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A força da palavra

Há diversos papéis espalhados sobre uma mesa. Há cadernos, papéis antigos em branco, folhas com algum conteúdo escrito e há pequenas plantas e flores sobre a mesa.
ZM / Canva
Escrito por Luis Lemos

Há palavras que curam, despertam e fazem o mundo respirar outra vez. O que torna a poesia tão poderosa? Descubra neste texto como o poeta transforma o simples em milagre e o silêncio em encanto. Continue a leitura e deixe-se tocar pela força da palavra!

Há dias em que a palavra parece acordar antes da gente. Abre a janela, respira o ar da manhã e se derrama pelo mundo, como se quisesse lembrar que ainda há beleza escondida nas coisas simples. Hoje é um desses dias: 20 de outubro, Dia do Poeta.

Não é feriado, nem haverá desfile. Talvez ninguém toque o hino nacional por causa disso. Mas, de algum modo, o coração dos que escrevem, e dos que sentem, amanhece mais atento. O poeta, afinal, é esse sujeito que carrega no bolso uma pequena oficina de milagres: transforma dor em verso, lembrança em música, silêncio em oração.

A poesia não salva o mundo, mas cura um pedaço dele. Cura quem escreve, cura quem lê. É um remédio que não se compra na farmácia, toma-se com o olhar, com o ouvido, com o coração aberto. Há quem diga que poesia é fuga; eu prefiro pensar que é reencontro. Quando um verso nos toca, a vida parece menos áspera, o tempo menos severo.

Uma mulher está sentada ao ar livre e em um ambiente de natureza. Ela está escrevendo em um diário ou caderno. Ao fundo, há o pôr do sol.
Valeriia Boiko / Canva

O poeta vive tropeçando nas palavras, tentando achar a que cabe no instante exato em que o mundo parece escapar. Às vezes acerta, às vezes não. Mas quando acerta, o universo inteiro se recolhe num suspiro.

Hoje, ao cruzar a rua, vi uma flor brotando no meio do asfalto. Pensei em Drummond, em Cecília, em Adélia, em tantos outros que ensinaram que poesia é isso: o improvável resistindo. Talvez ser poeta seja isso também, insistir em ver o invisível, dar nome ao que o silêncio tenta esconder.

Lembrei-me de Manuel Bandeira, que, cansado de doenças e desalentos, ainda sonhava em “ir-me embora pra Pasárgada”, onde seria “amigo do rei”. Que lição de esperança há nisso: criar um mundo melhor dentro da própria palavra. Bandeira sabia que o poeta não precisa fugir da realidade, basta reinventá-la com ternura e imaginação.

E também pensei em Cora Coralina, aquela mulher de Goiás que fazia doces e versos com a mesma delicadeza. Ela dizia: “O saber a gente aprende com os mestres e os livros. A sabedoria, se aprende é com a vida e com os humildes”. Poesia assim não se escreve, se vive. Cora ensinou que o poema nasce das mãos calejadas e do olhar bondoso, e que toda palavra só é verdadeira quando brota do coração.

Então, neste 20 de outubro, deixo aqui meu brinde singelo: um viva à palavra que consola, ao verso que desperta, à poesia que, mesmo pequena, faz o mundo respirar de novo. Porque, no fim das contas, ser poeta é apenas isso, aprender a curar-se com as próprias palavras.

Sobre o autor

Luis Lemos

É professor, filósofo, escritor, autor, entre outras obras de, “O primeiro olhar A filosofia em contos amazônicos" (2011), “O homem religioso A jornada do ser humano em busca de Deus” (2016), “Jesus e Ajuricaba na terra das amazonas Histórias do universo amazônico” (2019), “Filhos da quarentena” (2021) e “Amores que transformam” (2024).

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