Chega de sonolência

Estamos nos encaminhando para o final do primeiro semestre de 2018, vivendo a pseudoemoção dos jogos da Copa do Mundo da Rússia.

O Brasil tem uma equipe com bons jogadores e um técnico que a imprensa diz ter resgatado a dignidade do pentacampeão, após a fraca atuação na Copa anterior. Não tenho muita certeza de que o classificaria assim…

Vejo hoje, com tantos atletas de várias partes do planeta atuando em diversos times europeus, um cenário em que não existem mais surpresas, pois os mais famosos dividem a mesma camisa e conhecem as suas maneiras de jogar futebol.

Enquanto isso, a população para o que está fazendo para se “embebedar” deste vício. O comércio fica alvoroçado, buscando vender camisetas da seleção, bandeiras e vuvuzelas, inventadas durante a Copa de 2010, na África do Sul, e que caíram nas graças do povo.

TVs e rádios veiculam massivamente informações sobre jogos, jogadores e as suas glórias e contusões, discutem os acontecimentos das partidas, viagens das equipes, além de divulgar turisticamente as cidades envolvidas no grande evento.

Ficam para segundo plano as movimentações políticas em um país que está a menos de quatro meses de eleições presidenciais e que vive em processo de recessão econômica, com milhões de desempregados, muitas revelações de casos de corrupção, que a cada dia nos mostram diversos acordos para manipulação de dinheiro, que poderia ser direcionado para beneficiar a população, e não para interesses próprios.

Poucos ouviram notícias sobre a greve geral na Argentina ou se movimentaram para que as crianças fossem desenjauladas de um ataque contra a imigração na América do Norte. Alguns tomaram conhecimento da soltura de um doleiro ligado ao ex-governador de um estado ou que um ministro afirmou haver ilegalidade e prisão de um ex-presidente.

Experimente fazer uma busca no Google, com a palavra Brasil. A grande maioria das notícias são sobre futebol. O restante, de menor importância, é sobre morte por dengue, salários X impostos, questões financeiras do país no mercado de crédito (somos um país com riscos de perder investimentos externos), a provável aprovação da lei dos agrotóxicos, que podem afetar negativamente a qualidade dos alimentos e, consequentemente, a saúde da população e também ao meio ambiente, lembrando que o uso de alguns pesticidas no Brasil está diminuindo o maior rebanho apícola do mundo, risco de problemas com a safra de 2019, problemas com abastecimento de gás, a batalha diária enfrentada pela população carioca e morte de inocentes em meio às trocas de tiros, problemas de infraestrutura que impedem o país de melhorar a sua competitividade com o mercado externo e de trazer melhor renda para a sua população e tantos outros assuntos que se perdem durante o “Maior Evento Esportivo do Quadriênio”.

Sei que é um processo doloroso, mas é preciso que o nosso país acorde, porque permanecer em berço esplêndido é atitude que não cabe mais em nossa realidade.

Referências (Consultadas em 26/06/2018)

1. https://jovempan.uol.com.br/programas/3-em-1/marco-aurelio-diz-que-prisao-de-lula-e-ilegal.html;

2. http://www.agricultura.pr.gov.br/modules/qas/uploads/1762/apis_90.pdf;

3. https://g1.globo.com/bemestar/noticia/brasil-tem-45-casos-de-mortes-confirmadas-por-dengue-chikungunya-e-zika-em-2018.ghtml;

4. https://economia.uol.com.br/noticias/reuters/2018/06/25/sp-coloca-notas-de-credito-de-empresas-do-brasil-em-revisao-por-mudancas-de-criterios.htm;

5. https://www.gazetadopovo.com.br/agronegocio/logistica/fim-do-frete-de-retorno-paralisa-venda-de-fertilizantes-e-provoca-fila-de-navios-21wk2wh2y45714o1p6q6lcd0k;

6. https://oglobo.globo.com/economia/brasil-precisa-investir-45-do-pib-em-infraestrutura-diz-cni-22819694;

7. https://g1.globo.com/economia/noticia/comeca-na-argentina-3a-greve-geral-contra-governo-de-macri.ghtml;

8. https://www.google.com.br/search?rlz=1C1AVFA_enBR755BR755&biw=1229&bih=585&tbm=nws&ei=uCEyW5GVCoX-wQTtya2IDg&q=brasil&oq=brasil&gs_l=psy-ab.3..0l10.36817.37955.0.39334.6.5.0.1.1.0.198.493.2j2.4.0….0…1c.1.64.psy-ab..1.5.501….0.OtVdOgyHKps.

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