Para isso é preciso conhecer o que ele gosta.

• Não tratá-lo como se ele fosse inferior a você e não soubesse nada.

• Não fazer comentários invasivos e pouco claros.

• Não fazer perguntas indiscretas.

Uma abordagem calma, aberta, de aceitação e de não julgamento é fundamental para facilitar a comunicação

Um recado para os jovens que se encontram perdidos emocionalmente

A maturidade não nasce da necessidade de ser adulto e sim do conhecimento que se adquire ao longo da vida, em experiências dos outros que nos fazem adquirir consciência das consequências dos nossos atos.

Os problemas possivelmente passarão, mas a morte é o ponto final.

A tristeza de hoje nos faz mais fortes amanhã, e é a experiência necessária para que futuramente consigamos nos sentir plenamente felizes.

Tente encontrar felicidade nas pequenas coisas. Essa fase é difícil mesmo, mas tente mirar os exemplos de outros jovens adultos que passaram por dificuldades emocionais e superaram!

Percebam que é possível superar e busque mecanismos para isso.

Entenda que buscar o autorreconhecimento é uma ferramenta extremamente importante!

Você precisa saber quem você é, qual o seu papel no mundo, do que gosta, do que não gosta e agir para aperfeiçoar esses seus talentos que te motivarão a ser cada vez melhor no futuro. E que, consequentemente, farão com que a sua vida se encha de significado.

O medo existe. O medo de falhar, de não dar conta, de não ser bom o bastante, é natural, todos passamos por isso. É preciso superar o medo, e fortalecer a coragem. Mas só conseguimos isso com força de vontade, traçando objetivos, fazendo planos, e não se cobrando tanto.

Mão de mulher apoiada no chão, semi-aberta, cheia de comprimidos, e mais comprimidos ainda no chão em volta, todas de tamanhos e cores diferentes.
Pixabay/Hasty Words

Afinal, a perfeição não existe, mesmo que muitos te cobrem isso! Tenha em mente que você não precisa se perfeito, nem fazer o que os outros querem que você faça para ser aceito.

Sempre existirá alguém que te aceitará como você é! Se esse alguém ainda não cruzou o seu caminho, pode ter certeza que ele existe, talvez você não esteja procurando no lugar certo. Por isso, busque ajuda profissional, tente se colocar em grupos de pessoas que se sintam como você e entenda: quando ajudamos uma outra pessoa, acabamos ajudando a nós mesmos!

Jovem, você não pediu para vir ao mundo, mas faz parte dele e nele pode fazer a diferença.

Essa ideia de vida feliz o tempo todo que está sendo introduzida na sociedade, não existe. Vivemos momentos felizes, mas nunca na história da humanidade fomos 100% felizes o tempo todo, e isso é impossível de acontecer.

Sobre o autor

Fabiano de Abreu

Fabiano de Abreu Rodrigues é um jornalista, psicanalista, neuropsicanalista, empresário, escritor, filósofo, poeta e especialista em neurociência cognitiva e comportamental, neuroplasticidade, psicopedagogia e psicologia positiva.

Pós PhD em Neurociências e biólogo membro das principais sociedades científicas como SFN - Society for Neuroscience nos Estados Unidos, Sigma XI, sociedade científica onde os membros precisam ser convidados e que conta com mais de 200 prêmios Nobel e a RSB - Royal Society of Biology, maior sociedade de biologia sediada no Reuno Unido.

É membro de 10 sociedades de alto QI, entre elas a Mensa, Intertel, ISPE, Triple Nine Society, coordenador Intertel Brazil, diretor internacional da IIS Society e presidente da ISI e ePiq society, todas sociedades restritas para pessoas com alto QI comprovados em testes supervisionados. Criou o primeiro relatório genético que estima a pontuação de QI através de teste de DNA e o projeto GIP - Genetic Intelligence Project com estudos genéticos e psicológicos sobre alto QI com voluntários.

Autor de mais de 50 estudos sobre inteligência, foi voluntário em testes de QI supervisionados, testes genéticos de inteligência e estudo de neuroimagem já que atingiu a pontuação máxima em mais de um teste de QI em mais de um país corroborando com os demais resultados genéticos e de neuroimagem.

Proprietário da agência de comunicação e mídia social MF Press Global, é também um correspondente e colaborador de várias revistas, sites de notícias e jornais de grande repercussão nacional e internacional.

Atualmente detém o prêmio do jornalista que mais criou personagens na história da imprensa brasileira e internacional, reconhecido por grandes nomes do jornalismo em diversos países. Como filósofo, criou um novo conceito que chamou de poemas-filosóficos para escolas do governo de Minas Gerais no Brasil.

Lançou os livros “Viver Pode Não Ser Tão Ruim”, “Como Se Tornar Uma Celebridade”, “7 Pecados Capitais Que a Filosofia Explica” no Brasil, Angola, Paraguai e Portugal. Membro da Mensa, associação de pessoas mais inteligentes do mundo, Fabiano foi constatado com o QI percentil 99, sendo considerado um dos maiores do mundo.

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