Empoderamento Feminino

Dia da Mulher Negra, Latina e Caribenha

Mulher negra de tranças sorrindo
Dan Grytsku / 123RF

No dia 25 de julho é celebrado o dia da Mulher Negra. Esta data foi instituída pelo governo brasileiro, em 2014, por meio da lei nº 12.987/2014. Este dia foi inspirado no dia da Mulher Afro-latina-americana e Caribenha, comemorado em julho, e criado em julho de 1992 na república dominicana, onde houve o 1º Encontro de Mulheres Afro-latino-americanas e Afro-caribenhas.

No Brasil, esta lembrança ocorre em 25 de julho, pois trata-se de uma homenagem à líder quilombola Tereza de Benguela. Tereza tornou-se uma referência pela força e militância pelos direitos da mulher negra e sobretudo por condições melhores de sobrevivência para sua comunidade negra e indígena no Mato Grosso do Sul, no século 18, após o falecimento de seu companheiro.

Mulher negra sorrindo com lenços colorido na cabeça
Mwabonje / Pexels

Assim como o dia internacional da mulher, que é lembrado em 8 de março, o dia da mulher negra nada mais é do que o reforço sobre as condições que as mulheres negras ainda são tratadas, não se trata de uma comemoração quando não há que ser comemorado.

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Ainda é possível notar a discrepância salarial entre mulheres negras e mulheres brancas, as mulheres negras ganham 70% menos que mulheres brancas e representam 28% da população brasileira. Dificilmente, encontra-se uma mulher negra em cargo de liderança, e esta já sofre preconceito por ser negra, mulher e ainda se for mãe solo. Se você conhece ou é uma mulher negra, com certeza já ouviu histórias ou passou por situações nas quais esta mulher precisou provar sua capacidade técnica, além de outras pessoas. Somos muito subestimadas, nossos esforços precisam ser duplicados e muitas vezes triplicados para mostrarmos que realmente temos conhecimento. Mas esse preconceito/racismo não ocorre apenas no âmbito profissional. Este dia serve para mostrar que mulheres negras ainda são hostilizadas pelo tom de pele, cabelo e vestimenta.

Se duas mulheres entram em uma loja, com certeza o vendedor irá perguntar para a mulher branca o que ela deseja comprar e não para a mulher negra, digo isso por experiência própria. Se duas mulheres entram em um supermercado, o segurança irá seguir a mulher negra e não a mulher branca. Se mulheres estão com dor e vão ao hospital, a mulher branca muito provavelmente receberá uma medicação mais forte do que a negra, porque de acordo com o senso comum, a mulher negra é forte e aguenta sentir mais dor.

Enquanto situações como estas, ou ainda piores, continuarem a ocorrer, precisaremos falar sobre um dia para mulheres negras, sendo que, na verdade, todos os dias devemos ser respeitadas, ouvidas, aceitas.

Sobre o autor

Beatriz de Andrade Silva

Psicóloga Clínica, orientada pela psicanálise freudiana, Mestranda em Psicologia Social (PUC-SP), especialista em diversidade nas organizações (PUC-SP), pós-graduada em direitos humanos, responsabilidade social e cidadania global (PUC-RS), pós-graduada em psicologia e desenvolvimento infantil, mentora de carreira (FGV) e pesquisadora das relações étnico-raciais. Atuei por oito anos no mercado financeiro, na área de gestão de pessoas, com foco em talent acquisition, treinamento & desenvolvimento. Na área social, sou voluntária em um coletivo que busca colocar a diversidade e inclusão em pauta e ação.
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