Quando se faz uma formação em coaching, uma das primeiras coisas que aprendemos é a não fazer a pergunta “por quê?”.
A razão disso é que normalmente essa pergunta carrega um julgamento, e pode fazer com que a cliente saia da condição colaborativa, em que ela vai se autoanalisar e dali pode ter algum insight, e entre numa de autodefesa.
Nesse processo, toda semana a própria cliente estabelece quais as ações que vai se comprometer a fazer para chegar mais perto do seu objetivo. Digamos que você seja a cliente, e não tenha feito uma das tarefas. Se eu perguntar “por quê?”, tudo que vou conseguir é uma contração – ninguém quer ser visto como preguiçoso, não comprometido.
Quando eu pergunto, no entanto, “Qual foi o aprendizado que você teve ao não fazer esta ação?”, muitas vezes descubro que aquele objetivo não faz tanto sentido mais para a pessoa naquele estágio do processo. Talvez ela tenha sido levada a buscar aquele objetivo por uma convenção da sociedade, por exemplo, e não fazer a ação trouxe a clareza necessária. Neste caso, há uma expansão.
Dr. Ken Berry, no vídeo “Lies My Doctor Told Me” (As Mentiras que meu Médico me Contou), diz: “Quando alguém pergunta: ‘Por que você está fazendo isto?’, não está pronto para ouvir. Ele estará pronto quando pergunta ‘como'”.
No autoconhecimento, porém, a pergunta “por quê?” pode ser reveladora. E ela ganha ainda mais profundidade quando feita três vezes, como diz Byron Katie, criadora do método “The Work”.
Katie usa cinco perguntas-base nesse método para chegar ao cerne de qualquer questão que esteja incomodando a pessoa na frente dela. Algumas vezes, porém, para conseguir um melhor resultado, para que a resposta não seja alguma coisa que a pessoa está acostumada a dizer, ela usa “por que” três vezes.
Se eu questiono: “Por que você não se sente feliz?” e você responde: “Porque não gosto de morar aqui”, chegamos na superfície do problema. Se eu pergunto “por que” mais uma vez, talvez descubramos que você se sente sozinha. Na terceira vez, pode ser que venham à tona coisas como o sonho ou uma carreira satisfatória que você deixou de lado para mudar-se para este lugar, talvez para cuidar de um familiar doente, ou por causa de um casamento, e é de lá que no fundo vem a tristeza.
Glennon Doyle, no livro “Untamed”, faz uma pergunta que tem muito a ver com isso: “Qual é o desejo por traz do desejo? Descanso? Paz?” Podemos substituir a palavra desejo por “problema”, por “incômodo” ou por “sonho”.
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O que isso faz por nós também é que aos poucos vamos deixando de responsabilizar o externo pelo que acontece conosco, e ir cada vez mais para o lugar onde estão todas as respostas e soluções: o interno, o coração. Quanto mais conhecermos esse lugar, menos o que acontecer fora de nós vai nos abalar, e conseguiremos trabalhar na direção de alcançar uma estabilidade que vai nos acompanhar para onde quer que formos.
Se quiser um exemplo de como usei isso na minha própria vida, acesse este artigo.