Convivendo

Qual é o simbolismo do Dia dos Mortos mexicano?

Um homem e uma mulher abraçados e fantasiados com trajes típicos do Día de Los Muertos Mexicano
deagreez / 123rf
Escrito por Eu Sem Fronteiras

A morte é um assunto que não costuma surgir em uma roda de conversas entre amigos ou para tornar o clima mais leve. Em geral, quando falamos sobre isso, sentimos tristeza, medo, melancolia ou saudade.

Mas você sabia que nem todas as culturas pensam dessa maneira sobre a morte? No Egito, por exemplo, acreditava-se que depois da morte viria uma nova vida, para a qual os faraós poderiam levar todas as riquezas que acumularam enquanto eram vivos.

Mais perto de nós, a cultura mexicana tem uma visão sobre a morte que é bem diferente da que estamos acostumados. Inclusive existe uma festa para celebrar a partida daqueles que já estiveram entre nós. A seguir, aprenda mais sobre o Dia dos Mortos mexicano!

A morte na cultura brasileira

Em 2018, o Sindicato dos Cemitérios e Crematórios Particulares do Brasil (Sincep) divulgou uma pesquisa sobre a morte na cultura brasileira. Entre as pessoas entrevistadas, 82,4% acham que não tem nada mais sofrido do que a perda de alguém.

Além disso, 63% pensam que a tristeza está associada à morte, enquanto 30% têm muito medo de morrer. A partir desses dados, compreendemos que o fim da vida na sociedade brasileira é visto com sofrimento e com muita dor na maioria dos casos.

Um crânio acinzentado.
Peter Dargatz / Pixabay

Dessa forma, quando uma pessoa falece, reunimo-nos para uma última despedida em um velório. É comum que os parentes e amigos de quem partiu se abracem, façam uma oração ou comentem sobre lembranças que construíram ao lado da pessoa que morreu.

E existe uma ocasião para relembrar todos esses entes queridos que não estão mais entre nós, o Dia de Finados. Em 2 de novembro, que também é feriado nacional, a população frequenta os cemitérios onde parentes e amigos foram enterrados para deixar flores ou rezar em homenagem a quem se foi.

A morte na cultura mexicana

Apesar de a morte no Brasil ser compreendida como um evento triste, em uma outra parte do mundo não é isso que acontece. No México, a morte é vista com muita alegria, visto que a pessoa que faleceu teve a oportunidade de passar para o mundo espiritual.

Desde quando os colonizadores chegaram no país, essa maneira de entender o fim da vida parecia bastante inusitada. Até hoje podemos ter um pouco de dificuldade em aceitar toda a alegria mexicana em torno de um evento que, para nós, é tão sofrido.

Ainda assim, é importante respeitar e conhecer essa cultura. Afinal quem não gostaria de viver a vida sem um medo intenso da morte? E quem não quer um alívio ao enfrentar o luto por uma pessoa querida que partiu? Encante-se com essa nova perspectiva a seguir!

Qual é o simbolismo do Dia dos Mortos mexicano

Enquanto o dia 2 de novembro é o Dia de Finados no Brasil, no México comemora-se o Dia dos Mortos. Em vez de ser uma ocasião de recolhimento e de angústia, é um momento de fazer uma grande festa.

Pessoas fantasiadas durante um desfile do Dia dos Mortos no México.
Poloide93 / Wikimedia Commons

Desde 1 de novembro, Dia de Todos os Santos, os mexicanos começam a festejar. Acredita-se que nessa data as almas de crianças que faleceram retornam para o mundo terreno para reencontrar os familiares e amigos que continuaram vivendo.

Então as ruas são tomadas por crianças fantasiadas, que não têm medo das almas que estão rondando o país, já que, um dia, elas também foram crianças felizes. O que há em comum em todas as produções para o ritual é o destaque para os olhos, sempre contornados de preto.

Depois da festa das crianças, no Dia dos Mortos propriamente dito começa a celebração dos adultos. Embora eles também usem fantasias, essa não é a parte mais importante do evento. Na verdade, a data é usada para relembrar os adultos que já partiram, cujas almas retornam à Terra nesse momento especial.

Para isso, as pessoas organizam altares dentro das próprias casas, perto das janelas (para os espíritos chegarem com facilidade). Acrescentam fotos, alimentos, flores (chamadas cempasúchil) e copos d’água, já que a viagem para a Terra deve ser exaustiva para aqueles que partiram.

Noite dos Mortos em Janitzo. Várias pequenas velas dispersas, algumas lápides e plástico e algumas caveiras, todas também dispersas.
Miguel Angel Mandujano Contreras / Wikimedia Commons

Também, as ruas são decoradas com caveiras recortadas em papel de seda colorido, em alusão ao fim da vida. Nos ambientes públicos, como museus e lojas, são preparadas mesas com alimentos para os espíritos. Ou seja, todo o país se organiza para receber os espíritos em uma grande festa.

Ainda que, para nós, os espíritos causem medo ou desconforto, para os mexicanos eles são a representação perfeita de quem se foi. Portanto a presença deles não deve ser só desejada, mas também celebrada. Nesse caso, ninguém tem medo dos mortos, apenas saudade!

E um dos fatores mais importantes do Dia dos Mortos é justamente manter viva a memória de quem já faleceu. Para os mexicanos, somente essa lembrança é capaz de manter uma pessoa existindo em um outro plano espiritual. Esse simbolismo é bastante evidente no filme “Viva – A Vida É Uma Festa” (2017).

Logo, a partir dessa celebração, é possível demonstrar o quanto as pessoas que morreram continuam sendo amadas, lembradas e queridas. Elas continuam fazendo parte da família e do grupo de amigos e sempre terão o Dia dos Mortos para encontrar novamente aqueles que fizeram da vida dela tão especial.

Você também pode gostar

A partir das informações apresentadas, observamos que o Dia dos Mortos é sinônimo de alegria no México. É quando a população tem a oportunidade de homenagear quem já partiu com flores, comidas, fantasias e decorações divertidas. Principalmente, essa data nos revela uma maneira mais otimista e leve de pensar sobre a morte, mostrando que ela pode ser apenas o início de um novo ciclo!

Sobre o autor

Eu Sem Fronteiras

O Eu Sem Fronteiras conta com uma equipe de jornalistas e profissionais de comunicação empenhados em trazer sempre informações atualizadas. Aqui você não encontrará textos copiados de outros sites. Nossa proposta é a de propagar o bem sempre, respeitando os direitos alheios.

"O que a gente não quer para nós, não desejamos aos outros"

Sejam Bem-vindos!

Torne-se também um colunista. Envie um e-mail para colunistas@eusemfronteiras.com.br