Convivendo

Resiliência é quase fé

Escrito por Zil Camargo

Nunca tive dúvidas de que o universo conspira a nosso favor. Se, em algum momento, cheguei a pensar em duvidar, as situações me mostraram que eu não deveria duvidar.

O universo conspira, sim, a nosso favor, mas é importante estarmos abertos para observar e receber de mente aberta os sinais dessa conspiração.

Quando a gente não sabe o que fazer, mas consegue silenciar a mente e dar um tempo para ver aonde as coisas vão parar naturalmente, se sente mais confortável.

Nosso lado racional pode não entender ou se contradizer, mas, se entramos num fluxo natural, de onde, aliás, nunca deveríamos sair, tudo vai se ajeitando, se transformando e nossas intuições (ou o nome que você quiser dar) vão nos conduzindo.

Eu gosto de pensar que o princípio básico para esse movimento receptivo dos sinais do universo é a resiliência.

Li em algum lugar que um dos significados de resiliência é voltar ao estado anterior, o que, de certa forma, pode ser aplicado para tudo, no plano material ou no plano emocional. No entanto, colocados nesses termos, tenho a impressão de que isso é tão intangível, que eu não seria capaz de chegar a este estado.

resiliência

Prefiro dizer, e sem fugir do significado literal, que resiliência é quase fé. É uma virtude humana que mantém nossa esperança e, por que não dizer, a saúde mental.

Todos já passamos por situações pelas quais nenhuma ação poderia mudar os fatos e, identificada essa imutabilidade, dois caminhos podem se apresentar: o desespero permeado pela frustração e impotência (até as palavras são pesadas, imagine o sentimento!) ou a análise de nossas capacidade de adaptação e superação.

Sendo um processo de adaptação, não nos tornamos resilientes da noite para o dia. Algumas vezes, inclusive, ações externas serão importantes para o desenvolvimento dessa habilidade.

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Pessoas que nos incentivam, acolhimento e afeto podem amortecer a queda, por assim dizer, mas as nossas condições internas é que serão determinantes para que, através de nossas vivências pessoais, possamos desenvolver confiança, responsabilidade pelas próprias escolhas e a capacidade de lidar com eventos novos.

Crer que “amanhã será outro dia” é mais que um jargão. De fato, novas possibilidades se apresentarão para nossa contínua caminhada; ter ciência disso é um gesto de resiliência e também de fé.

resiliência

Ser resiliente não quer dizer se acomodar, pois essa habilidade prima pela recuperação, pela volta ao estado anterior. Ter resiliência é treinar a paciência e recuperar a coragem.

Nas minhas experiências individuais, o desenvolvimento da autoestima, a disposição para resolver questões de identidade e uma boa pitada de senso de humor têm sido recursos importantes para que eu me sinta à vontade no universo, assumindo minhas vulnerabilidades e buscando o equilíbrio face às adversidades.

Sem dúvida nenhuma, a espiritualidade sadia, que oferece a possibilidade de reconstrução dando um sentido coerente à existência, é o suporte primordial para ter à disposição condições de entendimento e superação.

Seja como for, resiliência é uma habilidade e, como tal, deve ser desenvolvida. Para bem desenvolvê-la, é necessário acreditar que é possível. Logo, como supracitado, resiliência é quase fé.

Então, quando alguma adversidade se apresentar, acredite, sobretudo em si mesmo, e siga em frente.

Sobre o autor

Zil Camargo

Na diversidade de cada ser, é injusto com a vida, neste mar de experiência que ela concede, tentar nos definir assim, com meras palavras.

Mas dentro de mim mora alguém inspirada, sensível, às vezes curta ou grossa, ora dramática, ora objetiva.

Mãe, artesã, escritora amadora; consultora para ganhar a vida e interessada no comportamento humano.

Estudiosa de assuntos relacionados à psicanálise, filosofia e espiritualidade; uma aprendiz procurando desenvolver oportunidades em busca do bem viver.

Contato: zilcamargo@hotmail.com