Educação

Paulo Freire — Quem foi esse grande educador e como ele colaborou com o mundo?

Paulo Freire
Autor desconhecido / Wikimedia
Escrito por Eu Sem Fronteiras

Quando falamos sobre Paulo Freire, praticamente não há meio-termo. Enquanto muitos abominam sua figura e suas ideias, outros tantos o consideram um dos maiores gênios brasileiros da modernidade, mas você sabe quem foi Paulo Freire e por que suas ideias despertam tantas paixões, sejam positivas ou negativas?

Confira neste artigo quem foi esse educador brasileiro, quais eram suas principais ideias, leia frases dele e reflexões sobre elas e, no fim, faça sua própria avaliação a respeito do conhecimento produzido e ensinado por Freire.

Quem foi Paulo Freire?

Paulo Reglus Neves Freire (1921-1997) foi escritor, filósofo e educador. Considerado um dos pensadores mais proeminentes da pedagogia em nível mundial, ele foi notório influenciador do movimento que é conhecido como pedagogia crítica, que defende, entre outras coisas, que a educação não pode ser somente uma transmissão de conhecimento, já que precisa ter como objetivo promover a liberdade intelectual daquele que aprende.

Entre todos os pensadores e acadêmicos brasileiros, Paulo Freire é aquele que recebeu mais títulos honoris causa pelo mundo, aquele dado por instituições de ensino para intelectuais que tenham feito contribuição fundamental para uma área. Ele recebeu essa honraria de mais de 35 universidades pelo mundo e mais de 350 escolas têm seu nome ao redor do globo.

Homem deitado em uma mesa de sala de aula lendo um livro
tverdohlib / 123RF

“Pedagogia do oprimido”, livro de autoria de Paulo Freire, é a terceira obra mais citada em trabalhos na área de humanidades no mundo todo, com mais de 72 mil citações, segundo pesquisa realizada em 2016 pelo inglês Elliott Green, da London School of Economics.

Com ideias consideradas subversivas e até mesmo comunistas, Freire foi expulso do Brasil nos anos 1960, quando o país começou a ser governado por uma ditadura militar. Durante os quase 20 anos que passou no exterior, Freire rodou o mundo e foi professor convidado em diversas universidades, tais como a Universidade de Harvard e a Universidade de Estocolmo.

Mas quais eram as ideias difundidas por Paulo Freire, o patrono da educação brasileira? Entenda!

As ideias de Paulo Freire

A principal ideia de Paulo Freire era ser contrário ao método de ensino que ele chamava de educação bancária, aquela em que os educandos seguem fórmulas e regras para aprenderem, seja lá o que estejam estudando.

Para Freire, a melhor forma de ensinar era assimilando o objeto de estudo à realidade do educando. Por exemplo: para ensinar um agricultor a ler e escrever, em vez de treiná-lo com textos literários complexos, ensiná-lo a partir dos objetos usados por ele durante a labuta, tais como enxadas e pás.

Um pessoa segurando um giz e escrevendo em um quadro negro
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Além disso, Freire defendia que não havia benefício nenhum em ensinar conteúdo técnico para uma pessoa, mas não a estimular intelectualmente, promovendo no educando pensamento crítico e questionador. Segundo ele, o educando é que deveria fazer o seu próprio caminho do processo de aprendizagem, em vez de seguir algo previamente construído.

Grandes frases de Paulo Freire

“Ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo, os homens se educam entre si, mediatizados pelo mundo.”

Apesar de existirem educadores e professores, os maiores processos de educação acontecem ao longo da vida, por meio das interações e das relações entre as pessoas. A maior parte dos conhecimentos, afinal, não pode ser passada em uma sala de aula.

“Quando a educação não é libertadora, o sonho do oprimido é ser o opressor.”

Segundo Freire, se um dos objetivos da educação não é mostrar àquele que é oprimido que qualquer forma de opressão é ruim, é possível que ele queira passar ao papel de opressor um dia.

“A educação faz sentido porque as mulheres e homens aprendem que através da aprendizagem podem fazerem-se e refazerem-se, porque mulheres e homens são capazes de assumirem a responsabilidade sobre si mesmos como seres capazes de conhecerem.”

De acordo com o educador, é a educação a responsável pelo cerne do processo de autoconhecimento, porque é só a partir da aprendizagem que os seres humanos conseguem se entender e se conhecer cada vez mais.

Mulheres escrevendo em um caderno
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“É preciso que a leitura seja um ato de amor.”

Um dos principais métodos de Freire era o de ensino da leitura. Para ele, não se podia ensinar a ler sem que houvesse amor no processo, caso contrário seria apenas mais uma imposição na vida daquele que aprende.

“A alegria não chega apenas no encontro do achado, mas faz parte do processo da busca. E ensinar e aprender não pode dar-se fora da procura, fora da boniteza e da alegria.”

Segundo o pensamento de Freire, não faz o menor sentido trilhar um caminho em busca de um destino ou de um objetivo, se o caminho também não puder ser desfrutado. Para ele, o prazer também deve estar na busca.

“Ainda que desejem bons professores para seus filhos, poucos pais desejam que seus filhos sejam professores. Isso nos mostra o reconhecimento que o trabalho de educar é duro, difícil e necessário.”

A valorização da função de educador e professor está presente em toda a obra de Freire. Nessa frase ele expõe algo corriqueiro: queremos uma educação melhor, mas quem deseja estar na linha de frente da educação?

“Se a educação, sozinha, não transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda.”

Freire via a educação como um meio, não como um fim. Para ele, ela não tinha a capacidade de mudar o mundo, apesar de ser necessária como ferramenta para essa transformação.

Crianças sentadas no chão em círculo com suas mãos ao centro
Yan Krukov / Pexels

“Ninguém liberta ninguém. As pessoas se libertam em comunhão.”

Freire sempre fala em sua obra sobre essa espécie de pacto de coletividade em que o aprendizado de um único indivíduo não move o mundo, porque o que importa é que o coletivo se mova e aprenda junto.

“Me movo como educador, porque, primeiro, me movo como gente.”

Lembrete de Freire, especial nos tempos de mercado de trabalho competitivo em que vivemos: ninguém se resume à sua profissão, ninguém é um cargo. Antes de mais nada, somos seres humanos. Somente melhorando como humanos é que melhoramos em nossas profissões.

“Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção.”

O ensino, para Freire, não é um amontoado de conhecimento transferido para outra pessoa, mas uma forma de expandir os horizontes dela e alargar as fronteiras de seu mundo.

O que podemos aprender com Paulo Freire

Freire foi, acima de tudo, um defensor da liberdade e do estímulo a ideias novas e críticas. Segundo ele, o ensino não fazia sentido sem que houvesse aplicação prática do que foi aprendido e sem que o educando fosse estimulado a pensar e a avaliar criticamente o que foi aprendido.

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E essa é, acima de tudo, a maior lição de Freire para todo mundo, inclusive para aqueles que nada têm a ver com pedagogia: estimule-se criticamente e esteja sempre se questionando quando estiver em processo de aprendizagem. É somente desenvolvendo-se intelectualmente e aplicando o conhecimento em sua vida que você poderá se desenvolver como ser humano.

E aí, o que você achou das ideias de Paulo Freire? Você é crítico ou apoiador da maneira como ele via o ensino? Compartilhe sua opinião conosco e, mesmo sendo crítico a ele, reconheça que suas ideias têm valor e podem ser aplicadas para melhorar a vida de muita gente. Todo estudioso e todo educador merecem ser reconhecidos!

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