Convivendo

Colonização de um país, de suas consciências e a real independência

Mulher com a mão esticada em direção ao sol entre as árvores
David Monje/Unsplash
Escrito por Juliana Ferraro

Aprendemos na escola que o Brasil foi um país descoberto. Mas… espere aí! Quando os europeus chegaram, já existiam os indígenas. Então… ele foi invadido! Isso mesmo. Invadido.

Essa invasão foi física, religiosa, cultural. Os colonizadores não colonizaram apenas a terra. Junto com ela, colonizaram mentes. Catequizaram, com a desculpa ou a ideologia de que estavam ajudando os “pobres” indígenas a se encontrar com Deus.

As religiões, culturas e costumes dos povos originários do Brasil e Américas foram praticamente dizimados, junto com seus corpos. Foi-lhes imposta uma nova religião que falava de pecado, que, distorcida, servia para aliená-los e usar dessa religião – inquisitiva, de caça às bruxas – para amedrontar e escravizar.

Para seguir invadindo, tomando, roubando e mais tarde privatizando terras, riquezas, vida.

Você consegue ver o karma que nossa terra carrega, com todo esse processo?

Pessoa segurando um pouco de terra com uma plantinha
Noah Buscher/Unsplash

A colonização foi embora formalmente no papel. Tivemos um Dia da Independência, que foi proclamada por um rei de Portugal que tinha fugido do seu país – já leu o livro “1808”, de Laurentino Gomes? Nesse livro ele explica “como uma rainha louca, um príncipe medroso e uma corte corrupta enganaram Napoleão e mudaram a história de Portugal e do Brasil”.

Já deu para perceber o esquema já no título, né?

Bom, o Brasil também sofreu um processo conhecido como neocolonialismo. Outro país nos invadiu? Não tão obviamente como da primeira vez, mas de uma forma mais sutil, culturalmente. Os EUA invadiram-nos com filmes, música e produtos, “ensinando-nos” a forma como deveríamos consumir e valorizar mais tudo o que era por eles produzido.

Pense em como o inglês é a língua universal.

A partir daí consumimos muito mais cultura americana do que brasileira e isso molda totalmente nossa forma de ver e interpretar o mundo, o que valorizamos e como por isso nos sentimos sempre um povo desvalorizado.

Se a gente se desvaloriza, nossa autoestima como nação é bem afetada. Isso afeta a forma como reproduzimos nossas relações sociais, políticas, econômicas, ecológicas, porque tudo o que vem de fora é melhor, ou nós interpretamos e aprendemos a ver como melhores. Mas será que de fato são melhores?

A yoga entra nisso tudo para mostrar-nos com suas ferramentas como nossas consciências são colonizadas com todas essas ideias, compartilhadas socialmente. Essa concepção de mundo torna-se internalizada e molda a forma como interpretamos o que nos acontece.

Mulher fazendo Yoga ao lado de uma árvore
Prasanth Inturi/Pexels

A yoga ensina-nos e mostra-nos as ferramentas para perceber todo esse esquema mental e poder descolonizar também nossas mentes, ser independentes, encontrar nossas origens e com isso saber do valor que temos e que somos, assim aumentando a autoestima e nossa potência de ser, viver.

Há uma relação entre a colonização das nossas mentes e do nosso território geográfico.

Eu sinto que a verdadeira liberdade, independência, está no vivenciar dela em nosso dia a dia, em nosso interior, também.

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Seguiremos praticando, descolonizando e desconfiando nossas mentes e corpos. Sejamos potência.

Feliz Dia da Independência!

Sobre o autor

Juliana Ferraro

Juliana Ferraro é psicóloga por formação e viajante por amor às coisas novas da vida. Seu contato com diferentes línguas e culturas começou quando ela ainda trabalhava no Club Méditerranée. Depois fez um mochilão pelo mundo em busca de autoconhecimento. Em pouco mais de um ano conheceu diversos países asiáticos, em especial a Índia, onde fundou uma paixão profunda pela yoga e pela meditação. No Brasil: morou, deu aulas de yoga e se formou como massoterapeuta, em Paraty, RJ. Foi nessa época que concluiu quatro cursos de dez dias de meditação Vipassana e se aprofundou na prática de Ashtanga Yoga. Hoje, ela está estudando Ashtanga Yoga no KPJAYI, em Mysore, Índia. E dá aulas de Ashtanga Yoga online.

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