Autoconhecimento

Abandonados

Escrito por Carlos Henrique

Eu gostaria de abordar um tipo de sofrimento emocional, do qual pode passar despercebido, pois quem o experimenta pode achar que “a minha vida é assim mesmo”, por não ter parâmetros de referência…

Tratam-se de indivíduos que têm medo de serem rejeitados, por parceiros, amigos ou grupo de amigos, experimentando um sentimento de intenso abandono e desespero ao acreditar, de forma real ou imaginária, que esses parceira(o)s, amigos ou grupo de amigos podem ser perdidos ou se afastarem por qualquer motivo, associado a um medo intenso de não ser gostado, além de uma desconfiança (sem clara razão) de que nas relações será prejudicado de alguma maneira, sendo magoado, enganado ou desprezado.

Alguma insegurança todo mundo tem, mas se esses sentimentos interferem de modo significativo na vida desses indivíduos, dificultando formar/manter vínculos seguros e satisfatórios, pois suas necessidades de estabilidade, segurança, cuidado, amor e pertencimento, não são adequadamente atendidas, adicionado ao medo de ficar sozinho… É… Esses indivíduos estão sofrendo, e a vida não precisa ser assim…

Esse sofrimento pode ser decorrência de prováveis situações desagradáveis/traumáticas vivenciadas no passado, das quais não foram adequadamente elaboradas naquele momento, tais como (resumidamente abordando):

  • Divórcio ou morte dos pais;
  • Família instável, fria, abusiva e rejeitadora;
  • Violência doméstica na infância;
  • Bullying severo cometido por pessoas de significância para a criança, tal como pais, avos, irmãos ou professores;
  • Traumas, acidentes, internações e cirurgias precoces podem reforçar o quadro.

A percepção da criança (real ou imaginária) de ter suas necessidades de provisão, cuidado, segurança e reconhecimento, não atendidas e sem entendimento das respectivas causas dessa negação, essa criança desenvolve um vazio emocional angustiante e buscará preenchê-lo com os relacionamentos no decorrer da vida.

Se esses indivíduos se derem conta de que se trata de uma busca infrutífera, pois outros jamais poderão preencher um vazio que desconhecem, e que essa busca estéril está impactando negativamente na sua vida, nas relações e nas pessoas próximas, aceitando que é um problema e que necessita solução, já é meio caminho andado!

A identificação e aceitação do problema e o entendimento de que a solução depende somente do próprio indivíduo, é muito trabalhosa. É preciso perceber que o problema pode estar em como sentem o passado, assim como as próprias vidas e o sofrimento que essa situação impõe.

Trata-se de um processo de autoconhecimento no qual a ajuda de um profissional especializado pode abreviá-lo, auxiliando e suportando na compreensão do passado, na reconciliação com as pessoas envolvidas, na ressignificação dos acontecimentos, libertando o indivíduo da necessidade do preenchimento do vazio emocional criado na infância, modificando positivamente a forma de ver a vida e estabelecer relacionamentos reais e prazerosos.

Partindo das prováveis causas, baseado no histórico e respectivas percepções/emoções desses indivíduos, sozinhos (muito trabalhoso, muito sofrido e muito lento) ou com ajuda de um profissional (menos trabalhoso, menos sofrido e menos lento), visita-se detalhadamente o passado e respectivas percepções/emoções para ressignificar os acontecimentos desagradáveis que vivenciou.

A compreensão, aceitação das limitações e imperfeições humanas, são as chaves para a reconciliação e ressignificação dessas situações e consequente minimização das angústias.

Como mencionado, trata-se de um processo de autoconhecimento e não há prazo definido para conclusão, pois cada um tem o seu tempo. 

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Este artigo não tem a pretensão de se esgotar o assunto, mas apenas mostrar uma luz para as pessoas que se percebem nessa situação e que sentem necessidade de mudança.

Sobre o autor

Carlos Henrique

Sou engenheiro de formação e por muitos anos trabalhei em uma grande multinacional alemã de autopeças ate minha aposentadoria. Em 2008, num treinamento ministrado na empresa tive contato com a psicanálise. Numa conversa de coffe break , divagando com o consultor (psicanalista) sobre um serio problemas pessoal o qual eu estava passando, ele me presenteou com algumas palavras sobre humildade, perdão, compreensão e amor. Obviamente, não são palavras desconhecidas mas da forma que me foram propostas e que posteriormente acolhi na minha vida, me fizeram perceber o efeito impactante e benéfico que a psicanálise pode proporcionar em nossas vidas. Hoje, formado em psicanálise e pós graduando na área, procuro ajudar as pessoas a serem mais felizes.

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