Por muitos anos, o Brasil foi refém de uma educação modelar e passiva, que representava o modelo de fábrica e as vontades dos grandes centralizadores de renda do país. A dificuldade no acompanhamento dos países da Europa na pesquisa e na extensão universitária fez com que o Brasil fosse estimulado a elaborar novas estratégias que envolvessem a oferta de educação de qualidade e que servisse para formular um novo núcleo científico em nosso país, já que nossos habitantes ricos e seletos preferiam cursar direito e medicina na Europa.
A questão é que, depois de anos de tentativas e indisciplinas, o Brasil começou a trilhar um caminho virtuoso e extremamente sólido na qualificação da educação e da ciência do país. Nesse sentido, o processo de alto investimento na universalização do Brasil começou a instigar novos olhares e novas esperanças para aqueles carentes de oportunidades. Após tantas tentativas e tantos investimentos, a educação pública no Brasil, sobretudo as universidades e institutos federais começam a brilhar em capas estrangeiras e listas condecoradas de língua inglesa de rankings e pesquisas científicas internacionais. De maneira empolgante, nascia (talvez) um Brasil novo e cheio de garantias e dignidade.
Com tamanha felicidade e orgulho, estamos, em 2019, analisando e sofrendo cortes em uma área que muito demorou para se efetivar. Talvez estejamos sendo driblados por uma estratégia de governo muito mais interessada em cortar ideologias contrárias a manter em pé o que funciona. Sim, funciona, a pesquisa no Brasil é um fator a se orgulhar, já que a esmagadora maioria das produções científicas do Brasil vem de instituições públicas que não demoram para mostrar resultado, o que o faz desde o seu gênesis. Talvez estejamos errados, todo mundo pode estar, mas ao defender aquilo que vivemos defendemos aquilo que conhecemos e o fazemos muito bem.
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Há de se verificar que os reajustes no orçamento da educação não é coisa nova, pelo contrário! É, na verdade, um desafio que os estabelecimentos de ensino vêm sofrendo ano após ano. O que é novo é a tentativa de parar o que produzem, o que é estruturalmente saudável diante uma sociedade sossegada, acomodada e inconsequente. Diante disso, devemos ainda ouvir a tese da doutrinação e das ideologias pregadas dentro de universidades e escolas – como se, já desde o nascimento, as crianças não fossem expostas a comportamentos e ideais não muito coletivos nem mesmo descobertos, mas revelados.
A verdade é que a educação pode não ter valor, pode não ter medida, não fala por si só nem mesmo devolve a curto prazo milhões de investimentos. A educação não é ditadora, ela é formadora. Não é armada, não é rica, não é triste, não é imparcial. A educação mostra verdades, a pesquisa a comprova e o povo aprende. Mas se o povo aprende, o povo pensa. E povos pensantes existem. E, ao existir, abrimos a boca para denunciar tudo o que é ruim, inclusive limitar a educação.