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Outubro Rosa: O câncer não precisa ser o fim, mas, sim, uma segunda chance

Escrito por Nathalia Lanfredi
Hoje, eu quero contar uma história em duas partes em que o câncer de mama, por mais destrutivo que tenha sido, transformou a vida de uma mulher e a ensinou a viver de verdade.

A parte um é sobre os limites do nosso corpo que nós não respeitamos.

Pois bem, essa aqui é a Dona Eliane, minha mãe. Ela é uma das mulheres mais extraordinárias que eu já conheci e que tenho a sorte de ter como um exemplo no meu dia a dia. Porém, por diversos motivos, essa mulher precisou assumir há uns 30 anos a postura de um trator, ou seja, tinha que passar por cima de tudo sem desanimar para que pudesse cumprir com as suas obrigações.

Ela precisou criar a mim e ao meu irmão praticamente sozinha, para isso, trabalhou sem férias por muitos e muitos anos, mas além disso, ela também se dispunha a ajudar o meu padrasto em restaurantes que ele teve. Tudo bem, eu entendo, como ela mesma diz, ela ama trabalhar, só que o problema é que ela não percebia que o corpo dela tinha limites e que esses limites iriam cobrá-la ao longo dos anos.

Além disso, minha mãe sempre foi uma pessoa muito boa e que eu, às vezes, brinco de que é uma pessoa muito “boba”, porque ela nunca foi de expressar os seus sentimentos, não extravasava quando estava explodindo, não dizia quando estava triste ou infeliz. Logo, foram trinta anos trabalhando como uma máquina e engolindo todo tipo de sapo. Nisso, como 1 mais 1 são 2, ela desenvolveu o câncer de mama.

Você pode ver aqui como esses fatores são, sim, contribuintes para o desenvolvimento do câncer: O Câncer segundo Cristina Cairo.

Agora, a parte dois é sobre a nossa tão temida aparência!

Essa mesma mulher não se contentava em ser praticamente uma Mulher-Maravilha, ela tinha que fazer isso de salto alto, com um cabelo loiro impecável (que para ela nunca estava bom) e, é claro, sempre tinham ali escondidinhas as preocupações com a barriga, o braço, a celulite, as cicatrizes, entre outras coisas que sempre fazem com que nós, principalmente as mulheres, percamos um tempão de nossas vidas.

“E o que você quer dizer com tudo isso no fim das contas?”

Eu quero dizer que, primeiramente, ela venceu o câncer (escrevo isso com uma alegria que não dá para descrever em palavras), inclusive está completando cinco anos desde que ele foi descoberto e todo o processo aconteceu.

Porém se olharmos a situação de um ponto de vista externo, o que a gente tira disso?

Simples, hoje ela se transformou e vive muito bem, mas foi o câncer que a obrigou a parar e olhar para a sua vida, reavaliar que diabos ela estava fazendo enquanto perdia trinta preciosos anos da sua vida se dedicando ao trabalho e aos outros, sem nunca se dedicar a ela mesma. O câncer, por mais doloroso que seja, fez com que ela descobrisse que tem voz para dizer o que pensa e que a vida é muito mais do que pagar contas.

Nessa foto os cabelinhos já estavam crescendo.

Além disso, ela perdeu o que mais amava em si: o cabelo! Quando ela se viu careca, com o corpo todo em mudanças por causa dos remédios, foi que ela se deu conta do quão efêmera é a nossa aparência e de como ela conseguia ser bonita do jeito que ela é.

Por fim, ela sempre se colocou em uma posição muito positiva quanto ao tratamento, tinha na mente dela muito claro que aquilo não era o fim e que ela iria se curar. Foi então que ela chegou até essas conclusões, porque tudo isso que eu disse não fui eu que deduzi, foram as coisas que ela foi me dizendo ao longo desses últimos anos.

Ela entendeu o aviso divino e do seu próprio corpo, agora ela entende que tem limites e os respeita, não guarda mais nenhum sentimento para si, ela diz o que pensa, quer você goste ou não, e ama quem ela é, ama o corpo, a história, as cicatrizes e simplesmente se esforça diariamente para ser alguém melhor.

Eu espero que, de alguma forma, este texto leve uma luz para você e que a mensagem seja clara:

Se você está passando pelo processo do câncer:

Não desanime, pois a ciência tem avançado muito e a sua postura positiva pode ser muito importante nesse momento. Use esse desafio como uma chance de se reinventar, de ter uma nova chance para a vida.

Se você conhece alguém que está nesse processo: abrace essa pessoa, dê carinho, leve palavras que a façam ver a doença com outros olhos, que é o objetivo deste texto.

Luvas de boxe cor de rosa.

Se você está saudável, então, fica aqui o alerta: aproveite a sua saúde, respeite os limites do seu corpo enquanto há tempo, não guarde os seus sentimentos (muito menos o rancor) e, acima de tudo, se ame, porque todos nós somos perfeitos do jeitinho que somos.

E para finalizar um texto feito todo sobre a Dona Eliane, segue uma frase dita por ela mesma e que eu espero que desperte o amor-próprio em vocês mesmos, pois a vida é única e muito bela para sofrermos tanto, tudo bem?

“Não se preocupe tanto com a sua aparência, porque um dia você vai encontrar alguém que vai te amar tanto, do jeito que você é, que você vai se arrepender de ter perdido tanto tempo tentando ser outra pessoa.”

P.s.: Mamãe, se estiver lendo isso, saiba que a senhora é luz!


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Sobre o autor

Nathalia Lanfredi

Relações Públicas, Libriana e Assistente de Comunicação aqui do EuSemFronteiras, sempre fui muito curiosa e tento entender como funcionam todas as coisas que envolvem o comportamento e os relacionamentos humanos. Por isso, a vida me guiou para estudar a comunicação e o autoconhecimento, e, por sorte, aqui eu consigo unir as duas coisas que amo e, assim, tentarei compartilhar com vocês um pouco das experiências que já vivi e espero que de alguma forma eu consiga contribuir positivamente com a vida de cada um que ler esses textos.