Autoconhecimento

Expectativa

Mulher branca de olhos fechados e os dedos das duas mãos cruzados.
Escrito por Carla Bettin
Dia desses surgiu uma ideia de abrir alguns temas para debate no Instagram.

Houve uma boa participação, perguntas e solicitação de outros temas, então tive a ideia de montar um texto com os assuntos abordados lá e compartilhar aqui.

Neste artigo, o tema abordado é EXPECTATIVA.

A expectativa é fruto da ansiedade.

Ansiedade é a preocupação diante do futuro.

Mulher branca, vestida de social, sentada em uma mesa de escritório, apoiando a cabeça nas mãos, em cima da mesa.

Preocupação é pré ocupar-se com algo que ainda não é motivo real de sua ocupação.

A ansiedade precisa ser analisada num sentido mais amplo, pois trata-se inclusive de sensações físicas.

Já a expectativa possui um tema, por exemplo: expectativa no relacionamento, no trabalho, nos estudos, etc.

Identificando com clareza o tema da expectativa, pode-se, então, analisa-la de forma mais profunda.

Pergunta: Por que o nosso subconsciente gera expectativa?

O subconsciente é o responsável por nossas emoções, ele é composto por registros, acontecimentos, sensações, tudo isso em forma de memórias.

Não nascemos como uma página em branco como muitos acreditam.

Quando estamos sendo gestados no ventre de nossa mãe, recebemos dela através do elo mental, o registro de memórias daqueles que nos antecederam, nossos antepassados e de uma forma mais impactante, tudo o que acontece por intermédio e assimilação da mãe durante a gestação. Depois do nascimento e de outras vivências ao longo de nossa vida, vão formando o “banco de dados”, os registros de memórias do nosso subconsciente.

Menina criança branca, com expressão preocupada e triste, apoiando sua cabeça no ombro de sua mãe.

Quando algo nos incomoda é sinal de que o subconsciente acessou a pasta de alguma memória não elaborada, seja ela nossa ou de registros passados.

O tema da expectativa vem à tona conforme o assunto em questão, como no caso do tema sugerido por uma seguidora: RELACIONAMENTO.

Relato: No relacionamento afetivo, esperar que seja feito tal coisa e não acontecer, aí aparece a frustração. E é aí que vejo que estou tendo expectativa, quando tenho a reação de frustração.

Pergunto a ela: quais emoções surgem como reação?

E ela responde: Emoção de tristeza, e explica que desejava mais.

Para cada pessoa, a reação emocional pode ser diferente. Algumas pessoas, diante da frustração, consequência da expectativa, podem sentir raiva, medo, insegurança, culpa, etc.

Por isso, vale lembrar que, apesar deste texto estar sendo elaborado para um público de modo geral, cada pessoa precisa ser analisada de um modo particular.
Textos, vídeos, livros, materiais que encontramos à nossa disposição podem nos ajudar a entender melhor e até nos dar uma ideia sobre o que nos acontece, mas não substituem a terapia, pois esta trata do indivíduo de forma mais específica e particular.

Seguindo então nossa linha de raciocínio, podemos concluir esta abordagem, respondendo ao questionamento da leitora de forma clara e objetiva: A pessoa identifica a tristeza, reconhece que há uma frustração em relação ao companheiro ou companheira por não ter correspondido à sua expectativa, a expectativa de que gostaria de ter recebido mais do que o que lhe foi ofertado.

Tudo parece estar girando em torno daquilo que o outro deixou de ofertar, mas, na verdade, a atitude do outro que causou o incômodo da frustração apenas abriu a pasta contendo alguma memória ressonante com esta situação.

Nós só reconhecemos aquilo que conhecemos, ou seja, só reconheço esta tristeza e este fato porque ele já existe dentro de mim em forma de memória.

Isto é o que chamamos de projeção.

Homem branco, com camisa azul, apertando a cabeça com uma expressão de dor e preocupação, com diversos desenhos confusos ao redor da sua cabeça.

O outro, correspondendo à projeção, age como que um personagem, encenando, para nós, a situação da memória que foi registrada em nosso subconsciente em algum momento de nossa vida e que não foi bem elaborada, o que muitas vezes chamamos de fato traumático.

Quanto mais forte a emoção sentida, maior o registro.

Pergunta: Como lidar ou controlar a tal expectativa?

Ter consciência da existência da expectativa é o primeiro passo.

Quando estamos agindo sob influência da ansiedade e da expectativa, não enxergamos a realidade bem como as pessoas envolvidas tal como são.

Enxergamos tudo a partir do medo, da tristeza, da raiva ou da emoção dominante e enxergamos também aquilo que estamos projetando em algo ou alguém.

A melhor forma de lidar com a expectativa é trazendo a consciência para o momento presente, pois, se estamos sob a influência de alguma memória, isso quer dizer que estamos no passado e não no agora.

As situações em nossa vida se repetem para que tenhamos a oportunidade de elaborá-las, ressignificá-las.

Segue algumas dicas pontuais para conscientização:

Menina branca, jovem, vestindo uma camisa quadriculada, preocupada apoiando a cabeça nas mãos, em cima da mesa de um consultório médico.

  • Identifique o que sente com autorresponsabilidade, reconhecendo que a emoção mora dentro de você e só você tem acesso ao seu mundo interior.

  • Identifique qual a atitude do outro que lhe causou desconforto.

  • Separe a pessoa da atitude: assim como você não é a tristeza, apenas a manifesta, a outra pessoa não é responsável pelo que você deseja, até pode ser que o que você deseja chegue através dela, mas isso precisa acontecer de forma natural e espontânea.

  • Quando a pessoa corresponde ao seu desejo momentâneo, sem que você tenha ressignificado a memória responsável pela ansiedade e expectativa, muito em breve, o desejo voltará, pois o sentimento raiz que deu origem à programação não foi elaborado e ressignificado ainda. Continua em “aberto”, gerando a expectativa.

No processo terapêutico, quando ressignificada a memória de origem do desconforto, acontece aquilo que chamamos de lei mental: “tudo o que se cria na mente se transforma em realidade”, então, como consequência, o desejo e a expectativa tema cessam e isso vai se refletir no relacionamento, pois a projeção termina e então você passa a enxergar a pessoa real com a qual se relaciona, portanto, há uma evolução para ambos, o que não quer dizer que o relacionamento vá continuar.

Dr. Pedro Grisa nos ensinou que “quando você muda, o outro muda, ou se muda”, ou seja, pode ser que vocês não vibrem mais na mesma frequência e queiram seguir caminhos diferentes.

Pode também haver uma evolução aos dois e o relacionamento vibrar numa frequência mais elevada e amorosa.

Ninguém chega em nossa vida por acaso, somos mestres uns dos outros, e, na escola da vida, relacionamentos são como mestrado, que nos dão a oportunidade de sermos mestres em trocas sadias ou analfabetos emocionais exigindo o que nos falta. A escolha é nossa.


Você também pode gostar de outros artigos da autora: Como evitar o desperdício dentro de casa

Sobre o autor

Carla Bettin

Área de atuação e prática: reprogramação mental, ressignificando crenças limitantes, identificando suas origens dentro do sistema familiar.

Acompanhamento gestacional para casais que tenham a intenção de uma gestação e parto mais consciente e humanizado.

Análise da tabela familiar, observando padrões repetitivos.

Constelação familiar.

Disponível para palestras, cursos, retiros, atendimentos em grupo e individual.

Email: carlajuliana.bettin@gmail.com
Site: carlabettin.blogspot.com
Facebook: Carla Bettin - Terapeuta Sistêmica
Instagram: @carlabettinterapeuta