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Alquimia, mitos e individuação

Pote de poção mágica com fumaça saindo.
Escrito por Tereza Gurgel

Carl Gustav Jung, psiquiatra e psicoterapeuta suíço e discípulo de Freud, desenvolveu a Psicologia Analítica, a qual teve grande relevância – dentre outras descobertas – ao incorporar em seu estudo a mitologia e a alquimia, como estudos antigos que buscavam compreender e explicar, por meio de uma complexa simbologia, o processo de individuação do ser humano.

A individuação é o processo psicológico da integração dos opostos, processo esse considerado central para o desenvolvimento humano. Ele é descrito em imagens nos contos de fadas, nos mitos, nas descrições alquímicas, nos sonhos. A individuação não é um caminho para a “perfeição”. É a realização instintiva, o amadurecimento daquilo que temos dentro de nós como semente, como potencialidade. Esse desenvolvimento não ocorre de maneira contínua ou linear. As principais etapas desse processo são:

Os mitos, de acordo com Jung, são “fenômenos psíquicos que revelam a própria natureza da psique”. Decorrem da tendência instintiva do inconsciente para projetar fora de si as ocorrências internas, traduzindo-as em imagens. Os mitos condensam as experiências vividas pelos humanos durante milênios; por isso, os temas dos mitos são idênticos, não importando a distância dos países ou época em que foram produzidos.

Ilustração de tentáculos de um polvo gigante saindo do mar em direção a um navio

A jornada do herói, descrita pelo estudioso mitólogo Joseph Campbell, exemplifica de modo mais objetivo o desenvolvimento psíquico do ser humano. Partindo do mundo comum, o herói é lançado a uma aventura, uma missão que irá fazer com que ele saia do seu cotidiano, desafiando-o a experimentar algo novo. Em um primeiro momento, o herói sente medo e rejeita o desafio. Mas a ansiedade dentro dele começa a crescer e a incomodar, de tal modo que ele não pode mais fingir que está tudo bem.

Desesperado, o herói vai encontrar uma ajuda, muitas vezes descritas nos mitos como alguém mais velho e sábio, um mentor que o guiará em sua jornada. Daí, o herói parte para atravessar um portal, a divisão entre o mundo conhecido e o desconhecido (onde está sua aventura, seus desafios e suas respostas). Nessa jornada, ele irá de deparar com testes, provações, derrotas e inimigos, mas descobrirá, aos poucos, suas habilidades (até então desconhecidas), suas qualidades e seus aliados.

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Haverá um momento em que tudo parece dar errado. O herói se confronta com uma aniquilação comparável com a própria morte. Mas isso tem um significado profundo, como uma ressurreição, um novo viver. É sua batalha mais importante, pois a recompensa é a destruição total do inimigo e a recuperação do bem-estar, não apenas para si mesmo, mas para toda sua comunidade. O herói retorna ao ponto de partida totalmente transformado, renovando tudo à sua volta.

Ilustração da silhueta de um herói com capa.

A alquimia também descreve o processo de individuação por trás de sua simbologia e linguagem hermética.

Os místicos sempre entenderam que o verdadeiro “laboratório alquímico“ era o próprio ser humano. Jung verificou que o “grande trabalho” descrito pelos alquimistas correspondia ao processo de individuação. Em estado natural, a pessoa era comparada aos “metais vis”. A meta seria transformá-la em algo novo, a pedra filosofal, que corresponderia ao ouro, metal puro por excelência. Para Jung, o alquimista projetava sobre os materiais manipulados em seu laboratório os acontecimentos em curso no seu inconsciente.

Ilustração de um ser humano cercado por símbolos da alquimia.

A primeira etapa alquímica é o nigredo, que corresponde ao encontro com a sombra, em sentido psicológico. A matéria (ou a pessoa) está no estado de massa confusa – ou seja, as emoções agem no ser humano de forma destrutiva, “calcinando” a pessoa e cristalizando os complexos. Por meio de complexos procedimentos de lavagem, solução e separação dos elementos, converte-se a matéria para outro estado, outra dimensão, chamado albedo. Isso corresponde ao processo de ampliação de consciência, onde a pessoa aprende a identificar e a lidar com sua própria sombra e conflitos internos.

A integração com seu oposto na consciência é atingida pela fase de rubedo: aquecendo-se novamente os elementos, o alquimista obtém a pedra filosofal, cuja unidade resulta da fusão entre os opostos. Surge assim uma “nova” pessoa, em plena maturidade e consciência.

Referências

“O Homem e Seus Símbolos”- Carl G. Jung e outros – Editora Nova Fronteira – Rio de Janeiro

“Jung, Vida e Obra”- Nise da Silveira – Editora Paz e Terra – Rio de Janeiro, 1981

Carl Gustav Jung – https://pt.wikipedia.org/wiki/Carl_Gustav_Jung

Sobre o autor

Tereza Gurgel

Formada em Psicologia (F.F.C.L. São Marcos - SP). Filiada à ABRATH (Associação Brasileira dos Terapeutas Holísticos) sob o número CRTH-BR 0271. Atua na área Holística com Reiki, Terapia de Regressão e Florais de Bach. Mestrado em Reiki Essencial Metafísico e Bioenergético Usui Reiki Ryoho, Shiki, Tibetano e Celtic Reiki. Ministra cursos de Reiki e atende em São Paulo (SP).

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