Autoconhecimento

Você tem medo de quê?

Mulher olhando para baixo com seu reflexo na janela em sua frente
Tiago Bandeira/ Unsplash
Escrito por Luis Lemos

O medo da morte é a inquietação mais antiga e mais permanente no ser humano. Atualmente com mais de 95 mil mortos por causa da Covid-19, e por não termos ainda uma vacina contra esse maldito vírus, o temor da morte, que todos os homens sentem, talvez seja o pior de todos os medos que nós, seres humanos, estamos sentindo nesse momento. Por que isso vem ocorrendo? Por que temos tanto medo da morte?

Em primeiro lugar, o medo da morte provém não só do horror à extinção, ou da incerteza que o ser humano experimenta ao penetrar em nova dimensão, mas também da consciência de que o homem não tem certeza de sua própria retidão e pode assim estar sujeito à reparação pelos pecados dessa vida. Em segundo lugar, para superar o medo da morte temos que pensar em melhorar continuamente, e nunca esquecer que “Tu és pó, e ao pó retornarás” (Gênesis 3:19).

Mão de uma mulher ao lado de uma flor morta na janela
Lorraine Steriopol/Unsplash

Para que eu existo? Qual é o sentido da minha vida? São questionamentos que ajudam no processo de conscientização da condição de finitude humana. Dependendo da resposta, seguiremos o caminho da felicidade ou do sofrimento. Apenas para lembrar, a essência humana é a felicidade. Tudo o que fazemos, pensamos, desejamos e somos é para sermos felizes. Não existe outro caminho, estamos condenados a sermos felizes!

No entanto, não há felicidade humana com sofrimento, dor, tristeza, morte. Está comprovado que uma vida feliz só pode ser conseguida por meio da bondade, da solidariedade, do respeito mútuo, da paciência, do diálogo, do amor, da justiça, enfim, uma vida feliz de verdade, alegre e serena só pode ser alcançada quando o ser humano decide ser uma pessoa boa.

A bondade é aquilo que nos diferencia dos outros animais. A capacidade de solidarizar-se com o outro nos faz seres melhores. Ninguém gosta de viver ou conviver com pessoas egoístas. O egoísta só pensa nele e, geralmente, quer manipular aqueles com quem convive. Resista aos sentimentos e às pessoas egoístas. Não se deixe manipular. Seja forte, seja você!

Mulher encostando em uma flor
Larm Rmah/Unsplash

Infelizmente, na sociedade atual, o amor deu lugar ao egoísmo. A educação para vivermos juntos cedeu lugar à competitividade. Princípios morais, tais como, honestidade, bondade, solidariedade, justiça, honra, coragem, perseverança, parecem que ficaram em segundo plano.

Por fim, somos da opinião de que o pensamento humanista, que coloca a vida em primeiro lugar, deve prevalecer sobre todos os outros pontos de vista. Isto é, não devemos ceder à tentação do egoísmo, do vale-tudo, que os outros se danem. Não, isso não. O que queremos é o bem comum, vacina contra o coronavírus, vida plena, justa, bela e saudável para todos. Essas ideias não provêm apenas do cristianismo, os pagãos também pensam assim. Virgílio, por exemplo, no sexto livro da Eneida, diz:

“Quando no dia derradeiro, a vida houver fugido

E deixado o corpo frio e inerte,

Mesmo assim não estaremos livres de todo o mal

E de todas as máculas do corpo.

O mal que se vinha acumulando no fundo de nós

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Lança raízes à espantosa profundidade.

Somos, pois, submetidos a castigos e expiamos,

No meio de suplícios, os crimes passados.

Uns, suspensos no ar, inflamam-se ao sopro dos ventos;

Outros, no fundo dos abismos, lavam-se dos crimes ou se purificam no fogo:

cada um suporta a sua própria dor.”

Sobre o autor

Luis Lemos

Luís Lemos é filósofo, professor, autor, entre outras obras, de “Jesus e Ajuricaba na Terra das Amazonas – Histórias do Universo Amazônico” e “Filhos da Quarentena – A esperança de viver novamente”.

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