Comportamento Convivendo

Vaidade: um primeiro estudo

Mulher desenhando a própria imagem.
Escrito por Andrea Fray
Atire a primeira pedra!

Quem já não se vangloriou por causa de um elogio? Quem não se orgulha de ser conhecido como vaidoso? Quem já não se sentiu sobrepujado por um comportamento vaidoso de algum colega?

São muitas as atribuições conceituais à palavra vaidade. Mas, afinal, o que é a vaidade? Pois bem, para responder vamos recorrer à etimologia da palavra e aos significados apresentados no dicionário.

A vaidade, conhecida por ser um dos sete pecados capitais, é um termo originário do latim – ‘’vanitas, vanitatis” – que, curiosamente, significa VACUIDADE, ou seja, o que é próprio do vácuo, VAZIO ABSOLUTO!

Homem se olhando no espelho.

No dicionário da língua portuguesa, vaidade é: 

1. substantivo feminino,

2. uma qualidade do que é vão, vazio, firmado sobre aparência ilusória; 3. a valorização que se atribui à própria aparência ou a quaisquer outras qualidades físicas ou intelectuais, fundamentada no desejo de que estas sejam reconhecidas ou admiradas por outrem.

Somando-se a todos estes significantes, pergunto a você, leitor:

Se a vaidade é uma qualidade do que é vão e fundamenta-se na admiração alheia, sendo tal qualidade baseada em vazio, o que é de fato esta qualidade? 

Vazio + vazio = vazio?

Farsa?

• Será o comportamento vaidoso uma necessidade absoluta de preencher tal vazio (vazio de si?) com uma ou mais qualidades que a própria pessoa admira e deseja, mas sente não as possuir? É algo que está aos seus próprios olhos, mas que a pessoa não vê?
• O olhar das outras pessoas é, então, um espelho que refletirá a mais convicta imagem do que se quer ser, mas não o é? O olhar do outro é uma possibilidade de ser?

• O olhar do outro é uma ferramenta para um reconhecimento um pouco menos vazio?!

Que dor!

Podemos dizer que o vaidoso, então, engana-se ao enganar aos outros? Finge alimentar-se e satisfeito sem nunca ter nada ingerido, sem nunca ter sentido um único gosto! Fantasia?! Um ator!

Conjunto de adereços de beleza, espelhos e uma foto de uma mulher.

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Segundo S. Tomás de Aquino, a vaidade é de forma indubitável o pior dos sete pecados capitais, sendo este, em sua visão, o responsável pelos outros seis. Diz: “Onde não há vaidade, não há gula, porque o alimento é visto como sustento, e não como objeto inanimado dos desejos – E, sabemos da natureza dos desejos, inesgotável. Basta realizá-lo que logo surgem outros tantos. – Sem vaidade, a avareza perde sua razão de ser, levando consigo a inveja, pois não há por que malograr a felicidade alheia, ou seja, não há comparações. À ausência da vaidade segue a da ira, porque os julgamentos tornam-se lúcidos, as imperfeições de outrem, similares às nossas, posto que inerentes ao ser. Quando a vaidade não viceja, a luxúria descobre-se supérflua e desnecessária. Sem vaidade, não há preguiça, pois inexiste o orgulho por nada fazer para se ganhar a vida”.

Já Schopenhauer, em seu livro Metafísica do Amor, conclui que “a vaidade é o desejo de despertar nos outros a convicção de sua superioridade, com a esperança secreta de chegar por fim a convencermos a nós mesmos. A vaidade é faladora e precisa de aplausos”.

E eu, que vos escrevo, concluo que:

‘’a vaidade é um sentimento sutilmente perigoso, empobrecedor e limitante, dependente de sentir o que se é a partir da manipulação dos olhares e aplausos alheios de forma que o ser só se reconhece a partir da aprovação e validação dos outros’’.

Sigamos em frente com a coragem de nos vermos em nosso tamanho real, com forças e fragilidades, confiantes na abundância do universo e na infinitude do tempo. Podemos ser apenas o que somos hoje, no aqui e no agora!

Sobre o autor

Andrea Fray

Terapeuta integrativa sistêmica, pós-graduada em psicologia cognitiva e comportamental com ênfase em terapia familiar e de casal, master em hipnose conversacional (Change Work) e coach - life, leader, professional (turn point).

Possui também especialização em meditações ativas, gestão de pessoas e formação em processos gerenciais.

Idealizadora do método CCD (Current Context Diagnosis) de terapia breve.

Pesquisadora, escreveu artigo científico, abordando a autenticidade como método na clínica psicológica.

Atua desde 2005 realizando atendimentos individuais e para grupos com crianças, adolescentes e adultos em espaços terapêuticos, escolas, CAPSIS, promovendo projetos próprios na área de desenvolvimento humano, atendendo demandas de forma exclusiva, criando propostas e processos totalmente particulares.

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