Convivendo

Maio: o mês das mulheres emponderadas

Mulheres na rua segurando cartaz escrito em inglês "women"
123rf
Escrito por Elô Ribeiro

O mês de maio é o mês da deusa romana Maia, uma divindade romana que era celebrada nessa época, considerada a deusa da terra e das flores, responsável pelas plantas que nasceram na primavera europeia e, por isso, o mês recorda o seu nome. Mas o clero, em seu calendário cristão, acabou adaptando esse mês considerado “pagão” para celebrar também outra figura feminina, Maria, a mãe de Jesus, por isso maio é o mês das nossas progenitoras, é o mês das noivas… É um mês feminino, é o nosso mês!

E nada mais justo que falar de empoderamento. Seu significado está ligado à condição ou estado de possuir poderes. A palavra de origem inglesa empowerment tem sido bastante empregada ultimamente pela mídia quando se quer relacionar à imagem feminina. Mas será mesmo que colorir os cabelos de verde ou usar um salto agulha define a postura de uma mulher empoderada?

Mulher sentada em uma quadra com cabelo verde
Stephany/Unsplash

Desde as sufragistas na luta pelo voto feminino até a própria Coco Chanel, que fez a sua própria moda livrando-se dos espartilhos e do exagero dos “babados”, poderíamos citar diversas mulheres na história que fizeram a sua história. O empoderamento não está nas regras. Se fosse assim, as revistas femininas dos anos 1950 — escritas muitas vezes por homens, com pseudônimos femininos, que ditavam moda e regras de etiqueta para as mulheres “bem vistas” da sociedade — continuariam sendo muito bem vendidas e aceitas pelas mulheres de hoje.

Em um mundo capitalista, ser empoderada é ser independente econômica e emocionalmente. Nos dias atuais, muitas jovens conseguem adquirir o seu diploma universitário e muitas mulheres ocupam postos profissionais de suma importância em cargos até então ocupados por homens.

Cuidado com as revistas dos anos 1950: elas estão com uma nova roupagem

Mulher usando salto segurando uma revista e um copo
Cleo/Unsplash

Há mulheres lindas e inteligentes, porém insatisfeitas quando o assunto é o tema amoroso, e não importa o seu status civil — a insegurança é sempre a mesma. Essa semana mesmo, me deparei com um tipo de anúncio nas redes sociais em que ofereciam um tutorial para mulheres que já vivem um relacionamento. Não entrarei em detalhes, mas interpretei que era um tipo de tutorial para que a mulher pudesse salvar a sua relação. Era um título mais ou menos assim: “Respeito na relação a dois”. Aquilo me chamou a atenção e me deixou muito chocada porque o valor do curso parecia exorbitante e observei que havia mais de mil comentários de mulheres desesperadas almejando inscrever-se em tal curso. Então perguntei ao Facebook o por quê me enviavam esse tipo de anúncio, e a empresa justificou que por eu ser “casada”, deveria me interessar por tal tipo de conteúdo. Logicamente, avisei que não era de minha incumbência e deixaram de me enviar. Gostaria que fizéssemos uma breve análise sobre isso.

Mulher  se casando com homem
David Thomaz/Unsplash

Por um lado, é compreensível que as mulheres de Vênus recorram a alguns “coachings sentimentais” para tentarem entender o que se passa em Marte. Compreendo e respeito o trabalho desses profissionais que apontam onde elas devem investir na conquista sentimental e onde elas devem identificar quando se trata de uma verdadeira cilada, pois com o passar do tempo e de algumas más experiências sabemos que os homens são muito estratégicos e nada mais justo que a mulher aprender a jogar na mesma moeda.

Por outro lado, creio que a mulher moderna de qualquer faixa etária deve saber discernir que tipo de serviço ela irá contratar, já que inscrever-se em um curso no qual ensina a mulher a prender o cônjuge dentro de casa, e permanecer ao lado dela, mesmo ele demonstrando “frieza e desinteresse por ela” (porque era isso que estava nas entrelinhas da primeira frase visualizada na propaganda), me faz pensar o quão a baixa autoestima de uma mulher pode chegar.

Respeito é bom e nós gostamos

Mulheres com as mãos no centro
123RF

Não me considero a dona da verdade, quem sou eu para isso? Mas me incomoda que numa sociedade patriarcal (sim! ainda é uma sociedade machista, não se enganem com o comercial de “mulher empoderada”. Isso está longe de empoderamento!!!), muitas mulheres pensem que para serem completas precisam fazer de tudo pra ter um homem do lado delas, que nem as valorizam, só para agradarem a gregos e troianos.

É evidente que todo o relacionamento cai na rotina e tem lá as suas crises; os homens também não são perfeitos, contudo, as mulheres não têm a obrigação de tentar agradá-los o tempo todo, nem sempre a mulher é a culpada pelo fim de uma união, às vezes, o amor passou a ser só amizade ou o cara é mesmo um completo idiota, com o perdão da palavra.

Há também as relações mais graves, as tóxicas, em que envolvem agressões verbais e físicas, aí já é caso de analista e ajuda de familiares e amigos.

Mulher chorando nos pés da cama

Sem esquecer da submissão econômica, na qual algumas mulheres ainda vivenciam e terão de fazer uma mudança radical, se precisarem sair desse tipo de parceria desgastada, que muitas vezes já nem envolve mais o emocional e sim a comodidade, afinal, ela também contribuiu para construir o patrimônio que hoje o casal tem juntos, mas nem sempre o homem reconhece, e envolve brigas intermináveis na justiça. E nem sempre ela terá o apoio de terceiros, seja para cuidar de seus filhos, porque ela precisa arranjar um emprego, já que a pensão negociada nem sempre é justa ou simplesmente ela precisa voltar a estudar para poder crescer profissionalmente e manter a sua família no patamar de vida que eles tinham antes.

Quantas vezes observo meninas que viajam mundo afora, são bem-sucedidas monetariamente, têm mestrado, doutorado etc. e precisam lidar com familiares e amigos que cobram delas um casamento? Não é feio para um homem de 50 anos ser o solteirão, o “pegador”, no entanto, uma mulher com essa mesma idade… é o fim ser a “solteirona”.

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Creio que o mesmo seja para quem esteja casado: casamento tem que ser a dois, amor e respeito tem que partir de ambos!

Mulher tem que procurar um curso que a faça se sentir bem, que promova a sua qualidade de vida, como, por exemplo, aprender um idioma estrangeiro, fazer yoga ou uma dança, adquirir conhecimentos culinários (porque ela é amante da cozinha, só por isso) etc.

Uma mulher feliz atrai também coisas boas como um parceiro legal que a valorize, caso esse seja o objetivo dela. A mulher tem que viver em função do bem-estar dela mesma, para que ela possa ser uma boa companheira, mãe, filha, profissional e empoderada.

Sobre o autor

Elô Ribeiro

Licenciada em letras, especializada em língua espanhola, leciona desde 2004 para jovens, adolescentes e adultos.

Carioca, mora há oito anos na Argentina e trabalha como docente universitária na disciplina de língua portuguesa para estudantes hispano-falantes.

Amante da literatura, adora literatura latino-americana e gosta de escrever em seu tempo livre. Ama viajar e compartilhar experiências sobre culturas distintas e tudo que esteja relacionado ao universo feminino.

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