Autoconhecimento Filosofia

Dia Nacional do Livro

Livros em pilhados com um no topo aberto
123RF | Maglara
Escrito por Luis Lemos

Hoje, 29 de outubro, Dia Nacional do Livro, gostaria de relatar o meu caso de amor com os livros. Confesso que quando criança, por questões econômicas, sou de uma família muito humilde, não tive contato com os livros. Foi somente com 18 anos de idade, quando entrei para o seminário, que eu ganhei o meu primeiro livro. Os meus colegas de caminhada vocacional me deram de presente, no dia do meu aniversário, o livro “Fernão Capelo Gaivota”.

Sim, “Fernão Capelo Gaivota” foi o meu primeiro livro! Lembro-me de que quando terminei de ler chorei como criança. Na ocasião, o padre diretor, vendo a minha aflição, perguntou: “O que aconteceu, Luís?” Infelizmente hoje eu não me lembro do que respondi para o padre, se é que respondi alguma coisa! Mas hoje eu me lembro de que foi ali que nasceram os meus três amores: amor aos livros, amor à leitura e amor à escrita.

Garoto sentado em cama abrindo livro com luzes de bolas acesas
Maël BALLAND / Pexels

Do longínquo ano de 1992 para cá, quantos livros eu já ganhei de presente? Quantos livros eu já li? Na humildade, posso dizer que foram muitos, dezenas, centenas, talvez, mas nenhum deles me marcou tanto quanto “Fernão Capelo Gaivota”. Um outro livro que também marcou profundamente a minha vida foi “Demian”, do escritor alemão Herman Hesse. Esse livro foi a minha porta de entrada para a literatura e para a filosofia alemã.

Lembro-me de que ainda como estudante de filosofia li “Crítica da Razão Pura”, “Crítica da Razão Prática”, “Metafísica dos Costumes”, “Crítica do Julgamento” e todos os outros livros do filósofo alemão Immanuel Kant que estavam na biblioteca do seminário naquele tempo. Quando li os livros “O Mundo como Vontade e Representação”, “A Arte de Ter Razão”, “O Livre-Arbítrio” e “As Dores do Mundo”, do filósofo alemão Arthur Schopenhauer, aprendi o verdadeiro sentido da palavra vida.

Homem sentado lendo livro
Nappy / Pexels

Os conceitos de justiça, sonho, coragem, dedicação, empenho, princípio, caráter, ética compreendi na leitura dos livros “A República”, de Platão, “Utopia”, de Thomas More, “A Cidade do Sol”, de Tommaso Campanella, “Elogio da Loucura”, de Erasmo de Roterdã, “O Príncipe”, de Nicolau Maquiavel, e de tantos outros livros que não cabe aqui mencionar, pois a lista seria extensa.

Os livros “Assim Falou Zaratustra”, “A Gaia Ciência”, “O Anticristo”, “O Nascimento da Tragédia”, “Além do Bem e do Mal”, do filósofo alemão Friedrich Nietzsche, “O Ser e o Nada”, de Jean-Paul Sartre, “A Insustentável Leveza do Ser”, de Milan Kundera, “A Luta pelo Direito”, de Rudolph von Thering, e “Dos Delitos e das Penas”, de Cesare e Beccaria, também foram de fundamental importância na minha formação intelectual e filosófica.

Fora os Evangelhos e as Cartas de São Paulo, na leitura da Bíblia Sagrada, o Livro de Jó sempre foi aquele que mais me chamou atenção. Até hoje, quando eu leio o livro de Jó, ele sempre me causa espanto e admiração. O personagem Jó é nosso contemporâneo. À semelhança dele, vemos muitos dos nossos dilemas estampados não apenas em suas reflexões mas sobretudo em seu sofrimento. Da mesma forma, atualmente com esta pandemia de Covid-19, quantos de nós hoje não estão sofrendo por alguma perda?

Sim, no seminário eu vivia para os estudos. Para quem não sabe, a rotina de um seminarista é a seguinte: oração e estudo, trabalho e oração, estudo e oração. Desde quando larguei o seminário, há 20 anos, nunca parei de aprender: sou professor. Desse convívio intenso com os livros, já escrevi cinco deles: “O Primeiro Olhar – A Filosofia em Contos Amazônicos”, “O Segundo Olhar – A Filosofia em Temas Amazônicos”, “O Terceiro Olhar – A Filosofia em Lendas Amazônicas”, “O Homem Religioso – A Jornada do Ser Humano em Busca de Deus” e “Jesus e Ajuricaba na Terra das Amazonas – Histórias do Universo Amazônico”.

Você também pode gostar

Por fim, e não menos importante, os livros são companheiros fiéis de todas as horas. Neles podemos encontrar conhecimento, paz de espírito, amor por uma causa, sabedoria, vida eterna. Por isso, tem razão Castro Alves: “Oh! Bendito o que semeia \ Livros à mão cheia \ E manda o povo pensar! O livro, caindo n’alma \ É germe – que faz a palma \ É chuva – que faz o mar!”

Sobre o autor

Luis Lemos

Luís Lemos é filósofo, professor, autor, entre outras obras, de “Jesus e Ajuricaba na Terra das Amazonas – Histórias do Universo Amazônico” e “Filhos da Quarentena – A esperança de viver novamente”.

Email: luisc.lemos@hotmail.com
Instagram: @luislemosescritor
Facebook: @luislemosescritor
Twitter: @luisclsilva
Youtube: Gota de Filosofia