Comportamento Convivendo Psicologia

Adolescência (2025): o silêncio que antecede o colapso

Imagem de um garoto adolescente usando um moletom cinza e brincos de argola. A foto faz alusão à série "Adolescência", da Netflix.
Flávio Santos / Pexels / Canva
Escrito por Carla Marçal

A minissérie “Adolescência”, 2025, retrata a dor silenciosa de jovens como Jamie, ignorados em sua complexidade. Sem apontar culpados, revela um sistema falho em escuta e acolhimento. Um alerta sobre ausências cotidianas que, somadas, levam ao colapso emocional.

Existe um tipo de dor que não grita. Que não pede ajuda com palavras. Ela se expressa no olhar opaco, na resposta curta, na ausência cada vez mais presente. “Adolescência”, a minissérie lançada em 2025, caminha exatamente por esse território: o da dor não dita. E ao fazer isso, acerta onde mais dói.

Jamie é um garoto que vai se apagando aos poucos. Não porque algo específico acontece com ele, mas justamente porque quase nada acontece. Ele é ignorado em sua complexidade. Mal interpretado por quem deveria enxergar. Lido como problema, quando, na verdade, estava pedindo ajuda.

O que se revela é uma sucessão de ausências. Pais que tentam, mas não alcançam. Professores que notam, mas não intervêm. Amigos que convivem, mas não escutam. A série não aponta culpados — apenas deixa claro como o descuido cotidiano, repetido e sutil, pode formar a base de um desastre.

Jamie representa muitos adolescentes de hoje. Aqueles que vivem num território confuso entre o mundo real e o digital. Que acumulam frustrações, expectativas e cobranças que não cabem mais no corpo. Que ensaiam todos os dias uma tentativa de pertencimento — mesmo que isso custe negar a si.

A construção da masculinidade aparece como um ponto de tensão constante. Jamie aprendeu que sentir é sinal de fraqueza. Que dor se resolve com raiva. Que vulnerabilidade é vergonha. Cresceu sem espaço para elaborar o que sentia. E quando esse acúmulo explode, ninguém entende.

Mas a série não se resume a Jamie. Ela aponta para um cenário maior: o das instituições que fracassam. Famílias com presença física, mas ausência emocional. Escolas que lidam com demandas gigantes sem ferramentas básicas de escuta. Um sistema inteiro que perdeu a capacidade de perceber sinais antes que seja tarde.

Do ponto de vista psicológico, “Adolescência” é quase um estudo de caso. Não de um garoto em crise, mas de uma geração à deriva. Vivemos um tempo em que os jovens se conectam o tempo todo — mas raramente se sentem verdadeiramente vistos. A hiper exposição contrasta com o vazio de não ter com quem falar de verdade.

A série não entrega soluções. E talvez isso a torne ainda mais necessária. Ela incomoda. Provoca. Põe a responsabilidade de volta no olhar de quem assiste. Porque, no fundo, a pergunta que ecoa é simples e brutal: quantos Jamies já passaram por nós sem que tivéssemos coragem de perguntar “o que está acontecendo com você de verdade?”.

Se esse desconforto te alcança, não o ignore. Às vezes, um gesto pequeno faz diferença. Um olhar mais atento. Uma conversa sem pressa. E, em muitos casos, a indicação de um acompanhamento psicológico.

Nenhum adolescente desmorona do dia para a noite. É sempre uma soma de silêncios, omissões e dores mal compreendidas. E se pudermos intervir antes do ponto de ruptura, talvez ainda dê tempo de mudar o final da história.

Sobre o autor

Carla Marçal

De uma carreira de destaque em grandes corporações à busca incansável por um propósito mais profundo, minha jornada de vida tem sido uma busca constante por significado e realização. Como psicóloga integrativa de formação, alcancei o sucesso profissional em níveis diretivos, acumulando todas as conquistas tradicionalmente associadas à felicidade.

No entanto, sempre senti que faltava algo, uma lacuna na minha busca pela plenitude. Paralelamente à minha carreira, mergulhei nos estudos do comportamento humano, obtendo formação como psicodramatista e aprofundando meu conhecimento em coaching, PNL, antroposofia e outras técnicas. Meu objetivo era claro: auxiliar indivíduos e organizações a prosperarem em processos de mudança, humanização e desenvolvimento pessoal e profissional. Mas ainda assim, algo essencial parecia escapar.

Em 2017, um diagnóstico de câncer de tireoide transformou minha vida de maneira profunda. Optei por um período sabático que se revelou um mergulho profundo em busca do meu verdadeiro propósito. Devorei livros, concluí cursos com diversos mentores e explorei todas as ferramentas disponíveis para desvendar meu destino. Foi nessa jornada de autoconhecimento que encontrei o ThetaHealing®, e minha vida deu um giro transcendental.

De cliente, me tornei terapeuta e instrutora oficial dessa incrível técnica. Além disso, obtive a certificação como operadora de mesa quântica estelar e mesa quântica estelar-pets, além de me tornar professora de MQE. Hoje, sou movida por uma paixão ardente pelo que faço, e vivo plenamente de acordo com meu verdadeiro propósito: espalhar luz, boas vibrações, alegria e energias positivas para ajudar pessoas e o planeta a desfrutar de uma vida plena e feliz.

Minha maior realização é auxiliar pessoas e animais a alcançarem a saúde mental, emocional e física que merecem. A transformação de vidas é a essência do meu trabalho, e estou dedicada a disseminar cura, amor e crescimento, proporcionando uma jornada de descoberta e renovação para todos aqueles que cruzam o meu caminho. Acredito que todos podem alcançar um estado de harmonia, e é isso que me impulsiona a continuar, cada dia, nessa incrível jornada de cura e evolução.

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