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Conheça a Hevp, uma marca de camisetas que está ajudando as pessoas

Escrito por Eu Sem Fronteiras

empresa Hevp conseguiu transformar o trabalho em algo gratificante. A marca uniu a vontade de viajar e explorar o mundo com a moda. Todas as estampas são inspirações para aqueles que gostam de conhecer novos lugares e trazem consigo uma incrível inspiração e exemplo.

Conversamos com Lucas, um dos sócios da Hevp, que nos contou como funciona a venda das camisetas da empresa. Ao comprar uma camiseta da marca, outra camiseta é doada para pessoas carentes de países pobres. O projeto consegue ajudar e levar um toque de esperança para todos aqueles que se sentem excluídos e esquecidos. Confira a entrevista:

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Eu Sem Fronteiras: Como surgiu a Hevp?

Hevp: Somos dois sócios. Lucas e Juriel. Foram então duas motivações diferentes, cada um do seu jeito. Eu (Lucas) queria incentivar a viagem, mostrar o quanto é importante ir e ver. Compreender os motivos de o mundo estar assim tem muito a ver com o passado, com as tradições, religiões e maneiras de viver. Ao viajar eu estava aprendendo muito e queria passar isso para as outras pessoas também. E um dia, conversando com o Juriel em uma dessas viagens que fizemos juntos (janeiro de 2013), falei para ele das minhas vontades e idealizações e ele veio com as deles. Há algum tempo ele se incomodava com suas roupas e já vinha pensando que se um dia fosse fazer algo próprio teria que ter significado, fundamento. 

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Conversamos e idealizamos bastante coisas nesse dia e decidimos botar o pé. Descobrimos que não sabíamos nada sobre a indústria têxtil e começamos a estudar, tanto produção quanto a moda em si e como funcionava esse mercado.

Resolvemos que nossas estampas serviriam para a ideia inicial: incentivar a viagem, descobrimento, outras culturas, para que as pessoas aumentassem em visão de mundo, pudessem identificar o que acontece e serem criativos ao oferecem algum tipo de solução. Só se envolvendo para poder ajudar. Nossas estampas seriam baseadas em fotos de lugares que eu tinha ido e tirado a foto e frases que fomentavam esse “ir”.

Mas 2013 também foi um ano que pensamos muito no que diz respeito a marca. Nós queríamos incentivar tudo isso, mas não íamos atuar pelo exemplo? Foi então que nos baseamos em algumas metodologias e modelos de negócio já existentes e resolvemos o seguinte: Para cada camiseta que fosse vendida nós doaríamos outra. Simples. Daí também surgiu o nome Hevp: uma analogia à palavra “Help” que em inglês significa ajudar. As primeiras camisetas chegaram em Fevereiro de 2014 e começamos a vender.


ESF: Por que a necessidade de fazer esse cruzamento entre o trabalho e social?
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Hevp: Como disse, queríamos algo que inspirasse as pessoas através do exemplo e que tivesse realmente um significado. Nós também queríamos fazer algo realmente de valor. Mas começamos um pouco errado: oferecendo uma solução antes de uma necessidade. Simplesmente escolhemos doar camisetas e fomos atrás de quem precisava. E assim foi quando tivemos a oportunidade de nossa primeira doação, no Haiti. Descobrimos que nossa camiseta de doação representava várias coisas: um presente, carinho, atenção e lembranças boas. Como passávamos o dia com as crianças dos orfanatos que receberiam as camisetas, todas as vezes que elas vestissem se lembrariam daquele dia. Lembrança boa gerava esperança e as motivavam a agir da mesma maneira para com o próximo.

A partir disso, dos dois modelos (moda x social) validados, fundamos a empresa em Junho de 2014. Depois fomos ao Quênia, com a mesma ideia de levar esperança. E assim foi. Mas começamos a medir o impacto positivo que causávamos através dos feedbacks e conversas com nossos parceiros de doação (sempre fazemos parcerias com projetos, ONGs, ou pessoas que entendam bem do local e que possam nos direcionar e nos ajudar a maximizar nossos esforços). Com esse feedback descobrimos que as crianças estavam usando as camisetas que foram doadas à elas para irem à escola, como uniforme. Outras, que não estavam em dias de doação da Hevp, pediam para nossos parceiros escreverem Hevp nas camisetas que eles já tinham de tanto ouvir falar bem e de saber que aquele dia tinha sido sensacional. As crianças queriam fazer parte de algo, ser reconhecidas como “Hevp The World” (mensagem que vai em nossas camisetas de doação). Estudamos e percebemos que a falta de uniformes reinava em escolas públicas e em projetos de alfabetização ou qualquer outro projeto/ONG que envolvesse turmas e grupos. Fazer parte de algo é importantíssimo para a formação inicial de uma criança. A camiseta ajudava a identificar isso nelas. Pilotamos e adaptamos. Resolvemos que nossas camisetas seriam doadas para serem usadas como uniforme.

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Além disso, identificamos outro gargalo social: a fome e desnutrição nas escolas. Em nossas visitas a escolas públicas no Quênia tivemos acesso à muita coisa. Vimos tudo de bom e de ruim. As crianças não conseguiam prestar atenção nas aulas porque tinham fome, segundo diretores, professores e nosso parceiro local. Na maioria das vezes as crianças faltavam às aulas para irem trabalhar com o objetivo de ganhar dinheiro para comprar comida. O estudo ficava em segundo plano. Resolvemos então que doaríamos refeições para crianças dentro da escola. Uma motivação extra para irem e um ambiente mais propício para poderem aprender: de estômago cheio. Para isso começamos a vender calças masculinas e colares femininos.

Fizemos então doações de uniformes, inclusive no Brasil, iniciamos as de refeições no Quênia (começamos há pouco, doamos 3400 refeições até o momento). Mas em outra oportunidade, no Nepal, realizamos algo que damos muito valor: produzimos os uniformes completos de doação no local. Injetar dinheiro na economia e fomentar a geração de emprego e renda seria um dos nossos novos alvos sociais. Para o futuro, nosso objetivo é que algumas mães de alunos possam costurar os uniformes e assim ter renda. Dessa maneira nosso impacto seria muito mais abrangente e eficaz.

ESF: A empresa surgiu da inspiração de outras empresas ou vocês sentiam falta de empresas preocupadas com o social e sustentável?

Hevp: Os dois. Primeiro queríamos realmente ser efetivos com relação à problemas sociais. Depois nos baseamos em empresas estrangeiras para começar.

ESF: Por que escolheram a camiseta como objeto principal da empresa?

Hevp: A camiseta era a maneira mais simples de começar. Se ficássemos pensando demais talvez não tivéssemos feito nada. Do lado da moda, seria ótimo porque através de estampas conseguiríamos mostrar nosso ideal. Se fizéssemos calças, bermudas ou qualquer outra coisa seria mais complicado no começo.

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Focar em um produto só também nos possibilitou fazer algo com muita qualidade. Melhores tecidos, melhores processos produtivos para poder realmente entregar algo de muito valor para nosso consumidor. Não podemos depender da sensibilização que criamos com a parte social para vender. Para ser sustentável a longo prazo precisamos que nossas camisetas sejam ótimas e que as pessoas queiram vesti-las também pelo nosso ideal: ver o mundo e ajudar. É ótimo ver que as pessoas estão usando também porque enxergam o mesmo valor que enxergamos. Elas gostam de “vestir” outras culturas e sonhar com o “ir”.

ESF: Quais os lugares que as doações de vocês chegaram?

Hevp: Brasil (Jardim Gramacho, ONG Briza, Skate Maté e Projeto Geração Futuro), Nepal, Haiti e Quênia.

ESF: Como se sentem ajudando pessoas que tanto precisam?

Hevp: É demais. Eu costumo dizer que se envolver e se doar por alguém só antecede algo muito mais impactante: ser envolvido. E esse sentimento é único. Ser envolvido pelas comunidades que atuamos, pelas pessoas que ajudamos é algo incrível e o maior presente que podemos receber. As pessoas se abrem e, a partir disso, podemos conhecer a fundo a realidade em que vivem e ajudar da melhor maneira. Esse sentimento é pessoal, tem que ir para ter. Mas a Hevp, enquanto empresa, se orgulha de criar um ambiente propício para fomentarmos a educação, a fome e a desnutrição. Ver que isso realmente acontece nos faz enxergar cada vez mais valor. Cada vez mais fazemos isso de maneira mais inteligente.

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ESF: E o público, vocês tem algum retorno sobre a venda de vocês, como eles se sentem?

Hevp: Respondi ali em cima sobre as camisetas. Mas muita gente também se empolga pelo trabalho que fazemos socialmente e nos apoiam. Muitas querem ir junto, nos mandam mensagens, agradecem e nos motivam a continuar. O feedback é ótimo. Nossas camisetas, enquanto moda, são muito bem aceitas e desejadas. Nosso modelo de impacto social também.

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ESF: O que é mais gratificante no trabalho de vocês?

Hevp: Tudo. Acho que aqui aquela frase do Confúcio cai bem: “Arrume um trabalho que você goste e não terá que trabalhar nenhum dia da sua vida”. Nós amamos todo processo criativo das estampas, do desenvolvimento de novos produtos, do planejamento da produção, do lançamento das coleções, da interação com nosso público, das pessoas comprando e recomprando e vestindo por aí, de identificação do que se passa realmente nos locais que doamos, de ajudar da melhor maneira possível, de sensibilizar também as pessoas que compram, de sonhar com um futuro com maior venda, de diálogo com revendedores, de expansão.

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• Entrevista realizada por Angélica Weise da Equipe Eu Sem Fronteiras.

Crédito das imagens: Hevp e Rafael Sales

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