Se você disser para uma criança que ela nunca mais precisará fazer o dever de casa ao chegar da escola, é provável que ela dê pulos de alegria. Porém a maioria dos educadores defende que é importante praticar os conhecimentos que foram aprendidos ao longo do dia, para fixar melhor o conteúdo, ainda que essa atividade não seja tão legal assim.
Mas será que a apreensão de conhecimentos é o verdadeiro objetivo do dever de casa? De acordo com Pedro Scooby, surfista e participante do Big Brother Brasil 22, não. Durante uma conversa no programa, ele declarou que o dever de casa foi inventado para punir os estudantes, não para educá-los. Será que isso é verdade? Descubra a seguir!
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Quem inventou o dever de casa e com qual propósito?
Na Itália, em 1905, um educador italiano chamado Roberto Nevilis criou o dever de casa. Naquela época, ele tinha como objetivo punir os estudantes que não se comportavam durante a aula ou que tinham um desempenho insatisfatório. Ou seja, Pedro Scooby estava certo!
Entretanto essa não é a única informação verídica sobre o dever de casa. A partir dos anos 1930, nos Estados Unidos da América, essa prática ganhou um novo significado. Isso porque, naquele contexto, os estudantes de áreas rurais ainda eram uma parcela significativa dos alunos. Como era difícil ir até a escola, o dever de casa era uma forma de compensar as horas em que eles não estavam no colégio.
Com o passar dos anos, a também chamada lição de casa foi ainda mais disseminada, com objetivos diferentes dos iniciais. Hoje em dia, os defensores dessa prática alegam que ela traz os seguintes benefícios para os(as) estudantes:
1) Assimilação do conteúdo estudado
Para muitas matérias, a única forma de aprender um conteúdo é a partir da prática. Sendo assim, o dever de casa é fundamental para garantir que os(a) estudantes serão capazes de reproduzir o que foi ensinado durante a aula.
2) Desenvolvimento de outras competências
Na escola, o tempo de aula de cada matéria é limitado. Por causa disso, nem sempre é possível desenvolver todas as competências que um(a) estudante teria. Sendo assim, a lição de casa é uma maneira de desenvolver novas habilidades.
3) Desenvolvimento de autodisciplina
Não é fácil se organizar e ter a responsabilidade de cumprir as próprias tarefas, principalmente quando ainda estamos crescendo. Felizmente, o dever de casa é uma maneira de estimular essa autodisciplina.
4) Treinamento da memorização
Com o dever de casa, todo o conteúdo aprendido ao longo do dia permanece mais tempo na memória de um(a) estudante. Dessa maneira, é mais provável que essa pessoa consiga aprender cada matéria com facilidade.
5) Desenvolvimento do hábito de estudo
Para muitas crianças, estudar é uma tarefa chata e cansativa. E, aos poucos, elas deixam de realizá-la. Entretanto, ao tornar o estudo um hábito, por meio do dever de casa, essa atividade pode ser compreendida como algo importante e necessário.
Com o tempo, o dever de casa começou a atrapalhar
Apesar dos benefícios que o dever de casa oferece, em muitos casos essa atividade se tornou um peso para os(as) estudantes, desmotivando a prática. Por isso muitas crianças até sentem que ela é uma punição, como era originalmente.
Existem alguns fatores que explicam essa interpretação da lição de casa como algo ruim e prejudicial para os(as) estudantes. Em primeiro lugar, o volume de atividades de cada matéria nem sempre é equilibrado. Como consequência disso, é preciso realizar muitas tarefas em pouco tempo, sob o risco de perder nota ou de receber advertências.
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Outro fator que torna o dever de casa cansativo é a dificuldade dos exercícios que fazem parte da lição. Se eles forem mais difíceis do que os exercícios realizados em aula, provavelmente a criança não conseguirá realizá-los com tranquilidade, causando frustração e irritação.
Além disso, muitos estudantes sentem-se esgotados ao chegar em casa, seja pelo nível de exigência da escola ou por outros motivos, então só querem relaxar e realizar atividades prazerosas, o que é compreensível. Mas será que o ideal seria acabar com o dever de casa?
O que aconteceria se não existisse mais dever de casa?
Em 2015, uma escola pública de Nova Iorque, nos Estados Unidos da América, tomou a corajosa decisão de acabar com o dever de casa. A ideia era que os(as) estudantes brincassem ao ar livre em vez de se dedicar a esse tipo de atividade, para combater a frustração e a exaustão causadas pela lição.
A diretora da instituição, Jane Hsu,foi apoiada por Harris Cooper, um pesquisador que analisou 180 estudos sobre o assunto. Ele identificou que não existem provas de que o dever de casa é realmente benéfico para o desenvolvimento intelectual dos alunos. Ou seja, sem esse tipo de lição, elas não seriam prejudicadas.
Além disso, estudantes que não recebem dever de casa teriam mais tempo para brincar, para se dedicar aos hobbies que têm e para se divertir com amigos e familiares. Esses tipos de interação são comprovadamente benéficos para o desenvolvimento de um indivíduo e fundamentais para as crianças.
A partir do conteúdo apresentado, entende-se que o dever de casa realmente surgiu para punir os alunos. Ainda que a prática traga benefícios, ela se tornou cansativa e frustrante para estudantes de todo o mundo. Dessa maneira, é fundamental encontrar um meio-termo entre receber muitas lições e não receber qualquer atividade, para aproveitar as vantagens e contornar as desvantagens do dever de casa.
