Relacionamentos

Ser mulher

Mulher sorrindo.
vadymvdrobot / 123RF
Escrito por Mariana de Carvalho

“Ah! Mas ele faz eu me sentir mulher.”

Criatura divina — especialmente mulher — que está aí desse outro lado, se você usa essa fala para justificar o porquê você se mantém no relacionamento conjugal atual, por favor, pegue um café ou um chá para termos um dedo de prosa.

Você já parou para refletir o que de fato é estar mulher heterossexual e monogâmica nos dias de hoje?

Mesmo que você tenha outra diretriz sexual, convido a ficar por aqui, afinal, para relações humanas, na verdade, quando vistas a partir de um olhar acolhedor, os rótulos não são importantes.

Esse assunto me faz lembrar os papos de fim de tarde de domingo que tínhamos em casa entre mim, minha mãe e minha avó. A Dona Dalva (avó) podia ser uma pessoa um tanto desafiadora de conviver, mas tinha uma sabedoria e um olhar tão especial para tudo que seus ensinamentos reverberam até hoje em mim.

Em um desses momentos de prosa com chá, bolo e opera, eu estava desabafando minhas frustrações amorosas, mais especificamente por que não conseguia esquecer um ex-namorado e seguir em frente.

Duas pessoas sentadas lado a lado tomando café.
CURVD® / Unsplash

Já fazia quase um ano que eu estava solteira e eu não deixava absolutamente ninguém se aproximar de mim. E aqueles que tentaram, insistiam até um ponto. Lembro de um rapaz na época que não se conformava com o fato de eu estar apegada a alguém que tinha me machucado tanto. Ele conhecia o meu ex.

Enfim, voltemos à prosa.

Minha sábia avó, com o humor irônico e levemente sarcástico dela, num dado momento da conversa fez a seguinte colocação: “Filha, quando você vai entender que amor de pica não é amor?”.

Eu fiquei muito revoltada! Tentei justificar o quanto aquele homem tinha me feito feliz e o quanto eu achava impossível encontrar uma parceria semelhante com outro homem que não fosse ele. Detalhe: eu tinha em torno de uns 21 anos na época.

Hoje, com 39 anos, é que consegui entender o que minha avó disse nesta conversa.

A maioria das justificativas que escuto de mentoradas e pacientes que insistem em relações totalmente desestruturadas — PARA AMBOS — são muito semelhantes às que eu disse para minha avó. Veja se você se identifica com algo, criatura divina.

Na minha visão da época nós éramos superparceiros pois fazíamos tudo juntos e éramos sinceros e transparentes um com o outro. O que não é verdade! Na prática, o que acontecia era o oposto disso… está com o café ou chá por aí, né?

Homem e mulher andando em uma rua lado a lado.
Emma Frances Logan / Unsplash

Só pra você entender, eu e o tal moço fazíamos faculdade juntos, porém eu morava em república e ele, com os pais em uma cidade próxima. Ficamos um bom tempo juntos, até ele, mesmo estando comigo, assumir para a família dele outra moça como namorada. Eu sempre fui muito cuca fresca. Depois de um ano juntos, achei que não fazia sentido ter um pedido de namoro para o que era óbvio.

Ah! Eu me sinto confortável em contar essa história pois eu e esse homem algum tempo depois — exato 6 anos, por iniciativa dele, colocamos os pingos nos “is”. Foi libertador para mim ouvir a versão dele, especialmente o fato de ele ter reconhecido o quanto foi imaturo e desumano na época. Foi um divisor de águas na minha vida amorosa essa conversa para mim e para ele.

Ele conseguiu finalmente se permitir ter um relacionamento e construir uma família. E eu também segui em frente de forma mil vezes mais leve. Só não constituí família ainda pois tive outras situações que me desestruturaram no pilar do relacionamento, mas aí é outro momento de prosa.

Agora, voltando ao óbvio que não era tão óbvio assim, fez meu emocional ficar em frangalhos. Pra mim, era inconcebível uma pessoa com quem eu compartilhava sonhos e com quem havia um diálogo extremamente aberto de repente não ser nada do que havia me mostrado até aquele momento.

Um dos fatores de ele nunca ter me pedido em namoro é que na época eu era muito obesa e depois descobri que o fato de ele se relacionar comigo era motivo de muita piada entre os tais amigos e o social da faculdade.

Dolorido, né? Se eu for contar todos os detalhes dá um livro, mas até aqui você conseguiu entender que eu estava num relacionamento sozinha? Aprendi de uma forma muito dolorida o quanto é importante deixar 100% claro o que cada um é para o outro na relação: status de relacionamento são importantes, sim! É a forma que temos para saber se os dois estão vivendo a mesma página da história.

Algo muito simples, mas negligenciado pela maioria. Veja bem, em nenhum momento estou falando aqui que é para ser forçado um status de relacionamento sério ou namoro ou noivado ou casamento, assim como nem o relacionamento aberto ou enrolado, se isso gerar desconforto a quem quer que seja da relação.

Mulher sentada de lado olhando para frente.
Johnny Cohen / Unsplash

É melhor lidar com a verdade dos fatos para ter ações coerentes do que ficar quase 3 anos, como eu fiquei, escrevendo uma história sozinha. Assim como outras pessoas passam 5, 10 anos… uma vida inteira.

E analisando friamente hoje, nessa relação era eu ajudando ele a resolver as presepadas nas quais ele se envolvia, dando lugar para ele dormir em casa… Até passagem de ônibus para ele ir passar o final de semana comigo quando eu me mudei de cidade era eu quem dava.

Você aí do outro lado consegue ver a inversão de papéis na relação? Do masculino e do feminino? Também consegue ver que eu supria a necessidade de ele ser cuidado enquanto ele me supria na necessidade de ser vista?

Nós conversamos sobre tudo? Sim! Dois nerds nunca param de falar! E ele realmente me ouvia, por isso o assunto nunca acabava. E para mim isso era muito importante. E tínhamos o danado do sexo.

Eu me sentia desejada por ele, mesmo tendo muita vergonha do meu corpo. E como eu me sentia à vontade com ele, eu conseguia verbalizar o que tinha vontade de experimentar e o que era bom ou não para mim, assim como ele.

Lembra que eu disse que era obesa na época? Antes de começar a ter uma relação com esse moço, eu fui muito humilhada por um outro rapaz que deixou claro que pelo fato de eu ser gorda, só servia para uma transa casual para quem estivesse muito na “seca”. Ouvi isso depois de algumas vezes que já estávamos saindo. E esse rapaz do causo foi quem me acolheu. Nós já éramos amigos.

Espero que seu chá ou café esteja quentinho por aí ainda. Minha avó sabia de tudo isso quando ela fez o comentário de que amor de pica não é amor.

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E por que não é? Simples: porque a mulher está tão deslocada de si mesma que em algum lugar dentro dela, a única verdade que ressoa é que pelo menos o desejo no outro ela desperta. Pelo menos naqueles momentos de sexo existe uma sensação da presença do amor.

Genuinamente talvez até haja, mas será mesmo que é isso que de fato uma mulher precisa para se sentir vista como mulher?

Veja bem, hoje eu fiz as pazes com o sexo e me considero sexualizada. Gosto do sexo, mas entendo que a prática dele não é o que define você ser uma mulher bonita, atraente, gostosa, envolvente, sexy e tampouco é o único ponto que sustenta uma relação a dois.

Se você só se sente mulher no momento em que está fazendo sexo com seu companheiro, eu lhe pergunto: nas outras atividades a dois do casal, você se sente como? Um saco de batatas?

Vou fazer outra pergunta a você, querida criatura divina: o que de fato é ser mulher para você?

Se, para você, ser mulher é dar conta de cuidar de si com atividade física, alimentação saudável, terapia em dia, cuidar da rotina dos filhos, cuidar de toda a casa, trabalhar para poder dividir todas as contas e deixar tudo impecável para que seu companheiro apenas desfrute, pois ele tem uma rotina muito estressante… Bem, sinto informar, mas isso não é ser mulher.

O feminino na relação cuida, sim, do ninho e da cria, bem como, por meio da atenção aos detalhes, faz toda a estrutura transbordar em beleza, fartura e abundância. Agora, se nesse processo você, mulher, também tiver que bancar a estrutura, há de convir que estará ocupando o papel do outro?

Mulher de olhos fechados com a cabeça inclinada para cima.
Brooke Cagle / Unsplash

Vida de casal é muito mais que pagar conta. Se porventura você ainda não se casou, reflita se na fase da conquista, no namoro, nessa relação você pode ser o feminino e o homem, aquele que traz a base, a estrutura, a proteção e o prover. Se nessa fase isso não existir, provavelmente não vai mudar ao se casar.

Querida criatura divina, ao ler esse texto: sim, mulheres não bancam a estrutura da relação, essa é a função do homem! E não diminua o conceito de estrutura da relação com pagar conta, pois essa é só uma representação material da segurança física, emocional e mental que esse homem é capaz de dar à parceira.

Agora, eu lhe pergunto: o seu se sentir mulher faz o seu parceiro se sentir homem?

Então, para viver uma relação mais harmoniosa, é preciso que cada um do par possa se sentir estimulado a expressar SEMPRE o seu melhor.

Entenda que os ajustes serão constantes. Dia a dia. Momento a momento.

Mas quanto mais uma mulher sente e expressa sua feminilidade, mais o seu parceiro pode ter espaço para ser o homem e, assim de fato, por espelho, esta mulher e este homem serão os melhores primeiramente para si e, por consequência, para o cônjuge.

Nesse momento, só espero que seu café ou chá acolha suas reflexões.

Conte comigo em sua jornada! E fico à disposição caso tenha como objetivo descobrir mais sobre si e melhorar como criatura divina que somos.

Com fé, amor e gratidão.

Sobre o autor

Mariana de Carvalho

Sobre mim e minha formação.

Entusiasta pela vida! Nutro uma grande fé nas pessoas. Acredito que o amor é a força maior capaz de transmutar vidas e concretizar sonhos com alegria.

Para poder ser um instrumento para aqueles que me buscam, fui pesquisando técnicas que fizessem sentido para mim. Abordagens que me permitissem transmutar, primeiramente a mim e depois o outro. Mergulhei não só nas ciências em torno da saúde como fisioterapeuta por meio da microfisioterapia e leitura biológica mas também em quântica, filosofia, espiritualidade livre e conhecimentos herméticos.

Desde criança fui incentivada a fazer com que mais “SINS” ocorressem em minha vida. Fui estimulada a persistir, afinal o verdadeiro resultado de uma ação é alcançado quando se mantém o foco e se exerce a capacidade de encontrar soluções diante dos desafios.

Assim cresci, perseverando no bem, focada nos estudos, persistindo com o sonho de transmutar a minha vida e a de quem estivesse em torno. Durante essa trajetória, idealizei uma condução terapêutica para ser uma facilitadora do processo de despertar e acesso ao EU SOU – o BE yourself. E da experiência em consultório surgiu a necessidade de expandir esse conhecimento para vivências e cursos, possibilitando facilitar o caminho de mais pessoas ao mesmo tempo.

Para mim a busca pela reforma íntima é constante, pois quanto mais expandimos nosso nível de consciência mais integrados às LEIS que regem o Universo estamos. E, assim, os véus da ilusão são removidos e aprendemos a desapegar de tudo que é desnecessário, passando a focar no que realmente importa: o amor incondicional.

Assim inicia-se uma experiência interna, sem volta, rumo ao CRIADOR de Tudo que É. Rumo ao EU SOU.

Nos tornamos peças fundamentais na mudança do mundo, pois acredito piamente que ao mudarmos individualmente o mundo todo muda.

Basta despertar sua essência!

Pois a verdadeira mudança só se estabelece quando é de dentro para fora.

Algumas das situações em que posso ser um instrumento de auxílio na mudança do seu mundo:

• Despertar de consciência;

• Facilitar o acesso ao EU SOU;

• Reprogramar crenças limitantes;

• Harmonizar os pilares em torno da vida nesta dimensão;

• Estimular o seu salto quântico;

• Equilíbrio da saúde: física, emocional, mental, relacional;

• Bem-Estar e Vitalidade;

• Recuperar a Autoestima e a Autoconfiança;

• Traumas Emocionais: perdas, separações, abandono, agressões, abusos;

• Déficit de atenção e hiperatividade;

• Alterações hormonais;

• Ansiedade e Depressão;

• Câncer;

• Insônia e Distúrbios do Sono;

• Enxaqueca e Cefaleia;

• Eliminação de Medos, Fobias e Síndrome do Pânico.

O estudo se mantém em fluxo contínuo e se integra aos processos terapêuticos realizados por mim, mas a base maior do que faço está nas seguintes formações:

• Idealizadora e criadora do BE YOURSELF – Biological Experience for YOU;

• Formação Internacional em Microfisioterapia pelo Instituto Salgado;

• Formação Internacional em Leitura Biológica pelo Instituto Salgado;

• Pós-graduação em Osteopatia pelo Idot;

• Mestrado em fisioterapia pela Unesp;

• Especialização em reabilitação cardiovascular pela Unesp;

• Pós-graduação em Fisiologia do Exercício e Prescrição do Treinamento;

• Pós-graduação em Nutrição Esportiva;

• Formação internacional em pilates clínico;

• Formação em treinamento funcional CORE 360;

• Graduação em fisioterapia pela Unesp de Presidente Prudente;

• Graduação em Tecnologia em Saúde.

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