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A terapia está em dia? A falsa ideia de bem-estar mental

Duas pessoas conversando em terapia.
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Fazer terapia não é sinal de perfeição emocional. Apesar de hoje ser mais aceito, ainda existem estigmas. A terapia também pode ser usada como desculpa ou ignorada, porém é crucial questionar a sua verdadeira importância e evitar banalizar esse processo profundo. Entenda mais com a colunista Beatriz de Andrade Silva.

Há pelo menos uns dez anos que eu me lembro, fazer terapia era algo estigmatizado, as pessoas diziam (e até hoje algumas ainda dizem) que terapia é coisa de louco. Para a sociedade, ser louco é ruim, é disfuncional e essa pessoa não pode se misturar com as demais.

Hoje, fazer terapia se tornou uma carta (diagnóstico) para atestar: não estou bem, mas estou sendo acompanhada e isso quer dizer que posso interagir socialmente e me misturar com as pessoas, ou que tenho uma patologia (TDHA), faço terapia e por isso ajo de determinada forma.

Há uma romantização em acreditar que quem faz terapia não tem problemas, ou sabe lidar melhor com seus conflitos. Fazer terapia não é ter um passe livre para ser uma pessoa emocionalmente equilibrada e/ou ser forte a todo momento.

Fazer terapia não quer dizer que a pessoa de fato esteja aderindo ao processo, ela pode inclusive mentir na terapia e fora dela, o que faz com que não haja progresso neste processo.

Mulher sentada em sofá, chorando em terapia.
Wavebreakmedia / Getty Images Pro / Canva Pro

É importante entendermos, dentro deste questionamento, o que se espera como resposta e se de fato precisamos ter essa resposta. Uma pessoa que faz terapia nem sempre apresentará isso na fala, mas nas atitudes. O quão é relevante saber disso? Isso é mais importante do que saber outros aspectos desta pessoa?

São reflexões importantes a serem feitas, antes mesmo de fazer esta pergunta.

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Terapia não é algo comercial, é um processo profundo e muito cuidadoso. É preciso se atentar às formas como as coisas são banalizadas em nossa sociedade e como acabamos reproduzindo isso de forma inconsciente.

Portanto, dizer que a terapia está em dia, tem muitas camadas. O que você quer saber com essa pergunta? Que tal começar a pensar nisso?

Sobre o autor

Beatriz de Andrade Silva

Psicóloga Clínica, orientada pela psicanálise freudiana, Mestranda em Psicologia Social (PUC-SP), especialista em diversidade nas organizações (PUC-SP), pós-graduada em direitos humanos, responsabilidade social e cidadania global (PUC-RS), pós-graduada em psicologia e desenvolvimento infantil, mentora de carreira (FGV) e pesquisadora das relações étnico-raciais. Atuei por oito anos no mercado financeiro, na área de gestão de pessoas, com foco em talent acquisition, treinamento & desenvolvimento. Na área social, sou voluntária em um coletivo que busca colocar a diversidade e inclusão em pauta e ação.
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