Autoconhecimento

Esteja aberto aos novos ciclos

Árvore e fases nas estações.
Escrito por Renata Silveira

Os filósofos acreditam que a natureza é a maior de todas as mestras. Contemplar o Universo e suas mutações, é o mesmo que dar sentido à nossa própria existência. Se a natureza passa por transições contínuas, entende-se que, como membros, também estamos destinados ao mesmo.

“A inércia é que é sinônimo de morte. A lei da vida é mudar.” Simone de Beauvoir

A natureza nunca foi inerte, ela é cíclica e dá sentido aos nossos próprios ciclos. Durante a alfabetização da vida, acabamos nos prendendo a um único estágio e dissipamos o aprendizado que deveríamos reter. Para dar continuidade ao movimento, dê voz ao tempo. Como co-criadores de nossa realidade, é preciso inserir pontos finais em nossas fases – sejam boas ou ruins – a fim de liberar o fluxo para alcançarmos novos níveis psíquicos a cada estação.

“Assim como as estações, a vida tem ciclos. Os melhores dias são como memórias antigas de um verão regado de risadas, de aventuras e de calor. Mas depois do verão vem o outono. As folhas caem, as circunstâncias mudam. E o inverno é tão traiçoeiro que é quase impossível notar quando de fato começa e quando termina. Os dias são escuros, mais curtos. Parecem saber que se fossem longos derrubariam até os mais valentes entre nós. As estações nos dão a oportunidade de redescobrirmos o significado do que é paciência. Nos levam à reflexão, à esperança de uma nova primavera. No outono, no inverno, esperamos a primavera chegar. E assim como as estações, a vida.” Tiago Arrais

Dente-de-leão.

Enxergar os movimentos naturais da vida por um viés mais sensível, é primordial para o entendimento do todo. A autoanálise nos permite ressignificar períodos não tão felizes e entender o propósito de cada situação.

Já se sentiu preso a uma fase que deveria ter se encerrado? Paga-se um preço alto quando estagnamos e desperdiçamos o transcorrer da vida. Insistir no que já se cumpriu ou deveria ter se cumprido, é criar labirintos sem saída. Enquanto estivermos rejeitando o que o inverno tem a nos ensinar, simbolicamente, estaremos dizendo ‘não’ à chegada da primavera. Com o advento de um novo ciclo, as novas oportunidades se multiplicam.

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Devemos ter a coragem de apreciar cada segundo do bom momento, deixando-o livre para ir. Assim como devemos ter coragem de olhar nos olhos da tristeza com amorosidade, procurando nela o seu propósito. Não queira chegar a outro destino com pendências a resolver. Enquanto tudo não for pago, a dívida se multiplica com os juros do tempo perdido. Siga enquanto houver trilha, ou de nada valerá o esforço de sua caminhada.

“É próprio de uma mente segura de si e sossegada poder percorrer por todas as épocas de sua vida.” Sêneca

Não se apresse e não se demore. Olhe para si com olhos de turista e percorra lugares que ainda não foram descobertos. Cada nova experiência, designa uma nova faculdade. A extração de ouro é feita por garimpeiros – em meio à lama, entre rochas que cercam os rios e riachos-, aplique o mesmo para os seus problemas e faça um garimpo interno, certamente encontrará riqueza suficiente para lidar com os desprazeres que te cercam. Analisar o cerne de cada momento com o intuito de aprimorar-se, é ser legitimamente grato à própria existência.

“Quando alguma coisa acontece a você; recorde sempre de voltar-se para dentro de si próprio e perguntar com qual faculdade você tem de lidar.” Epiteto

Também se faz necessário permitir a ida do calor para a chegada do inverno. Enquanto os ciclos forem passando, toda dor dispensada se converterá em verões cada vez mais enraizados de felicidade. Tenha, merecidamente, um verão genuíno, mas saiba que a paz de espírito não só depende da estação do ano, mas sim, da qualidade de seus pensamentos.

O filósofo Epiteto acredita que, para ter paz em toda e qualquer estação, basta não questionar porquê os eventos não aconteceram tal como você desejava, mas deixar que os eventos aconteçam tal como eles ocorrem. Nada tem o poder sobre a nossa harmonia senão nós mesmos, e se somos inteiramente responsáveis pelo estado de espírito que nos incide, não tem porque temer o novo.

“Não existe nada de permanente a não ser a mudança.” Heráclito de Éfeso

Dar sentido à vida é ser arquiteto da própria existência, é ter autonomia para encerrar, iniciar e ressignificar ciclos. Não deixe no piloto automático o que pode ser coordenado por você. Independentemente do que dizem as cartas, os búzios, os astros e a sorte, chegou a hora de tomar as rédeas do seu destino. Escreva a sua história de mãos dadas com todas as dores e alegrias que te fizeram chegar até esse capítulo da vida.

Feliz novo ciclo!

Sobre o autor

Renata Silveira

Jornalista, escritora e estudante de filosofia.

Aplico conceitos filosóficos em temas que têm ajudado a nossa geração a encontrar sabedoria e equilíbrio. Os textos são sobre autoconhecimento, desenvolvimento pessoal, espiritualidade e comportamento humano.

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