Autoconhecimento

Carnaval e Emoções

Cachorrinho com plumas coloridas
Rosemary Ketchum / Pexels
Escrito por Ana Racy

Que bom estar de volta! Parece que entrei na ideia de que no Brasil as coisas só começam depois do Carnaval. Mas, será que isso é mesmo verdade? Podemos dizer que antigamente era mais fácil sentir que tudo ficava meio “travado” por causa disso. No entanto, esse ano tudo me pareceu diferente… O ano de fato começou logo no início de janeiro e isso me trouxe uma alegria muito grande, por ter trazido a perspectiva de um despertar. Hoje, as pessoas não querem mais perder tempo, tudo indica que o tempo urge, a tecnologia caminha a passos largos e, se nós não acompanharmos isso, ficaremos para trás, fora do ritmo e da evolução tecnológica e pessoal.

Estou dizendo isso porque uma das coisas que me chamou a atenção bem no começo do ano foi o interesse das pessoas pelo autoconhecimento. Procurar uma terapia, cursos de desenvolvimento pessoal já não assustam tanto. As pessoas querem saber lidar com elas mesmas e com os outros, desejam saber o que fazer quando se sentem decepcionadas, magoadas ou ofendidas. E não há forma mais eficaz do que se conhecer, saber identificar os seus sentimentos e emoções para a partir disso, começar a ter um domínio sobre suas ações e reações.

Mas, o que isso tem a ver com o carnaval? Estou ligando o fato de guardarmos muitos sentimentos para depois extravasar no carnaval. É como se durante todo o ano fosse necessário se manter na linha, sustentar a imagem de seriedade, aguardando o dia em que tudo isso pudesse ser colocado para fora, é como se nessa época tudo fosse permitido. É claro que estou falando de maneira geral e não passo aqui qualquer julgamento. Faço uso do juízo de razão analisando alguns comportamentos nesse evento chamado Carnaval.

O carnaval de Veneza, na Itália, é famoso por suas máscaras. Diz-se que era a forma dos nobres se divertirem sem despertar a atenção do povo.

Máscara de Carnaval
Pixabay / Pexels

Encontramos diferentes explicações para o início do carnaval e o site “Significados” nos traz que a palavra tem origem no latim “carna vale”, que quer dizer “adeus à carne”, provavelmente uma referência ao início do jejum de carne que deveria ser feito durante a Quaresma. Jejum esse que também era dos prazeres humanos. E é por esse motivo que trago a importância de refletirmos sobre a maneira que desejamos viver esse tempo de festa. Quanto mais nos conhecemos, menor é a necessidade de nos escondermos atrás de máscaras para liberarmos sentimentos não trabalhados em nossas vidas. Quanto mais nos conhecemos, mais podemos aproveitar de forma alegre e saudável. Saber quem somos nos permite dizer sim e não com segurança, em qualquer lugar e para todas as pessoas, sem que isso nos traga uma distonia ou uma culpa.

A marchinha de carnaval “Noite dos Mascarados”, autoria de Chico Buarque, era alegremente cantada pelos foliões. A letra nos passava a ideia de que no dia seguinte tudo voltaria ao normal, mas que no carnaval tudo poderia ser vivido e extravasado como dito anteriormente. Um trecho da música diz assim:

“Mas é carnaval, não me diga mais quem é você

Amanhã tudo volta ao normal

Deixa a festa acabar, deixa o barco correr, deixa o dia raiar

Que hoje eu sou da maneira que você me quer

O que você pedir, eu lhe dou

Seja você quem for, seja o que Deus quiser.”

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Longe de mim mudar a poesia aqui escrita ou o romantismo que isso costumava trazer, mas em tempos modernos se faz necessário refletir: quem está por trás da própria máscara? O que essa máscara esconde? Eu conseguiria fazer sem a máscara o que faço com ela? E, se conseguir responder a essas perguntas, segue o trio elétrico, deixa o barco correr, deixa o dia raiar e bom carnaval!!

Sobre o autor

Ana Racy

Psicanalista Clínica com especialização em Programação Neurolinguística, Métodos de Acesso Direto ao Inconsciente, Microexpressões faciais, Leitura Corporal e Detecção de Mentira. Tem mais de 30 anos de experiência acadêmica e coordenação em escolas de línguas e alunos particulares. Professora do curso “Psicologia do Relacionamento Humano” e participou do Seminário “O Amor é Contagioso” com Dr. Patch Adams.

E-mail: anatracy@terra.com.br