O mundo não vê tantos refugiados desde a Segunda Guerra. Conflitos no Oriente Médio e na África fizeram 300 mil pessoas atravessarem o mar Mediterrâneo em condições precárias para chegar à Europa desde o começo de 2015.
Quem não se lembra do menino sírio Alan Kurdi, de três anos que morreu afogado durante a travessia entre a Turquia e a Grécia? A família pretendia ir ao Canadá, país onde tinham parentes. Nessa viagem, Alan, seu irmão Galip e a mãe Rehan morreram. Somente o pai Abdullah sobreviveu. Veja quais são os países que mais originam refugiados:
Síria: A guerra civil começou em 2011 com a tentativa de derrubar o presidente Bashar al-Assad. Ele continua no poder, entretanto, o controle do país está nas mãos entre grupos que apoiam Assad, o Exército Livre da Síria (que luta pela democracia) e a frente Al-Nusra, ligado grupo terrorista Al- Qaeda que também luta contra o presidente.
A Síria tem 20 milhões de habitantes, mais da metade fugiram. Quase 8 milhões foram para outras regiões do país, 4 milhões migraram para a Turquia, Líbano e Jordânia, alguns foram para a Europa. O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) estima que 34% das pessoas que tentam chegar à Europa ilegalmente pelo Mediterrâneo em 2015 saíram da Síria.
Afeganistão: Conflitos marcam a vida dos afegãos desde os anos 70. O regime autoritário do Talibã (1996-2001) e a intervenção militar comandada pelos Estados Unidos, iniciada após os atentados de 11 de setembro de 2001, fizeram aproximadamente 3 milhões de pessoas buscarem refúgio em outros países, 95% foram para o Paquistão e Irã. Quase 12% das pessoas que viajaram irregularmente para a Europa via Mediterrâneo em 2915 são afegãos.
Eritreia: O país faz fronteira com o Sudão e a Etiópia. É uma das nações mais atrasadas do mundo, ocupa o 177º lugar no ranking de desenvolvimento, um dos primeiros na falta de liberdade de expressão, sendo considerada a “Coreia do Norte Africana”.
Muitas pessoas fugiram devido à obrigatoriedade do serviço militar sem duração definida. O Acnur estima que quase 300 mil pessoas migraram para a Etiópia e Sudão. Entretanto, a péssima qualidade de vida levaram boa parte da população a buscar asilo na Europa. Aproximadamente 12% das pessoas que tentaram entrar ilegalmente na Europa em 2015 eram da Eriteria.
Somália: A queda do ditador Siad Barre em 1991, a milícia radical islâmica Al- Shabaad, ligada à Al-Qaeda e longas estiagens agravaram a situação do país. Para piorar, o grupo chegou a impedir ajuda humanitária. O Acnur aponta que 1,1 milhão de pessoas migraram para outras regiões da Somália, mais de 1 milhão se refugiou no Quênia, Etiópia e Iêmen. Aproximadamente 5% das pessoas que atravessaram o Mediterrâneo irregularmente tinham nacionalidade somali.
Nigéria: A democracia começou em 1999, mas o país enfrenta uma crise de violência, pobreza e desemprego. Hoje, o grupo Boko Haram que sequestrou 200 meninas na cidade de Chibok controla algumas regiões do país. Muitas delas foram forçadas a casar com os sequestradores e tiveram filhos com eles.
Outras acabaram vendidas como prostitutas para o Sudão, Cairo e Dubai. Estima-se que 1,3 milhão fugiram para outras localidades nigerianas, 150 mil migraram para Camarões, Níger e Chade. Das pessoas que se refugiaram para a Europa atravessando o Mediterrâneo, 5% eram nigerianos.
Direto ao ponto
Mas, o que é ser um refugiado?
É um direito garantido pela convenção da ONU de 1951. Refugiados são pessoas que “devido a fundados temores de perseguição por motivos de raça, religião, nacionalidade, grupo social ou opiniões políticas encontre-se fora de seu país de nacionalidade e não possa ou não queira acolher-se à proteção de tal país”.
Para ser declarado refugiado, o indivíduo não pode ter cometido crimes em nenhum lugar do mundo. Crimes de guerra, contra a humanidade e tráfico de drogas impedem a solicitação de asilo.
O Brasil e os refugiados
A lei dos refugiados foi ratificada no Brasil em 1997. Segundo a lei 9.474/97, os refugiados devem seguir o código penal brasileiro.
Em 2013, o país ficou em 75º no ranking dos países que mais recebem refugiados, de acordo com o Acnur. O Brasil é país das Américas que mais recebe sírios. Já foram concedidos mais de mil vistos para esses refugiados de 2011 até agosto de 2015. Facilidade na obtenção de vistos, devido medidas do Ministério da Justiça explicam a preferência pelo Brasil.
O mundo e os refugiados
A Alemanha é o país que mais atrai refugiados por ser a economia mais forte da Europa. Em 2015 o país recebeu 800 mil pessoas e deverá receber mais 500 mil refugiados. O país contrariou a Regulação de Dublin que exige que os refugiados peçam asilo no país europeu que desembarcaram. A Alemanha autorizou que os sírios se registrem no país, mesmo tendo desembarcado em outras localidades.
O país faz uma ação humanitária, mas, também precisa desses imigrantes, pois, tem baixa taxa de natalidade e muitos idosos. Até 2060, o percentual de indivíduos com mais de 65 anos subirá de 32% para 59%. Mesmo com as portas abertas, o governo alemão pediu que outras nações europeias também acolham imigrantes e refugiados.
Países que mais recebem refugiados
Paquistão | 1.621.525 |
Irã | 862.790 |
Jordânia | 613.104 |
Líbano | 577.212 |
Quênia | 550.506 |
Turquia | 511.936 |
Chade | 418.451 |
Etiópia | 407.646 |
China | 301.068 |
Estados Unidos | 262.023 |
Adus
Fundado em 2010 por Marcelo Haydu, o Instituto de Reintegração do Refugiado – Brasil, a ONG ajuda estrangeiros a se adaptarem a nova vida no país. Haydu neto de um sérvio que veio para o Brasil escondido em um navio nos anos 40 para fugir de conflitos.
A ONG já atendeu mais de 400 pessoas e realiza atividades como atendimento médico, ensino do português e ajuda para conseguir emprego. O fundador afirma que “É uma tarefa interminável: resolvemos a situação de alguém e chegam outros cinquenta”.
Haydu é professor de sociologia e dedica-se ao projeto sem salário e conta com a ajuda de cinquenta voluntários. A Adus tem um orçamento mensal de R$700 e mantém suas atividades por meio de doações que podem ser feitas no site http://www.adus.org.br/.
Quem não pode doar dinheiro pode ser voluntário nos programas de Reintegração, Orientação de Trajeto e Advocacy.
Você também pode ajudar doando roupas, sapatos, livros, CDs e DVDs em bom estado para os bazares. Ao instalar o plugin O Polen no Google Chrome, de 1% a 12% do valor da compra é convertido para a Adus.
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A primeira sede foi em uma casa na Vila Madalena emprestada por outra ONG. Em 2015, a Adus possui sede própria, na Avenida São João 313, 11º andar – Centro.
A crise dos refugiados é muito séria. Colabore com a Adus como puder e ajude os refugiados a refazerem suas vidas aqui no Brasil.
Texto escrito por Sumaia de Santana Salgado da Equipe Eu Sem Fronteiras.