Desde pequenos, alguns autores dizem que desde a barriga da nossa mãe, vamos guardando no nosso inconsciente traumas, culpas, mágoas, tristezas, frustrações e desejos não realizados, os chamados recalques. Todas as vezes que nos desequilibramos de alguma forma, um morador da nossa mente, chamado ID, nos impulsiona a resolver o problema, para que possamos ter de volta a paz interior.
Acontece que esse morador só quer prazer e, como não podemos nos permitir tudo o que desejamos, acabamos jogando esses assuntos mal resolvidos na nossa lixeirinha interna.
E assim vamos pela vida, deixando de fazer o que realmente gostaríamos, seja por preocupação com o que os outros vão pensar, seja pelos desejos não estarem de acordo com o que nós estabelecemos como valores.
Além desses recalques que vamos formando durante a vida, trazemos, do nosso arcaico, certas tendências primitivas e que geralmente batem contra os nossos valores. Fazemos com elas a mesma coisa, as jogamos mais para o fundo da nossa mente, não nos aceitando como somos e, assim, não nos dando a oportunidade de mudarmos e sermos felizes. E a lixeirinha vai enchendo. E nós sofremos.
E o que fazemos então? Projetamos todo esse lixo no outro.
Tudo que nos incomoda no outro está mal resolvido em nós. Tudo. Não tem como fugir. O modo de agir do outro é dele, a forma como reagimos ao outro é nossa, fala sobre a gente. Enquanto não aceitarmos que temos sombras para transformar em luz, iremos magoar as pessoas, destruir as nossas relações e nos destruir.
O outro não é o culpado pela sua infelicidade, independentemente do que ele tenha feito. Se ele fez algo que te incomodou e que você acha errado, olhe para si e veja se você também não gostaria de ter feito como ele, mas não se permite. Pode acontecer.
Muitas vezes julgamos o outro de invejoso, desonesto, grosso, insensível. Estamos apontando o dedo para ele, mas quantos estão apontados para nós? O julgamento não fala do outro, só fala da gente. É extremamente trabalhoso aceitar isso, mas é a única forma de começarmos a sair da hipocrisia, nos olharmos e nos aceitarmos como imperfeitos para podermos melhorar. Não tem como mudar o que não aceitamos, e, se não mudamos, continuamos sofrendo frustrados porque o outro não é o que gostaríamos que ele fosse.
Quando julgamos, machucamos, destruímos, não estamos amando. E também não estamos nos amando, porque negamos uma parte nossa que precisa de ajuda. A projeção acontece com todo mundo, é necessário um grande trabalho de autoconhecimento para identificá-la e transformá-la.
Não adianta falar que ama seu próximo se você o coloca como inferior, se o julga, se o tortura psicologicamente achando que o seu padrão é o certo e o dele o pior do mundo. Olhe pra você, veja as suas atitudes, as suas projeções, pare de gastar o tempo da sua vida se preocupando com a maneira do outro agir. Observe seus sentimentos e suas reações quando alguém o incomoda, ou quando alguém “te fez” algo que doeu. Force-se a olhar pra si e a tentar entender por que aquilo te fez tanto mal, não tenha dúvida, tem algo seu aí.
Não é fácil aceitar isso, mas é a única maneira de nos amar de verdade, nos respeitar, amar e respeitar quem está ao nosso lado. Não sabemos o que o outro passou, não sabemos dos traumas, das dores, das frustrações, do que ele sentiu, nada; só sabemos o que ele nos permite e tem conhecimento para nos falar, e, ainda assim, é muito pouco. Não conhecemos nem a nós mesmos, como podemos julgar alguém? Como podemos dizer que algo é certo ou errado se não somos perfeitos?
Pare agora de julgar! Escolha ser feliz e fazer feliz quem está ao seu lado. Volte seus dedos para você e abrace suas sombras que precisam de carinho, ajuda e aceitação. Não agrida, não projete.
A vida fica muito mais simples e leve quando começamos a nos aceitar como somos, já que as pessoas passam a nos incomodar menos. Pense nisso e não tenha vergonha ou orgulho de procurar uma terapia pra te ajudar nesse caminho que é trabalhoso, mas vale muito a pena.
Um beijo no coração e até a próxima!
Você também pode gostar de outros artigos desse autor: Se apaixone com pelo menos um dos pés no chão