A força das mulheres, da inferioridade ao sucesso em todas as áreas
As mulheres também têm uma trajetória recheada de acontecimentos opostos. De trabalhadoras em lavouras de subsistência até símbolos sexuais, as representantes do sexo feminino colhem bons frutos ao mesmo tempo que sofrem as agruras de terem nascido com esse gênero.
Foram consideradas tentações carnais pela Igreja nos tempos de colônia, sofrendo perseguição e tendo seus direitos mais elementares cassados, tachadas de inferiores aos homens, conforme um artigo de Silva et al (2005). Hoje, as mulheres assumiram postos de trabalho considerados importantes, conquistaram nova postura em relação à sexualidade, ocuparam cargos políticos e culturais e continuaram sendo esposas, mães, estudantes e professoras. Por outro lado, seguem sendo violentadas, agredidas e assassinadas simplesmente por serem mulheres. O caminho ainda é árduo e as mulheres têm trilhado com muita força e determinação.
São constantes as reportagens sobre mulheres de liderança que realmente fizeram e fazem a diferença para a sociedade brasileira, tais como Dandara, Lélia Gonzales, Sueli Carneiro, Talíria Petrone, Luiza Trajano, Drª Margareth Dalcomo, Drª Nathália Pasternak, Tarsila do Amaral, Antonieta de Barros, entre outras.
Quero abordar uma questão importante, que é a presença da mulher negra na sociedade brasileira e a exploração. Obs.: todas as fontes utilizadas para a construção dos textos estarão na última parte da série “A contradição brasileira”.
De acordo com uma das maiores pensadoras negras do século XX no Brasil, as mulheres negras tiveram (e ainda têm) uma missão muito pesada, a fim de garantir a sobrevivência da família e de si mesmas, além de colaborar fortemente para que as outras mulheres alcançassem melhores cargos e posições no meio laboral. Sim, as mulheres negras, moradoras das comunidades, assumiram o papel de arrimo de família, por meio da prestação de trabalhos domésticos nas casas de pessoas — na sua grande maioria não negras, cuidando dos lares, até mesmo dos filhos e de seus pais idosos, para que houvesse possibilidade de desenvolvimento na carreira e, consequentemente, ascensão profissional. Assim, essas mulheres tinham como dever cuidar da própria família, muitas vezes dormindo pouquíssimo, dando conta da própria casa, dos filhos e de outros dependentes que estavam sob seus cuidados, muitas vezes sem apoio de outras pessoas. Depois, saíam para trabalhar, tendo que também cuidar do lar, dos filhos e de outros dependentes de mulheres, que saíam para buscar o sustento em posições laboral de maior importância.
Essas mulheres sempre tiveram uma grande força, na tentativa de controlar e proteger seus familiares dos perigos, tendo que orientar os filhos a se defenderem de problemas, abordagens policiais, arregimentação dos traficantes e violência de outras forças que agiam nas redondezas.
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De acordo com Gonzalez (1979), o movimento feminino por melhores condições de trabalho e mais liberdade, iniciado por mulheres brancas e de classe média, acabou excluindo as não brancas, que foram forçadas a assumir postos de trabalho inferiores, com baixo acesso à escolaridade e em empregos de linhas mais básicas, sendo operárias, domésticas, babás etc. Assim, as necessidades básicas dessas mulheres não eram supridas e elas ainda carregavam um enorme fardo.
Vale a pena comentar sobre as ações de inclusão da população negra em áreas acadêmicas, que antes não eram acessíveis, por meio de ações afirmativas e por protagonismo de algumas instituições, que passaram a prover a essas populações cursos preparatórios educacionais, para acesso ao ensino médio e universitário. Temos como exemplo uma entidade chamada Educafro, que visa preparar jovens negros para acesso à universidade. Essa entidade já conseguiu formar diversos profissionais por meio de convênios com instituições de nível superior. Desse modo, pessoas portadoras de formação universitária acabam tendo melhores chances empregatícias e conquistam qualidade de vida de maior nível.