Fora de mim, os reflexos de vozes ditando o que deve ser feito me invadem com questionamentos.
Estou deixando de viver?
Mas como eu posso me agarrar a algo que não me prende, que não me desperta?
É supérfluo, passageiro.
Há mais nesta vida, eu experimentei. Quero mais.
Aceitar o momento presente não é tão fácil quanto muitos fazem parecer.
Como você está? Bem… Esse tipo de felicidade não mais me encanta.
Às vezes, caio em tentação.
Até a voz sussurrar: é hora de parar, de observar.
O exterior? Não mais, ele já cumpriu o seu propósito, ela me diz.
O de dentro, o vazio.
Tento ainda me despir. Últimas camadas que encobrem a minha verdade.
Algo está se formando, dolorosamente feliz.
A vontade de gritar:
“Para, espera, vamos congelar o tempo, somente por um infinito momento!”.
Mas o tempo não vai parar.
Os escaladores, esperançosos, vão continuar os seus percursos sofridos, rumo à sagrada vista.
“Será que todos sabem o que há lá em cima?”
A determinação deles, às vezes, chega a me encantar.
A mim, só me resta parar. Eu escuto.
A dúvida me invade, angustiante, novamente.
“Estou deixando de viver?”
Bexigas flutuantes a se perderem de vista.
Um momento de sossego, apenas o que sinto.
O de fora deixou de ter importância.
Como uma observadora, me questiono:
“Para onde correm todos?”
“O que há de tão atrativo que não os deixa parar?”.
Observo e sigo observando, o fora, o dentro.
Cada vez mais me aconchegando no vazio.
Em alguns momentos, se mostra completo.
Tranquilidade.
Respostas sutis. Perguntas pesadas, nunca antes atendidas.
Minha alma pede.
Espaço para nascer.
Vida.
E os outros?
Seguem sobrevivendo, a cada rocha, uma esperança.
A chegada que todos desconhecem.
Qual o sentido, sigo me questionando.