Mitologia grega

5 lições que podemos aprender com a mitologia grega

Uma estátua de Hércules.
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Escrito por Eu Sem Fronteiras

Zeus, Medusa, Minotauro, Narciso… Você já deve ter ouvido falar sobre algumas dessas figuras, não é? Es deve saber que elas fazem parte da mitologia grega, que era não somente a religião da Grécia Antiga, mas uma série de histórias com lições de moral que nos ensinam sobre a essência do ser humano.

Para mostrar que a mitologia grega pode apresentar importantes lições, separamos 5 mitos que podem nos ensinar lições importantes sobre humildade, ganância, paciência, obediência e destino. Confira!

1 – Narciso e a humildade

Conta a lenda que Narciso, filho da ninfa Liríope e do deus dos lagos, Céfiso, era um rapaz belíssimo, tão belo quanto nunca houve nenhum outro no mundo. Sua beleza era tanto que choviam pretendentes ao lindo rapaz, de mulheres a homens, de jovens a velhos, todos dispostos a amar o ser humano mais bonito que já viveu.

Como sabia que era muito belo, Narciso nunca encontrou alguém que julgasse estar à sua altura. Ele era arrogante e sempre encontrava uma maneira de desprezar os seus pretendentes, dizendo que nenhum deles era digno da sua presença, pois ele era belo e incrível demais.

Um homem se olhando no espelho.
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Portanto, certa vez, Narciso quebrou o coração de uma iludida ninfa, que acreditou que poderia ganhar o coração do rapaz, mas seus esforços, obviamente, foram em vão. A ninfa, então, recorreu à deusa Nêmesis, divindade da vingança, que lançou sobre Narciso uma maldição: ele se apaixonaria pela única pessoa que estivesse à altura da sua própria beleza.

E Narciso descobriu quem era essa pessoa um dia, na floresta, quando se aproximou do lago com as águas mais cristalinas que já vira. Depois de beber a água do lago, Narciso encarou a superfície e viu seu reflexo, seu belo reflexo. A única pessoa à altura de sua beleza era, afinal de contas, ele mesmo!

Apaixonado por si, Narciso ficou deprimido, pois não podia tocar, conversar ou beijar o seu grande amor, passando a viver de frente para o lago, a observar o seu próprio reflexo. Parou de comer, parou de beber e de viver. Pouco tempo depois, morreu, vingando todos e todas que se entristeceram com suas recusas.

Lição: humildade, acima de tudo! Ainda que seja importante que reconheçamos nosso valor, não devemos desprezar ninguém que consideramos ser inferior a nós. É dessa forma que viramos narcisistas, palavra esta que tem origem na história de Narciso e que se refere a alguém que tem opinião muito elevada sobre si mesmo e sente necessidade de admiração sem ter de retribuir.

2 – Midas e a ganância

As lendas contam que Midas era um rei muito poderosos e, portanto, muito rico, com posses e ouro de sobra. Apesar disso, ele nunca estava contente com quanto tinha, por isso estava sempre querendo mais e mais, numa ganância que o fazia destruir reinos pacíficos e o tornava uma pessoa cruel com quem se colocasse em seu caminho.

Um dia, num raro ato de bondade, ele acolheu um homem bêbado e perdido que entrou em seu reino, oferecendo a ele cama e cuidados. Então recebeu a visita do deus Baco, o deus do vinho, que disse que aquele homem bêbado e perdido era seu pai. Como Midas havia cuidado bem de seu pai, Baco concederia a ele um desejo.

Ganancioso que era, Midas desejou que Baco desse a ele a capacidade de transformar tudo o que tocasse em ouro, para que pudesse ser mais rico do que qualquer outra pessoa no mundo, e conseguisse isso sem mais guerras e conflitos, apenas como o poder do seu toque. Triste, Baco assentiu e concedeu o desejo de Midas.

Um homem com a cabeça deitada numa pilha de dinheiro.
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Fascinado, Midas saiu tocando tudo o que podia: as pedras viravam ouro em suas mãos, as areias das praias, farelos dourados após serem tocadas por eles, até mesmo as folhas viravam ouro puro. Midas deu-se por satisfeito e, antes de começar a criar sua fortuna, foi comemorar seu novo poder com um banquete.

Qual não foi sua surpresa ao perceber que o pão do banque se tornava ouro quando era tocado por suas mãos e que o vinho virava ouro em forma líquida quando tocava seus lábios! E o pior de tudo: sua filha, sua amada filha, que tanto valorizava e amava, virou uma estátua de ouro quando abraçou o pai durante o jantar.

Em prantos, Midas arrependeu-se do poder que ganhou e suplicou a Baco que retirasse aquela maldição. Baco, um deus benevolente e misericordioso, ajudou Midas e disse que tudo o que ele lavasse nas águas do rio Pactolo voltaria a ser o que era antes de virar ouro e que seus poderes acabariam após um banho no lago.

E foi assim que Midas renunciou ao seu poder e trouxe de volta sua filha, recebendo-a com lágrimas nos olhos após imaginar tê-la perdido por causa de sua própria ganância.

Lição: a ganância pode nos afastar daquilo que mais amamos e pode destruir tudo de bom que temos na vida, reduzindo nossa visão ao acúmulo de poder e de riquezas. Por isso, ainda que queiramos uma vida próspera, isso não pode ser maior do que o amor pelas pessoas que fazem parte de nossas vidas!

3 – Pandora e a paciência

Conta o mito que Zeus, o deus supremo, ficou furioso ao perceber que Prometeu, um titã, deu aos homens o poder de manipular o fogo. Então Zeus resolveu se vingar de Prometeu, criando uma bela e encantadora mulher chamada Pandora, que ofereceu como presente a Epimeteu, irmão de Prometeu.

Junto à mulher, Zeus enviou uma linda caixa, mas com a ordem expressa de que essa caixa jamais deveria ser aberta. Conhecendo o poder de Zeus, Epimeteu acreditou e levou a sério a instrução, explicando a Pandora que jamais abrisse aquela caixa.

Os dias foram se passando e Pandora e Epimeteu viviam uma vida cheia de amor, relações íntimas, risadas e bons momentos. O problema é que, depois das relações íntimas, Epimeteu caía num sono profundo, do qual só acordava horas depois, às vezes somente depois de dias.

Dessa forma, Pandora passava muito tempo sozinha e, pouco a pouco, foi se sentindo entediada e impaciente nos momentos em que Epimeteu a deixava para descansar após os momentos de muito amor.

Uma mulher solitária, debruçando sua cabeça sobre os ombros.
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Um dia, tanto para diminuir o tédio quanto para praticar uma vingança mesquinha contra o seu amado, que a abandonava para descansar, Pandora resolveu abrir a caixa que Zeus enviou de presente e que havia pedido que jamais fosse aberta.

Quando a caixa oi aberta, de dentro dela saíram males físicos, espirituais e psicológicos: doenças, angústia, tristeza, miséria… Todos saíram da caixa de Pandora e passaram a habitar o mundo. Foi o fim da Era de Ouro, quando os homens viviam sem conhecer os males, somente desfrutando a vida.

Ao perceber o que fez, Pandora rapidamente fechou a caixa. O conteúdo todo havia escapado, com exceção de uma coisa: a esperança. É devido a isso que, mesmo diante das mais complicadas adversidades, ainda somos capazes de manter a esperança de dias melhores, segundo esse mito.

Lição: quando agimos de maneira impaciente ou nos vingando das pessoas que amamos, por mesquinhez ou tédio, podemos destruir o mundo harmonioso que conhecemos. Além disso, fica a lição de que, mesmo quando erramos e vemos tudo desabar, a esperança sempre continua por perto e podemos recomeçar.

4 – Ícaro e a obediência

De acordo com essa lenda, Dédalo era um grande inventor e arquiteto, um homem que se considerava o mais habilidoso naquilo que fazia de toda a Grécia. Um dia, porém, ele percebeu que seu sobrinho também era muito talentoso e podia superá-lo. Então, enciumado, resolveu assassinar o rapaz.

Os deuses se enfureceram com ele e o expulsaram de Atenas, condenando-o a viver na Ilha de Creta, ao lado de seu filho, Ícaro. Depois de anos e anos presos na ilha, tentando encontrar uma maneira de escapar, o engenhoso inventor Dédalo conseguiu dar um jeito: criou asas de cera de abelha e penas de gaivota para fugir.

Um homem apontando seu dedo indicador direito à esquerda. Ele faz semblante de estar bravo.
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Depois de dar um par de asas também ao seu filho, Dédalo explicou ao jovem rapaz que as asas os tirariam dali, mas que elas eram muito frágeis e que Ícaro não deveria se aproximar demais do Sol, pois, caso contrário, as asas derreteriam, nem deveria chegar perto do mar, para que a água não molhasse as penas.

Ícaro disse que entendeu e ambos levantaram voo com as asas criadas por Dédalo. Como havia crescido na escuridão da Ilha de Creta, Ícaro ficou fascinado quando viu o Sol e, ignorando os avisos de seu pai, foi se aproximando cada vez mais do astro-rei.

O destino, é claro, foi cruel com o fascinado rapaz, porque suas asas derreteram e ele morreu afogado nas águas do mar, como seu pai havia alertado que aconteceria.

Lição: a principal lição da história de Ícaro é sobre obediência e sobre ouvir a experiência dos mais velhos. Além disso, é uma história sobre como os excessos e as imprudências que cometemos quando somos jovens e não tememos o perigo podem atrapalhar e até mesmo destruir nossa vida. Sendo assim, é importante que confiemos nos mais velhos.

5 – Édipo e o destino

Esta é para aqueles que acreditam no destino!

O príncipe Édipo, filho de Pólibi e Periboeia, vivia sua vida tranquila quando foi surpreendido por uma profecia: certo dia, ele mataria seu próprio pai e se casaria com sua mãe. Certo de que jamais faria isso com sua família, mas assustado com a profecia, Édipo decidiu partir e viver afastado dos pais, para não correr nenhum risco.

Assim que partiu, Édipo topou com um estranho em seu caminho, um homem que dirigia uma carruagem e que tentou atropelá-lo. Revoltado, Édipo revidou com crueldade, derrubou o homem e o amarrou na carruagem, arrastando-o até a morte.

Seguindo viagem, Édipo chegou à cidade de Tebas, onde deu de cara com uma esfinge, uma criatura que assassinava pessoas que não conseguissem desvendar uma charada que ela elaboraria. Corajoso, Édipo enfrentou a esfinge e desvendou a charada, matando a criatura.

Um homem apresentando uma expressão de dúvida.
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A cidade ficou em festa por se livrar da esfinge e Édipo, celebrado, recebeu a chance de se casar com a rainha dali, chamada Jocasta, que havia ficado viúva recentemente. Édipo comemorou a oportunidade e sorriu ao lembrar que a profecia previu para ele um destino horrível, o contrário do que estava acontecendo.

Depois de muito tempo casado com Jocasta e apaixonado pela mulher, durante uma conversa, ele descobriu que sua esposa havia tido um filho havia muito tempo, um garoto que, por serem ela e o marido jovens, decidiram doar para um casal chamado Pólibo e Periboeia.

Foi aí, então, que Édipo percebeu que seus pais eram adotivos e que sua verdadeira mãe era Jocasta. Seu pai? Um homem chamado Laio, que foi morto arrastado por sua própria carruagem, em condições desconhecidas. Ou seja, Édipo era o assassino de seu pai.

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Foi nesse momento, portanto, que Édipo percebeu que seu destino eventualmente seria cumprido, independentemente do quanto tentasse fugir.

Lição: aqueles que acreditam em destino sabem que não importa o que façamos para fugir ou escapar, pois o que está reservado a nós certamente vai acontecer, não importa como tentemos fugir, não importa se achemos que conseguimos enganar o destino. Aliás, foi isso que ocorreu com Édipo.

A mitologia grega é cheia de histórias que podem nos ensinar muito a respeito da nossa essência enquanto seres humanos e essas lendas são apenas alguns dos exemplos. Se quiser se conhecer ainda mais, procure ler mais mitos gregos!

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