Autoconhecimento

Será que tóxico é sempre o outro?

Pessoa colocando seu dedo no reflexo do espelho
Jenna Hamra / Pexels
Escrito por Eu Sem Fronteiras

“Eu não merecia isso!”. É comum que pensemos isso quando passamos por alguma situação incômoda que nos machuca. A vitimização é comum ao ser humano, é algo pelo qual sempre passamos e é quase um reflexo, uma autodefesa, porque é mais fácil colocar a culpa no outro do que encarar sua própria responsabilidade, não?

Então é comum apontar como tóxicos os (ex-)parceiros afetivos, os (ex-)amigos, os familiares, colegas de trabalho, professores, chefes e tantas outras pessoas. Mas e você? Será mesmo que você nunca foi tóxico na vida? Será mesmo que tóxico é sempre o outro?

Julgamentos e mais julgamentos

Quando você se coloca na posição de alguém que pode julgar as atitudes dos outros, é normal encontrar mil e uma críticas na maneira como eles escolhem viver, então você passa a criticá-los por não terem sido mais honestos, sinceros, responsáveis, e por aí vai. Mas você certamente já cometeu alguns desses mesmos erros na vida!

Mulher pensativa no sofá da sala
Alex Green / Pexels

Vai dizer que nunca traiu a confiança de alguém? Que nunca se percebeu agindo de maneira egoísta? Que não foi irresponsável afetivamente alguma vez na vida? Que nunca machucou ou objetificou as pessoas com quem se relacionou? Que não considerou somente o seu lado em uma relação?

Mentira, inveja, ciúme, brigas infantis, mágoas por coisinhas bobas e pequenas, manipulações, chantagens emocionais… Todas essas palavras são bem feias, e é desconfortável assumir que, sim, já cometeu esses erros e que é até provável que volte a cometê-los.

Então eu sou tóxico?

Se você julga como tóxico alguém que acaba mentindo, traindo, sendo egoísta ou invejoso, é bem provável que você se enquadre nessa categoria também, não é mesmo? Mas há uma alternativa a isso, uma alternativa que faz com que nem você nem o outro sejam tóxicos.

Mulher abraçando suas pernas de olhos fechados
Rafael Barros / Pexels

Nossa mente, tão acostumada às ideias maniqueístas de bem e mal, bastante influenciadas pela religião cristã, costuma classificar as pessoas como boas ou ruins, ignorando o fato de que todos podemos errar na vida, e que provavelmente erraremos, mas isso não faz de nós pessoas ruins.

Se você já errou e não se considera uma pessoa ruim, por que deveria considerar o outro tóxico quando ele comete um vacilo que você já cometeu ou pode vir a cometer?

Todos estão aprendendo

Na canção “Ainda Há Tempo”, o rapper Criolo canta os seguintes versos: “As pessoas não são más, elas só estão perdidas”. E se, em vez de sair acusando todo mundo de ser tóxico a torto e a direito, você tentasse compreender que, assim como você, todos estão aprendendo? Errando e aprendendo.

Homem olhando para o horizonte
Lukas Rychvalsky / Pexels

Quantas pessoas que já traíram tanto só entendem a dor de uma traição ao serem traídas? Quantos esculacharam pessoas de suas vidas chamando-as de mentirosas, mas se pegaram mentindo pouco tempo depois?

Não somos máquinas programadas para sempre fazer o certo. O que é o certo, aliás? E também não somos máquinas que erram uma vez, inserem na programação o aprendizado com esse erro e jamais voltam a errar assim. Às vezes, repetimos o erro, frequentemente sem nem percebermos no momento.

O veneno em todos nós

A verdade é que, como seres humanos, estamos sempre confusos, sempre aprendendo, sempre lidando com um monte de coisas para as quais não fomos preparados, porque a vida não vem com um manual de instruções. Quantas vezes, por estar ferido ou mesmo confuso, você feriu alguém também?

O tal do veneno de quem é tóxico, se existe, está em todos nós. Está no outro, mas em você também. Ou talvez não esteja em ninguém, já que somos todos humanos, suscetíveis ao nosso egoísmo, aos nossos sentimentos, aos nossos desejos e às nossas dificuldades.

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Carl Jung, o famoso psiquiatra, escreveu que “ninguém se torna iluminado por imaginar figuras de luz, mas sim por se tornar consciente da própria escuridão”. Quando apontamos o dedo para a escuridão do outro, portanto, é a nossa própria escuridão que estamos julgando, consequentemente.

Portanto, quando for julgar o outro, quando for chamar o outro de tóxico, lembre-se de que você está se ofendendo também. Um dia, quem sabe, você pode cometer o mesmo erro, mesmo que jure, hoje, de pés juntos, que não. Ao enxergar o outro com mais empatia, enxergamos nós mesmos assim. Pratique a empatia e veja menos veneno e menos gente tóxica no mundo!

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