Transtornos Alimentares

Ortorexia: entenda esse tipo de comportamento obsessivo

Mulher negra segurando uma vasilha cheia de alimentos saudáveis
Shotprime / Canva
Escrito por Eu Sem Fronteiras

Se você perguntar para um médico, todos eles vão dizer que o segredo para uma vida saudável é praticar exercícios físicos e, é claro, comer bem. Uma dieta rica em verduras, legumes, frutas e outros alimentos é benéfica para todo o corpo. Mas quando a vontade de se alimentar corretamente vira obsessão, ela se torna um problema: a ortorexia.

Neste artigo do Eu Sem Fronteiras, você vai entender o que é esse transtorno, quais são os sintomas, por que ele aparece e como combater. Leia com atenção e aprenda a ter uma relação equilibrada com a comida.

O que é ortorexia?

Especialistas dizem que a ortorexia, também chamada de ortorexia nervosa, é um transtorno alimentar tal qual a bulimia e a anorexia. Mas enquanto estes estão ligados à forma dismórfica de enxergar o próprio corpo, a ortorexia tem a ver com a preocupação excessiva com a saúde alimentar.

Pessoas com ortorexia só comem alimentos puros que não contenham agrotóxicos ou contaminantes, com baixo teor de gordura e açúcar. Produtos de origem animal, por exemplo, ficam de fora da dieta.

Além disso, elas também restringem o modo de preparo dos alimentos, o qual não pode conter a adição de muito sal, açúcar ou gordura. Por isso, comer fora de casa pode ser um tormento.

Atualmente, a ortorexia ainda não foi reconhecida como um transtorno alimentar de fato pelo DSM-5, o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais. Mas o tema chama a atenção e vem sendo bastante discutido.

Existe alguma relação entre vigorexia e ortorexia?

Outro transtorno que os especialistas estão de olho, mas que ainda não entrou para a DSM-5, é a vigorexia. Essa condição, também conhecida como dismorfia muscular, atinge principalmente homens e tem a ver com a distorção da imagem corporal.

Sacola com vários produtos naturais, entre eles cenoura, ovos, maçãs.
juststock de Getty Images / Canva

Ela não tem relação direta com a ortorexia, ainda que a preocupação com o corpo possa se estender à alimentação. Na prática, a vigorexia está mais próxima da bulimia e da anorexia, fazendo com que os pacientes achem que não são musculosos o suficiente em todas as partes do corpo. Como consequência, exageram na prática de exercícios físicos e na adoção de dietas que promovam hipertrofia muscular.

Quais são as causas da ortorexia?

Tanto a vigorexia quanto a ortorexia têm raízes comuns, uma delas é a pressão da sociedade pelo corpo ideal. Em geral, pessoas que se preocupam exageradamente com a própria alimentação o fazem por baixa autoestima ou por já terem passado por situações de discriminação em relação ao seu peso.

Esse é um problema causado pelos padrões de beleza impostos em nossa cultura, que levam as pessoas, especialmente os jovens, à busca de um corpo que só existe nas revistas e nas redes sociais.

Saiba quais são os sintomas da doença

Incentivados pelos padrões estéticos, as pessoas com ortorexia apresentam diversos sintomas além da preocupação excessiva com os alimentos consumidos e a sua forma de preparo. Alguns deles são:

  • Culpa ou sentimento de estar “impuro” quando come algo que não seja considerado saudável;
  • Adoção de dietas cada vez mais restritivas, em que há mais alimentos proibidos do que permitidos;
  • Exclusão definitiva de determinados alimentos, como transgênicos e aqueles com agrotóxicos, corantes, conservantes, gorduras, carboidratos, açúcar ou sal, bem como aqueles de origem animal;
  • Evitar comer fora de casa, em restaurantes ou com a família;
  • Dependência exclusiva do que come para ter bem-estar;
  • Dificuldade em flexibilizar as regras de alimentação em ocasiões sociais;
  • Problemas físicos, como desnutrição, queda de cabelo, problemas de pele ou mudanças na menstruação.

Você sabe quais são as consequências da ortorexia?

Todas essas aflições interferem diretamente na vida da pessoa com ortorexia. Os problemas podem ser físicos ou sociais.

Mulher comendo comida saudável enquanto rejeita um prato de frango
Panupong Piewkleng de Getty Images / Canva

Os problemas físicos envolvem perdas nutricionais, anemia, ostopenia, unhas fracas, mau funcionamento de intestino e outros desarranjos do organismo. Já no caso dos problemas sociais, o paciente tem muita dificuldade em sair com amigos ou familiares quando esses passeios envolvem comer fora. Muitas vezes, eles levam a comida de casa ou até recusam o convite.

Além disso, o tempo que se perde pensando e preparando os alimentos acaba afastando a pessoa de seus entes queridos e comprometendo suas vivências sociais. Passar no bar depois do trabalho para relaxar com os colegas, por exemplo, não é uma possibilidade. Em geral, ela tende a não fazer refeições em grupo para evitar julgamentos.

No entanto, a ortorexia não precisa ser enfrentada sozinha. Abaixo, vamos saber mais sobre o diagnóstico e o tratamento dessa condição.

A ortorexia tem cura?

O diagnóstico da ortorexia é majoritariamente feito por um psicólogo ou psiquiatra após a investigação do histórico do paciente. Uma vez que o transtorno seja identificado, é preciso seguir um tratamento multidisciplinar que envolve médicos, psicoterapeutas e nutricionistas.

A ortorexia tem, sim, cura, mas exige tempo e paciência. Assim como qualquer outro transtorno alimentar, os cuidados com o corpo e a mente se estendem pelo resto da vida. A seguir, vamos ver quais são os tratamentos disponíveis.

Quando o tratamento é necessário e quais são eles?

A intervenção médica se torna fundamental a partir do momento em que a preocupação com a alimentação saudável começa a ter consequências negativas na vida do paciente. A partir do diagnóstico, o tratamento envolve:

Sanduíche com fita métrica enrolada nele
stevepb de pixabay / Canva
  • Acompanhamento psicológico para mudar a relação da pessoa com o alimento;
  • Readaptação alimentar guiada por um nutricionista e, em algumas situações, um educador físico;
  • Prescrição de suplementos nutricionais se houver deficiência de vitaminais, nutrientes e minerais no organismo;
  • Acompanhamento médico de outros especialistas se houver alguma problema específico causado pelas restrições alimentares.

Nesse período, o apoio da família é extremamente importante.

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Ao aceitar receber ajuda, a pessoa com ortorexia deixa de ver a comida como um vilão e passa a ter uma relação muito mais saudável com a própria dieta. Além disso, ela também trabalha a autoestima e entende que os padrões estéticos não precisam ser seguidos para se sentir bem.

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