Existe um imaginário construído em torno da ideia de “viver da própria prática” que, na maioria das vezes, não resiste a três meses de realidade. Trabalhar por conta própria exige um senso de responsabilidade que não aparece em vídeo bonitinho nem em feed organizado. É trabalho. Com prazo, com cobrança, com decisões que precisam ser tomadas com maturidade.
Tem terapeuta que entra achando que vai viver de agenda cheia só com indicações e perfil no Instagram. Que acredita que basta atender bem e o resto se resolve. Mas empreender exige visão. Requer planejamento, gestão, noção de fluxo de caixa, organização de rotina e clareza de propósito. E nada disso se constrói em meia hora de inspiração. É construção diária, com consistência.
Também é comum ver gente confundindo liberdade com falta de estrutura. Acha que pode trabalhar “no seu tempo”, sem plano, sem organização, porque decidiu empreender para ter mais leveza. Mas leveza de verdade só existe quando há sustentação. E sustentação se cria com processo. Com responsabilidade pelo que está sendo construído.
Outro ponto é a idealização da flexibilidade. Muita gente romantiza a ideia de fazer seus próprios horários, mas esquece que isso significa ser a pessoa que vende, entrega, responde, emite nota, agenda, cobra e faz a gestão de tudo. Não tem chefe, mas tem estrutura. E se você não assume esse lugar, ninguém vai assumir por você.
Não dá para seguir nessa profissão sem encarar o básico com seriedade. Ter preços definidos, contrato, rotina de atendimentos organizada, tempo de estudo, tempo de descanso e clareza do que você quer construir. Porque, sem clareza, qualquer oscilação emocional vira motivo para parar tudo ou se sabotar.
É por isso que tanta gente desiste no caminho. Porque não sustenta o que começou. Não por falta de talento ou de vocação, mas porque acreditou que bastava ter um propósito e um Instagram bonito. E não bastava.
Viver da própria prática exige presença real. Coragem de assumir o que precisa ser aprendido, de rever o que não está funcionando, de ajustar rotas sem perder a integridade. Não é uma jornada de glamour. É de crescimento. De firmeza. E de escolhas conscientes, mesmo quando ninguém está vendo.
Você também pode gostar
Empreender não é mais leve só porque você trabalha com algo que ama. É mais exigente, justamente por isso. Porque envolve sua energia, sua reputação, sua história. E não dá para terceirizar esse cuidado.
Se é para viver da sua prática, que seja com verdade. Com estrutura. E com a maturidade de quem entende que propósito e planejamento andam juntos. Sempre.