Convivendo Educação

Dicas para iniciar o Ensino Domiciliar (Homeschooling)

Escrito por Andreia Howell
1 Coloque o foco no aprendizado e não no ensino.

Lição, memorização, preencher folhas de atividades, focar no currículo… É importante lembrar que todos esses procedimentos nem sempre resultam em aprendizado, ensinar e aprender nem sempre são coisas que estão interligadas.

Aprender é um processo pessoal. Observe: O que desperta o interesse do seu filho? O que traz alegria e satisfação? O que o ajuda a aprender melhor?

“Nós podemos ajudar as crianças a aprender, não quando decidimos o que elas devem e elaborarmos maneiras engenhosas de ensinar a elas, mas sim tornando o mundo, na medida do possível, acessível a elas, prestando atenção seriamente ao que elas fazem, respondendo as suas perguntas – se tiverem alguma – e ajudando-as a explorar as coisas que mais lhes interessam.” – John Holt.

2 – Lembre-se que Desescolarizar às vezes pode ser mais difícil para os pais do que para o filho.

É esperado que você tenha passado mais anos dentro do sistema escolar do que o seu filho. E provavelmente você tem mais histórias e uma preconcepção de como a aprendizagem deve parecer, além disso, os pais sentem um estresse adicional quando compartilham o novo estilo de vida com os seus amigos, familiares e colegas de trabalho. Removendo-se de discussões competitivas e comparativas que ocorrem entre os pais, pode também provocar um sentimento de “solidão”.

“É melhor andar sozinho do que com uma multidão indo na direção errada.”

3 – Faça uma lista (com o seu filho) de todos os lugares que vocês gostariam de visitar, mas antes estiveram sempre muito ocupados.

Visite museus, parques, bibliotecas e livrarias, santuários de animais, explore o Centro da cidade, faça caminhadas, participe de festivais, vá à praia, assista concertos, planeje um piquenique, participe de aulas de yoga, ande de bicicleta, etc.

O Mundo é a sala de aula!

4 – Faça uma lista (com o seu filho) de todas as coisas divertidas que vocês gostam de fazer, juntos ou separados, quando estão em casa.

Jogos de tabuleiro, desenhar, pintar, jardinagem, colagem, brincar com os animais de estimação, assistir documentários, cozinhar, fotografar, criar vídeos, ler, meditar, elaborar um diário de artes, criar e desenhar/escrever histórias.

5 – Inicie um diário anotando quais são as inclinações naturais que você percebe no seu filho. 

Tenha o hábito de tirar o pé do acelerador e observar os seus filhos. Estamos sempre com tanta pressa para ter certeza de que ninguém “perde nada”, mas ao fazer isso perdemos o que está ali na nossa frente. Seus filhos estão constantemente lhe dando indícios e dicas sobre o que é de seu interesse ou não. Descubra o que eles gostam de fazer, o que faz os olhos deles brilharem! Passe mais tempo com eles e você perceberá a sua conexão com eles crescendo. Esse será o maior benefício de desescolarizar!

6 – Movimentem-se!

Encontre formas de aumentar a atividade física, caminhar, andar de bicicleta, dançar na sala, brincar no quintal, pular corda, nadar, etc. Se você puder, escolha uma atividade organizada que interessa ao seu filho e participe semanalmente.

7 – Leia, leia e leia!

Leia em voz alta. Você pode tentar uma versão confortável da leitura no sofá ou na cama, mas você também pode ler em voz alta enquanto a criança está construindo com lego ou tomando um lanche. O período de desescolarização é um ótimo momento para você dar o exemplo da leitura. Deixe o seu filho ver você lendo os seus próprios materiais: livros, artigos, revistas e jornais.

8 – Voluntariado…

Encontre uma área de interesse e realize um trabalho voluntário junto com o seu filho. Você encontrará maneiras de ajudar os outros por meio da sua igreja ou organização comunitária. O trabalho voluntário é um ótimo caminho para o seu filho desenvolver a compaixão, sentir-se fazendo algo no mundo e se conectar com novas pessoas e preocupações.

9 – Crie e construa! 

Incentive o seu filho com a arte, tenha um estoque de materiais de pintura, argila e artesanato. Conte histórias ou escreva as histórias do seu filho e faça um pequeno livro. Se ele sempre quis construir algo, como por exemplo: uma cadeira, uma jangada ou uma casinha, agora é hora de vocês irem à loja de materiais de construção e obterem o necessário para começar a construir. Deixe que o “descobrir-como-fazer” seja o Homeschooling. Use a oportunidade para usar os conhecimentos de matemática, geometria, ciência, etc… Use a criatividade e espontaneidade, aproveite a oportunidade para criar laços e memórias com o seu filho.

10 – Não compare e abra espaço.

Dê ao seu filho uma pausa nas lições formais e semelhantes às escolares. Se você precisa que o seu filho complete algum “trabalho” para que você (ou ele) se sinta melhor, claro que vocês podem fazê-lo. Porém tenha em mente que descobrir o currículo ou o estilo de aprendizagem que funcionará melhor para o seu filho é um processo, e o processo de desescolarizar irá ajudá-lo a identificar o que será mais efetivo.

11 – Viva no momento presente, pois ele é um presente!

Lembre-se que a infância e a adolescência são fases da vida e não somente uma preparação para a vida.

Não trate os seus filhos como seres incompletos ou inacabados, eles possuem sentimentos, desejos e opiniões, assim como você. Oriente, guie e coloque limites com amor e respeito!

12 – Parentalidade Positiva…

Uma parte importante no Ensino Domiciliar é a conexão e o fortalecimento dos laços familiares. Somente em um ambiente seguro e de paz, onde os filhos se sentem parte do todo, é que o verdadeiro aprendizado acontece.

Leia mais sobre Parentalidade Positiva aqui: https://maesnomundo.com/2018/03/26/a-parentalidade-positiva-e-a-harmonia-na-familia/.

Sobre o autor

Andreia Howell

Andreia morou na Austrália e desde 2007 reside nos Estados Unidos.

Graduada em Nutrição com Pós-graduação, atuou 15 anos na área de Nutrição Clínica.
Formada em Ballet Clássico dançou e deu aulas no Brasil e Estados Unidos.

O seu estilo de vida trouxe a oportunidade de conviver com indivíduos de diferentes continentes e culturas.
Apaixonada pelos mistérios e enigmas do desenvolvimento humano, nos últimos 8 anos vem estudando e observando o comportamento humano, principalmente ligado a primeira Infância, o que a levou ao processo de desescolarização e um interesse crescente sobre o início da vida e o condicionamento e adaptação da mente humana em diferentes ambientes e circunstâncias.

Seu trabalho tem influência de Gabor Maté, Shefali Tsabary e Gordon Neufeld entre outros.

E-mail: andreiahowell@hotmail.com