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As maiores escritoras da literatura brasileira

Uma garota, deitada num tapete, a ler um livro.
Pheelings media / Shutterstock
Escrito por Eu Sem Fronteiras

Quando lemos um livro, o nosso cérebro é estimulado visual e mentalmente, além das emoções que uma boa história nos causa. Para isso, não importa a idade ou o gênero do escritor, mas o modo que ele se utiliza das palavras para construir o seu texto.

Se hoje em dia as mulheres ainda lutam por seus espaços dentro da sociedade, houve uma época em que algumas ocupações eram impensáveis para o sexo feminino. Por muitos séculos, a alfabetização era exclusividade apenas de homens da alta sociedade.

A exemplo do Brasil, as meninas só puderam frequentar as escolas a partir do final do século XIX. Consequentemente, as mulheres também demoraram mais para serem reconhecidas como escritoras.

Ao longo da história, a Academia Brasileira de Letras teve somente seis mulheres entre seus membros, entre elas Rachel de Queiroz e Lygia Fagundes Telles, mas são vários os exemplos de escritoras importantes para o nosso país. Confira essas e outras escritoras icônicas da literatura brasileira.

Clarice Lispector (1920-1977)

Uma fotografia de Clarice Lispector.
Bisilliat, Maureen, CC BY-SA 4.0 / Wikimedia Commons / Canva

Embora tenha nascido na Ucrânia, Clarisse Lispector mudou-se para o Brasil com a família ainda bebê e sempre se considerou brasileira. Ela publicou seu primeiro romance em 1944, chamado “Perto do Coração Selvagem”.

Sua obra chamou a atenção da crítica desde aquela época pelo modo peculiar de sua escrita, em que a prosa e a poesia se unem em um corpo só. No mesmo ano, recebeu o Prêmio Graça Aranha.

Foi Clarice quem popularizou a prosa introspectiva no Brasil por meio de seus textos intimistas e carregados de suas impressões. Sua escrita é, ainda hoje, considerada complexa, por não seguir uma sequência linear de narrativa, já que a escritora se utiliza do artifício do tempo psicológico.

Seu último livro, “A hora da estrela”, de 1977, é um de seus títulos mais famosos, tendo sido adaptado para o cinema em 1985. Outras publicações notáveis são “A paixão segundo G.H.” e “Laços de Família”.

Cecília Meireles (1901-1964)

Uma pintura de Cecília Meireles.
Arquivo Nacional do Brasil, Public domain / Wikimedia Commons / Canva

Jornalista, escritora, poeta, tradutora, pintora e professora brasileira, Cecília Meireles nasceu e viveu a maior parte da sua vida no Rio de Janeiro. Publicou seu primeiro livro de poesia com apenas 18 anos de idade, “Espectros”, com uma forte influência do simbolismo.

Como jornalista, escrevia textos criticando a qualidade da educação do país. Já como professora, foi responsável por incentivar uma geração de jovens leitores, além de promover reformas educacionais e defender a construção de bibliotecas infantis.

Seu nome é um dos mais icônicos da literatura feminina brasileira. A preocupação de Cecília pela educação se transformou em uma série de livros e de poemas para crianças, sendo o mais famoso deles o clássico “Ou Isto Ou Aquilo”, de 1964.

A escritora, que fez parte da segunda geração do modernismo brasileiro, foi premiada duas vezes pela Academia Brasileira de Letras. Sua obra é marcada principalmente por reflexões sobre a vida, o amor, a solidão, o tempo, o sofrimento e a morte.

Rachel de Queiroz (1910-2003)

Uma fotografia de Rachel de Queiroz.
Reprodução / Rachel de Queiroz / Acervo Instituto Moreira Salles

Rachel de Queiroz foi uma escritora, tradutora, romancista e jornalista brasileira. Nascida em Fortaleza, Ceará, mudou-se com a família para o Rio de Janeiro aos cinco anos de idade, retornando à sua cidade natal alguns anos depois.

Ela iniciou sua carreira como jornalista escrevendo para o jornal O Ceará, com apenas 17 anos. Começou a escrever seu primeiro romance, “O Quinze”, aos 19. Com a publicação do livro em 1930, Rachel tornou-se conhecida nacionalmente e seu romance foi premiado pela Fundação Graça Aranha.

Além disso, ela foi a primeira escritora brasileira a integrar a Academia Brasileira de Letras, em 1977, e a primeira mulher a receber o Prêmio Camões de Literatura.

Sua escrita retratava de forma dramática a dura realidade das secas do Nordeste e a luta de seu povo. Entre outras obras de destaque, estão “As três Marias”, “Dora, Doralina”, além de “Memorial de Maria Moura”, publicado em 1992, quando a escritora já tinha 82 anos.

Carolina Maria de Jesus (1914-1977)

À esquerda, a escritora Carolina Maria de Jesus.
Arquivo Nacional do Brasil, Public domain, via Wikimedia Commons / Canva

Nascida em Sacramento, pequena cidade de Minas Gerais, Carolina Maria de Jesus foi a primeira escritora negra brasileira que teve o seu trabalho reconhecido no século XX. De origem humilde, frequentou a escola até o segundo ano do Ensino Fundamental, onde aprendeu a ler e a escrever.

Mudou-se para São Paulo ainda jovem e passou a maior parte da sua vida trabalhando como catadora de papel pelas ruas da capital. Nas horas vagas, escrevia sobre o seu cotidiano na favela do Canindé, onde morava com seus três filhos.

Considerada hoje uma das escritoras mais importantes do Brasil, teve o seu primeiro livro publicado em 1960. Em forma de diário, “Quarto de Despejo” relata as vivências de Carolina na favela. Até hoje essa obra é vista como atual por ser um retrato da condição de vida de muitas outras mulheres pelo Brasil.

Mulher, negra, moradora da favela e mãe solo, Carolina Maria de Jesus utilizou-se de todo o conhecimento adquirido em seus poucos anos na escola para se expressar por meio da literatura. Entre sua obra, destacam-se também “Pedaços de fome”, “Provérbios” e “Casa de Alvenaria”.

Lygia Fagundes Telles (1923-2022)

Uma fotografia de Lygia Fagundes Telles.
Governo do Estado de São Paulo, CC BY 2.0 / Wikimedia Commons

Lygia nasceu em São Paulo em uma família de classe média. Cursou Educação Física e Direito na Universidade de São Paulo, mas foi no campo da literatura que ela se destacou.

Seu primeiro livro publicado oficialmente foi “Praia Viva”, uma coletânea de dez contos, de 1944. A escritora brasileira teve uma carreira brilhante e foi uma das principais representantes do movimento pós-moderno.

A escritora foi membro da Academia Paulista de Letras, da Academia Brasileira de Letras e da Academia de Ciências de Lisboa. Lygia foi também premiada com o Prêmio Camões de Literatura em 2005.

Publicou inúmeros romances e contos que trazem temas profundos, como a morte, o amor e a loucura. Destacam-se, entre eles, “As meninas”, “Ciranda de Pedra”, “Verão no Aquário” e “As horas nuas”.

Hilda Hilst (1930-2004)

Uma fotografia de Hilda Hilst.
Reprodução / Hilda Hilst / Acervo Instituto Moreira Salles

Considerada uma das maiores escritoras em língua portuguesa do século XX, Hilda de Almeida Prado Hilst foi uma poeta, cronista e dramaturga brasileira. Cursou Direito na Universidade de São Paulo e, durante a faculdade, publicou o seu primeiro livro de poesias, “Presságio”, no ano de 1950.

Dedicou toda a sua vida à produção literária, escrevendo peças teatrais, poesia, contos, além de trabalhar como tradutora. Seus livros retratavam, sobretudo, a relação das mulheres com seus desejos, do amor ao sexo.

Mulher à frente do seu tempo, Hilda Hilst buscava quebrar certos paradigmas sobre os papéis sociais atribuídos aos homens e às mulheres durante o século XX. Entre suas principais publicações, estão “Do desejo”, “O caderno Rosa de Lory Lamby”, “Balada de Alzira” e “Ode Fragmentária”.

Cora Coralina (1889-1985)

Uma fotografia de Cora Coralina.
Reprodução / Cora Coralina / Acervo Museu Casa de Cora Coralina

Cora Coralina foi o pseudônimo de Ana Lins dos Guimarães Peixoto Bretas. Nascida dia 20 de agosto de 1889, em Goiás, Cora Coralina começou a escrever cedo, ainda na juventude, sobre o seu cotidiano.

Publicou o seu primeiro conto, “Tragédia na Roça”, em 1910, no Anuário Histórico e Geográfico do Estado de Goiás. No ano seguinte, casou-se e se mudou para o interior de São Paulo. Em 1934, após o falecimento do marido, Cora Coralina passou a produzir doces para vender e sustentar os quatro filhos.

Apesar de ter escrito durante toda a sua vida como forma de se expressar e registrar a própria vida, teve o seu primeiro livro publicado somente em 1965, com 75 anos, nomeado “O Poema dos Becos de Goiás e Estórias Mais”.

Cora Coralina se destacou pela qualidade e simplicidade do seus trabalhos. Seus contos foram reunidos em outros livros e os mais famosos são “Estórias da Casa Velha da Ponte” e “O Tesouro da Casa Velha”.

A importância dessas escritoras para a literatura nacional atravessa décadas. É fundamental conhecermos o trabalho dessas mulheres dentro da literatura e valorizá-lo. Suas prosas, crônicas e poesias retratam a vida de um ponto de vista que foi, por muito tempo, ignorado pela sociedade patriarcal.

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Assim, que essas e tantas outras autoras contemporâneas incentivem cada vez mais gerações e continuem abrindo caminho para as próximas grandes escritoras brasileiras que ainda surgirão.

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