Espiritualidade

A nossa fortaleza

Mulher em um campo de gramado de olhos fechados e cabelo no rosto
Vlada Karpovich/Pexels
Escrito por Vander Luiz Rocha

A imaginação nos leva longe e quando a criatividade a acompanha nos encontramos no universo da fantasia.

Foi numa dessas viagens que me deparei com o enfrentamento entre animalidade e espiritualidade.

A animalidade trazia em si a fortaleza material, era vigorosa. A espiritualidade, modesta, mostrava-se fisicamente frágil.

Um sábio que por ali estava, com sinais, indicou-me que me afastasse. Distanciei e surpreso enxerguei que ambos ocupavam o mesmo corpo: um corpo humano. A animalidade comandava o físico, a espiritualidade instruía-lhe a mente mostrando o infinito, sem espaço, sem tempo, pleno de felicidade, dizendo-lhe que aquele mundo é dele e que lhe era preciso o autoaperfeiçoamento para merecê-lo. O outra metade dominava-lhe os sentidos conduzindo-o a leviandades afirmando, nos termos dela, que o dito como espiritual era improbidade humana para servir de escape ao que não era compreensível, que não existia, “Morreu acabou!”, afirmava.

A espiritualidade contrapôs mostrando que na Terra ele estava apto para cultivar o bem e o mal, as sementes lhe foram fornecidas, sendo sua decisão qual plantar, lembrando que ele é o canteiro no qual elas germinarão. A oposta falava-lhe sobre frivolidades, tentando-o com oferendas de prazeres vindos pelo desacerto.

Mulher andando em um campo de flores segurando a barra do vestido
Flora Westbrook/Pexels

Aquele humano não conseguia ver as temerosas armadilhas a sua espera quando se livrasse dos santificados deveres, para consigo e para com os de sua espécie, ao cultivar a semente do bem.

Desprevenido, concentrou sua vontade no terreno das aventuras entregando-se ao desperdício de sentimentos, não atento à intuição do acerto que lhe vinha do espiritual.

Chegou a um ponto que o corpo material ficou tão fraco que quase não se movia. Não lhe fora dito que no materialismo cada objetivo a que nos propomos tem o respectivo preço.

O bandido, para cometer o crime, não faz questão de honrar o nome; a pessoa insensata, para obter prazeres, deixa de ser feliz; o ganancioso, para acumular bens, perde a paz; o bajulador, para obter regalias, corrompe o caráter. Portanto, tudo é pago.

O humano conturbou-se. Aloucado, foi para lá, veio para cá, gritava alucinado, sofria.

Ele viu ao longe um brilho e foi na direção, era o sábio. Travou-se o seguinte diálogo:

—Estou fraco, muito fraco! Você é forte, dê-me um pouco da sua força, preciso me reabilitar.

— Assim como o corpo necessita de alimento, você, espírito, precisa se nutrir pela sabedoria. – Respondeu-lhe o Sábio.

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— Senhor! Estou exausto, aflito, a minha força acabou, dê-me um pouco da sua, suplico! – O humano postou-se cabisbaixo.

— Você recebeu duas sementes, uma boa e outra má. Optou pelo cultivo da má. Entenda que a fortaleza está no que lhe é espiritual, cultive a boa semente que está em você para que se refaça, você é forte e não sabe.

Voltando ao nosso mundo real, essa historieta nos mostra que a nossa força é encoberta quando abdicamos do acerto permitindo que desacertos se instalem em nós. É preciso que vençamos a animalidade para que haja o desabrochar das flores da boa vontade, para que germine a semente do perdão e que verdejem virtudes. Somos espiritualidade providos pela força Divina, não a desperdicemos.

Sobre o autor

Vander Luiz Rocha

Vander Luiz Rocha, nascido na cidade de Conselheiro Lafaiete, no estado de Minas Gerais, Brasil, em 1939.

Criado dentro dos princípios da tradicional família mineira, teve no catolicismo a sua primeira religião.

Na adolescência, dos 7 aos 14 anos, fez, como interno, o Seminário Menor da Ordem dos Redentoristas, na época em Congonhas do Campo, MG. Naqueles momentos o cenário de vida foi o barroco e o fundo musical o canto gregoriano.

Deixando o seminário, tornou-se não religioso e se dedicou aos estudos e ao trabalho em Belo Horizonte. Inicialmente se formou em contabilidade e, posteriormente, graduou-se em administração, com o título de bacharel. A sua vida privada foi alimentada por essas profissões.

Em 1973, mudou-se com a família, esposa e três filhas para São Paulo, indo residir no ABC Paulista, em São Caetano do Sul, trabalhando em empresas da região, tendo se interessado pelo espiritismo e adotando-o em 1976 como escola de vida.

Após preparar-se em cursos feitos sob supervisão da Federação Espírita de São Paulo, SP, tornou-se servidor, no segmento palestrante, e expositor de cursos em casas de socorro espiritual, e com os socorridos muito aprendeu.

Nos dias atuais, continua a se dedicar à filosofia espiritualista, adaptando as palestras para textos escritos.

Possui várias obras editadas e ganhou prêmios literários.

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