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Quando a música era afeto

Uma mulher está sentada no seu sofá com uma xícara na mão. Ela escuta música nos seus fones de ouvido, fecha os olhos e sente a música.
Yuganov Konstantin / Canva
Escrito por Luis Lemos

Você já sentiu saudade de um tempo em que a música parecia tocar direto o coração? Uma simples tarde diante da TV despertou lembranças, silêncios e afetos esquecidos. Descubra como sons do passado ainda ecoam fundo em nós. Continue a leitura!

Neste final de semana, numa tentativa de escapar da rotina dos aplicativos de celular e das redes sociais que nos engolem por dentro, resolvi me desconectar. Peguei o controle remoto, algo quase esquecido na sala, e liguei a TV. Fui pulando de canal em canal até que parei diante de um daqueles canais locais que passam clipes musicais dos anos 70, 80 e 90.

Não sei explicar bem o que aconteceu, mas ali, diante da TV, fui puxado de volta no tempo. Foi como se um túnel se abrisse entre o hoje e aquele passado, embalado por vozes que pareciam cantar diretamente para o meu coração. Foi um instante de cura interior, uma nostalgia boa, daquela que faz a gente chorar de emoção, um choro bom, verdadeiro, puro. Vi-me adolescente outra vez, ouvindo aquelas letras profundas, melodias que não precisavam gritar para emocionar.

Fiquei me perguntando: será que os poetas daquela época eram mais inteligentes que os de hoje? Ou será que era a própria sociedade que andava mais doce, mais elegante, mais sincera? Havia ali uma beleza natural, honesta, sem filtros. Uma arte que parecia não ter pressa, e que se permitia dizer mais com menos.

Um homem está sentado no seu sofá assistindo televisão atento. Ele está abraçado a uma almofada e segura o controle da televisão na mão. Ao lado, há um pote com pipocas.
Vitaly Gariev / Pexels / Canva

As imagens dos clipes me fizeram sorrir: cabelos volumosos, roupas coloridas, coreografias engraçadas, mas nada ali soava ridículo. Ao contrário, era tudo cheio de verdade. Aquilo era gente real cantando sentimentos reais. Lembrei-me do tempo em que gravávamos músicas diretas do rádio, esperando ansiosamente aquela faixa especial, com o dedo no botão “REC” da fita cassete.

De repente, senti que estava em um lugar seguro, um tempo em que os amores eram mais lentos, os olhares mais demorados e até as dores vinham acompanhadas de uma boa canção. Lá fiquei. Recusei-me a sair. Até que o destino, sempre muito irônico, decidiu me acordar com um choque de realidade.

Passou um carro de som na rua, daqueles que parecem carregar uma rave inteira no porta-malas. O volume fazia tremer os móveis da casa. E o que tocava? Um “batidão” com um refrão impublicável aqui. Confesso: voltei para o presente assustado, como quem acorda de um sonho bonito em meio a um barulho estridente.

E assim, com os ouvidos ainda feridos e o coração meio saudoso, percebi que talvez o mundo não tenha piorado, talvez só tenha mudado o tom. Mas eu sigo sintonizado na frequência de antes, onde a música era mais que barulho: era afeto, era tempo bem vivido.

E você, o que acha das músicas de hoje em comparação com as das décadas mencionadas aqui?

Sobre o autor

Luis Lemos

É professor, filósofo, escritor, autor, entre outras obras de, “O primeiro olhar A filosofia em contos amazônicos" (2011), “O homem religioso A jornada do ser humano em busca de Deus” (2016), “Jesus e Ajuricaba na terra das amazonas Histórias do universo amazônico” (2019), “Filhos da quarentena” (2021) e “Amores que transformam” (2024).

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