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Setembro Azul e Saúde Mental: o silêncio que a sociedade precisa ouvir

Imagem das mãos de um adulto e de uma criança segurando dois laços de fita na cor azul, simbolizando o Setembro Azul, que é um mês de conscientização e visibilidade para a comunidade surda, dedicado à celebração das suas conquistas e à divulgação da cultura surda e da Libras (Língua Brasileira de Sinais).
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Escrito por Jéssica Sojo

O silêncio da comunidade surda ecoa nas falhas da sociedade. Reconhecer a Libras é apenas o primeiro passo; é preciso garantir acolhimento e saúde mental acessível. Ouvir além do som é enxergar o outro com empatia, respeito e compromisso real com a inclusão.

Apesar dos avanços na legislação e no reconhecimento da Libras (Língua Brasileira de Sinais) como idioma oficial, a comunidade surda ainda enfrenta inúmeras barreiras sociais.

Muitas vezes, essas pessoas permanecem invisíveis em espaços de saúde, educação, cultura e lazer.

Essa exclusão não se limita apenas ao campo da comunicação; ela reverbera diretamente na saúde mental, gerando sentimentos de isolamento, solidão e desvalorização.

Surdez e saúde mental: uma relação negligenciada

A saúde mental da pessoa surda é um tema pouco debatido, mas urgente. Estudos mostram que a falta de acessibilidade e de apoio adequado contribui para índices mais altos de ansiedade e depressão nessa população.

Quando não há intérpretes de Libras disponíveis em hospitais, escolas ou serviços de atendimento psicológico, o resultado é a negação do direito básico à comunicação, agravando quadros emocionais que poderiam ser tratados com acolhimento.

O peso da negligência social

A sociedade, muitas vezes, insiste em olhar a surdez apenas como uma deficiência a ser “corrigida” e não como uma identidade cultural e linguística a ser respeitada.

Essa visão limitada silencia a voz da comunidade surda, reforçando preconceitos e criando barreiras emocionais.

Mãe e filha sentadas no sofá se comunicando de forma não verbal com a linguagem de sinais.
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Negligenciar a saúde mental das pessoas surdas é negar a elas a oportunidade de viver plenamente, com apoio e equidade.

Conscientização para transformação

O Setembro Azul é um convite à reflexão: não basta reconhecer a Libras ou celebrar a cultura surda, é preciso também garantir suporte psicológico acessível e políticas públicas que contemplem a saúde mental dessa comunidade.

O encontro das cores azul e amarelo em setembro simboliza justamente isso: a união de duas causas que, quando integradas, podem salvar vidas e fortalecer identidades.

Ouvir além do som. É hora de a sociedade aprender a “ouvir” o silêncio.

Escutar não apenas com os ouvidos, mas com empatia, respeito e compromisso com a inclusão.

A comunidade surda não precisa de piedade, mas sim de voz, espaço e cuidado integral.

Somente assim, o Setembro Azul deixará de ser apenas um mês simbólico para se tornar um marco real de transformação social.

Sobre o autor

Jéssica Sojo

É custoso descrever quem sou eu, já que constantemente lapido, modifico e me transformo em um pouco de tudo e muito de cada pouco. Inicialmente posso compartilhar dizendo que sou extremamente curiosa, apaixonada pela comunidade surda, pela Língua de Sinais e por tudo que envolve a linguística e audiologia.

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