Sagrado Masculino

Autocuidado Masculino: uma postura rígida e o relapso com a saúde

Imagem de um homem lustrando o seu sapato preto. Ele usa terno cinza e está se autocuidando.
Quinn Kampschroer / Pixabay
Escrito por Eu Sem Fronteiras

Ainda que o ciclo natural do tempo nos locomova em constante mudança, é comum nos depararmos com situações que reflitam o modelo patriarcal até agora vigente na sociedade moderna. Embora as mulheres sejam protagonistas de peso e de dor na história, escapando de perseguições e lutando por um lugar reduzido para elas, o homem, por sua vez, colhe os frutos da autoridade atribuída a eles, nem sempre com vantagens, pois quando se trata de saúde a figura desse “herói” não é nada inabalável.

Em 2016, a Organização Mundial da Saúde (OMS) mostrou que a expectativa de vida da população mundial era em média de 74 anos para as mulheres e de 69 para os homens. Em 2019, por meio de um levantamento realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a estimativa obtida era de 80 anos para mulheres e de 73 anos para os homens, em terras tupiniquins. A realidade é que dentro do universo masculino temas sobre autocuidado continuam sendo considerados tabus. Por que será?

Imagem de um homem sem camisa passando um desodorante aerosol.
Ele está se autocuidando.
Hire Me. Link in About Me / Pixabay

Desde a infância, meninos são ensinados a não demonstrar sentimentos. Crescem aprendendo que devem ser corajosos, violentos, lutadores, provedores. Em grande maioria esse tipo de criação ocorre sob olhares viris de pais, avôs, tios, primos ou figuras masculinas que perpetuam certos padrões de comportamento tóxicos. Frases como “homem não chora” e “mulher gosta de macho” são alguns dos exemplos impressos e sustentados, infelizmente, no coletivo.

Na juventude garotos enfrentam a puberdade de maneira mais seca e reprimida, sem tanta abertura ao diálogo. Muitos assumem família e responsabilidades cedo, com pouca maturidade. Na maior parte dos casos, o compromisso com a saúde é delegado (ou é voluntário) à companheira ou à mãe. As razões para a recusa são variáveis e dependem de fatores e contextos distintos nos quais esse homem está inserido, no entanto a vulnerabilidade é a situação provável desses ambientes.

Esforço e dedicação marcam a densa saga de mudar a triste realidade da saúde do homem.

Em 2009, o Ministério da Saúde instituiu uma portaria visando a promoção de ações cautelares preparadas para um acolhimento adequado a esse público. A Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem (Pnaish) foi lançada de acordo com estes cinco pilares que dão base ao programa: acesso e acolhimento; paternidade e cuidado; doenças prevalentes na população masculina; prevenção de violência e acidentes; e saúde sexual e reprodutiva.

Diferentemente das meninas, que com mais frequência visitam o médico devido à menstruação e outras questões femininas, estudos da Pnaish, em conjunto com o Plano de Ação Nacional (PAN), revelaram que a procura do homem por atendimento ocorre quando a doença já se encontra em estado avançado. Nos casos de câncer de próstata, cerca de 60% dos pacientes chegam à primeira consulta com o quadro bastante crítico, segundo o Centro de Referência em Saúde do Homem do Estado de São Paulo.

Imagem de um homem fazendo acupuntura. Ele está deitado sobre uma maca. A acupuntura está sendo feita nas costas.
Acupunturacomunitaria / Pixabay

Até a concretização da Pnaish, pesquisas de mapeamento foram feitas entre homens de 25 a 59 anos nas seguintes localidades: Goiânia (GO), Joinville (SC), Petrolina (PE), Rio Branco (AC) e Rio de Janeiro (RJ). Os indicadores também apontaram para o desempenho dos profissionais da área, priorizando a capacitação de equipes e a divulgação da campanha como essenciais para diminuição dos problemas que afetam o progresso da abordagem de atendimento.

Falta de prevenção, medo, vergonha, exposição à fragilidade: vários são os motivos que contribuem para esse agravante. O alerta ganhou destaque com a campanha Novembro Azul, adotada pelo Instituto Lado a Lado pela Vida (LAL), em 2008, inspirada pela Movember, criada na Austrália. No ano de 2016, o Instituto do Câncer diagnosticou mais de 60 mil casos de câncer de próstata, identificando-o como a causa de morte de 28,6% da população masculina.

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As medidas adotadas servem para contribuir com a conscientização de todas as partes que envolvem o espaço do homem. Graças à internet, o debate ampliou-se. Assuntos do imaginário masculino como o machismo hoje estão em filmes, séries, programas de televisão, servindo de ensaios e testemunhos de avanços talvez ainda sutis. A verdade é que a cada passo em direção ao futuro a esperança sempre será de um cenário mais positivo e feliz.

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