Convivendo

Vinho ou Champagne

Taças de cristal de vinho e de champanhe no fundo de luzes de Natal.
Escrito por Bruno Soares
A melhor forma que tenho para condensar e absorver, de forma verdadeira, os conhecimentos adquiridos através de leitura, música e palestras é durante as práticas esportivas. Tenho a impressão de que, quando estou estudando ou refletindo sobre as questões do mundo em que vivo, estou “comendo” conhecimento. De certa forma, quase me empanturro, e para que eu possa metabolizar isso, preciso fazer minha digestão, por isso nada mais eficiente para a digestão do que movimentar-se. Não somos feitos do que comemos, somos feitos do que assimilamos.

Já algum tempo, não sou fã de datas comemorativas, e isso mesmo antes do meu despertar. Lembro-me de passar sozinho algumas datas como esta, indo dormir cedo e tendo como ceia a metade de um mamão, sem problema.

Não sei, talvez fosse minha parte consciente falando comigo, dando dicas, dizendo que isso era desnecessário, e que posso fazer melhor do que comer e beber como se não houvesse amanhã, e que fraternidade eu poderia mostrar todos os dias nos pequenos gestos entre as pessoas que estão ao meu redor. E para fazer, não precisaria estar com uma roupa nova ou sair distribuindo presentes por aí. 

Na última semana antes do Natal, fui fazer um estudo de campo. Peguei minha bike e pedalei por cidades vizinhas e pela minha, onde pude constatar algo que eu já sabia há algum tempo, mas precisava ver para poder escrever estas palavras que o leitor está lendo agora. O comportamento das pessoas nestes últimos 10 dias do ano se assemelha muito com a bebida espumante que é usada para celebrar as datas comemorativas e que tem bolhas que fazem cosquinhas na boca: o champanhe. Parece que todos sofrem uma pressão tremenda durante doze meses, trabalhando muito, estudando muito, ouvindo palavras de opressão, engolindo a seco suas opiniões, sofrendo todo tipo de assédio. E quando finalmente podem, explodem num furor, de uma vez só, tentando ser felizes como não foram nos últimos 355 dias. E como o período é curto, precisam tirar o atraso de 12 meses, então comem demais, bebem demais, e gastam demais. Digo a vocês: quando um sujeito é submetido a muito tempo de privações, tende a ter uma dificuldade séria de discernimento. Por isso, em datas desse tipo, tudo é consumido e pouco avaliado, “se está na mesa é para comer”. Mas todo carnaval tem seu fim, e, passado o frisson das comemorações, todos voltam para sua vida “normal, pacata e chata” Fim… ou não. 

Silhueta de mulher segurando taça de champanhe em um terraço com o por do sol ao fundo.

E se ao invés de concentrarmos nossa felicidade em apenas dez dias, fossemos capazes de distribuir isso por 365 dias, como se fossem doses homeopáticas de felicidade?
E se nos comportássemos como um vinho – encorpado, intenso e de gosto marcante? E se fôssemos menos fúteis e voláteis e puséssemos um pouquinho do nosso coração em tudo que fazemos? E se todos os dias pudéssemos ter 40 minutos só nossos? E pudéssemos ter ouvidos e olhos atentos a tudo que fizéssemos, e se pudéssemos parar de fazer tudo no automático e ver o outro além de nós, todos os dias? Não seria melhor do que ficar esperando o final do ano para sermos felizes?

E se imaginássemos nossa vida como um pêndulo, e estar vivo significasse manter-se entre felicidade e tristeza? Quando houvesse um pico de um dos lados, consequentemente teríamos um pico do outro. Não seria mais correto mantermos esse pêndulo o mais equilibrado possível? Nem muito para cá, nem muito para lá?

E você, o que prefere: vinho ou champanhe?


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Sobre o autor

Bruno Soares

Acredito que para evoluir devemos deixar para trás hábitos e costumes que julgamos ser "parte de nós". Para que possa despertar é necessário questionar padrões estabelecidos, questionar se você é assim, ou você esta assim? Você tem escolha de ser uma pessoa melhor, melhor com você, com seu corpo e com sua mente, saber que quando está em equilíbrio, tudo isso transborda e todos a sua volta ganham. Platão dizia: "Que a melhor coisa que podemos fazer por aqueles que amamos é evoluir". Evolução essa que pode ser feita de diversas maneiras, mais todas passam pelo seu corpo e sua mente. Estou aqui para ajudar você a despertar e descobrir o quão maravilhoso e poderosos podemos ser.
Gostaria de oferecer, uma oportunidade para que possa encontrar um caminho, menos egoísta e mais centrado. Posso te acompanhar em qualquer modalidade esportiva, porém tenho facilidade em corrida e bike (são as atividade que me capacitaram descobrir quem eu sou e consequentemente perder 35kg), por serem atividades aeróbicas de longa duração, se torna um momento de meditação ativa; onde é possível ter momentos incríveis de imersão e reflexão nos pensamentos sobre quem é você e onde quer chegar, se esta no caminho certo e o que esta fazendo para mudar.
Sou um filosofo amante da sabedoria e do esporte, acredito que eles podem transformar vidas.

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