Convivendo

Falando sobre gentileza

Menino branca segurando pata de cachorro.
ulkas / 123rf
Escrito por Eu Sem Fronteiras

A etimologia da palavra “gentileza” engloba o significado de cordialidade, nobreza em relação aos outros. O radical “gen” provém do latim gentilis e significa “do mesmo grupo ou família”.

A palavra em si já carrega a conotação de ajuda mútua, cuidado e atenção com o outro e os problemas alheios.

Ser gentil, entretanto, perdeu algumas de suas raízes dentro do modo de vida atual. É muito mais comum sairmos na rua e identificarmos uma ação de falta de gentileza do que atos de explícita compaixão.

A gentileza

Ela é muito mais que um ato, um sentimento. Aquele que é realmente gentil age com todo o coração e doa sem pedir nada em troca. Enxerga beleza e valor na atitude dos outros e está disposto a ajudar em quaisquer circunstâncias. Podendo ou não resolver o problema, está disposto, mesmo que seja apenas para alegrar ou agradar alguém que sofre.

A gentileza está presente em pequenas atitudes: em parar o carro para alguém atravessar a rua, em ajudar idosos com sacolas pesadas, em agradar alguém que está triste. Podemos presentear fora de datas especiais, auxiliar numa tarefa muito grande, entre outros.

O simples fato de ter o cuidado e perceber o sentimento do outro é capaz de gerar gentileza espontânea. É o que chamamos de altruísmo. Altruísmo faz parte do comportamento humano em que um ser preocupa-se com o outro a ponto de colocar-se em seu lugar, a fim de avaliar a situação e sentir na pele a melhor maneira de ajudar quem precisa.

Por natureza

Pessoa branca tirando foto com celular.
Gabriel / Reshot

Segundo estudos da psicologia, como o de Augusto Comte, que definiu o conceito de altruísmo como o oposto de egoísmo, o ser humano é, por natureza, generoso. Ou seja, independentemente de influências históricas e sociais, o homem tem o instinto de querer o bem do próximo e é capaz de agir espontaneamente para tal.

O altruísmo é também discutido por muitas outras áreas, como a religião, e muitos outros filósofos. Parte componente do comportamento humano, a pessoa altruísta é frequentemente gentil e não necessariamente reconhece tal qualidade, simplesmente a executa sem esperar por resposta ou visibilidade.

Seu poder

A espécie humana, desde sempre, viveu em grupo e teve de contar com regras comuns para que a convivência fosse possível. Dentre elas, sempre foi necessário respeitar regras e contar com reações alheias.

É impossível viver sozinho, portanto, devemos saber lidar com outras pessoas em diferentes momentos do dia a dia. Sendo o ser humano gentil por natureza, a convivência é facilitada quando um age pelo outro. Ou seja, quando temos alguma atitude altruísta, deixando de olhar apenas para o nosso umbigo, um ciclo de benefícios se cria, afinal, sabemos que “gentileza gera gentileza”, por mais clichê que a frase pareça.

Mulher branca e homem negro com os braços levantados.
Priscilla Du Preez / Unsplash

Tal desencadeamento é tão real, que é fácil perceber. Quando alguém é gentil e carinhoso conosco, sem pensar, somos da mesma maneira em resposta. Além disso, a gentileza é fonte de alegria, ela faz bem para quem recebe e para quem pratica. A satisfação alheia e demonstração de felicidade de quem recebe é capaz de gerar o mesmo em quem atua.

Estudos comprovam que ela pode ser responsável até mesmo por melhoras na saúde. Sendo motivo de bem-estar e autoestima, a gentileza evita o desenvolvimento de doenças crônicas como depressão e problemas psiquiátricos relacionados à convivência social.

Por um mundo mais gentil

A grande dificuldade está em não deixar a gentileza se esconder. Facilmente, tendemos a pensar muito mais em nós do que nos outros, dentro do modo de vida moderno.

Vivemos num modo automático, que altera e mascara percepções, priorizando sempre as tarefas e horas que temos disponíveis para sermos úteis e produtivos.

Dentre todos os bloqueios que esse estilo de vida gera, a gentileza entra na roda. É muito mais tendencioso pensarmos em nós, em quantos problemas e coisas para fazer temos, do que nos preocupar com os outros.

Chegamos, até mesmo, ao ponto de realizarmos algumas gentilezas, entretanto, não tão autênticas, para satisfazer o ego com a sensação de “compaixão”.

Para aqueles que recebem alguma ajuda, sempre há uma desconfiança ou pé atrás, por conta de desacreditarmos na boa intenção das pessoas, quando a maioria é egoísta ou má intencionada.

Independentemente da motivação que gere a gentileza, é incontestável o bem que ela traz. Com certeza, uma gentileza mais verdadeira, sem desejo de troca ou reconhecimento, traz consequências mais benéficas à humanidade, entretanto, a ajuda sempre será um bem.

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Cabe a nós reconhecermos os momentos em que podemos agir como pessoas mais disponíveis e altruístas, e também receber bem as ajudas que nos são oferecidas. Quando a gentileza encontra um caminho de mão dupla em que pode ir e vir, ela flui naturalmente e passa a ser cada vez mais espontânea e instintiva.

Busque, em seu dia a dia, realizar pequenas atitudes que façam a diferença. Os atos podem ser pequenos, comece uma conversa com um idoso ou morador de rua que se sente sozinho, ou oferecendo ajuda a algum colega em seu trabalho, ofereça um almoço para quem gosta. A mudança de atitude é gradativa, e lhe trará coragem para ser maior, quando a gentileza tornar-se parte de sua vida, grandes atitudes poderão fazer a diferença no mundo. Você se sentirá mais capaz de ajudar e estará disposto, sem questionamentos, à ações maiores, como doação de órgãos, doação de sangue e trabalho voluntário, que nada mais são que a compaixão pura e significativa para a vida de diversas pessoas.

Tire a mente e visão dos seus problemas e situações. Torne a vida mais coletiva, verá que ser gentil faz bem e receber gentilezas é gratificante.

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